quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 2

Ele conversou comigo mais do que o habitual, perguntou se eu queria assistir um filme com ele na TV, mas quando viu minha cara de susto, disse que era melhor fazer isto quando fosse final de semana e eu não tivesse que acordar cedo para ir para a aula. Ótimo, ele nem sabia que as aulas tinham acabado hoje, desinformado. Agora que sabia o que meu pai era, isso me fazia pensar, ele era mesmo desligado na minha vida ou fazia essas coisas de propósito, para ver se eu mentiria?! Acho que nunca saberia a resposta disso.
Conversei com meu pai sobre o acantonamento e o fim das aulas e ele assinou minha autorização, disse que era um presente por ter passado de ano, mas mesmo que ele não assinasse isso não seria um problema para mim, em geral falsificava a assinatura dele e pronto, problema resolvido. Ele nunca estava em casa para assinar nada mesmo, aprendi a fazer a assinatura dele com seis anos. Fui dormir cedo, tive aquele maldito pesadelo de novo, isso estava cada vez mais freqüente. Acordei angustiada, passava o resto do dia mal, quando sonhava com aquilo.
Levantei um pouco mais tarde, essa vida boa acabaria com o trabalho na academia, mesmo sendo meio período, na cozinha meu pai havia deixado um bilhete.

Jasmim
Estou indo fazer uma viagem um pouco mais longa, voltarei somente no final da próxima semana.
Deixei mais dinheiro para você.
Cuide-se.


Ótimo. Estava ficando bom demais para ser verdade, ele teria ido viajar mesmo ou caçar meu namorado pela cidade?! Droga. Me arrumei, ia para a casa da Ana, fazer o “esquenta” para o acantonamento, seja lá o que isso signifique.
Cheguei apenas uns dois minutos antes que os meninos, que também iam para lá, eles estavam andando só de ônibus, por causa do meu pai, o carro dava muita bandeira.

- Bom dia meninas. - O Danny me deu um beijo no rosto e seguiu para cumprimentar a Ana. Gabe também me deu um beijo, mas não foi no rosto. – Combinando como se esconder das nossas historinhas de terror?

- Isso não tem graça. – Sai da rodinha. Só a Ana entendeu minha atitude, havia contado sobre meu pai estar fazendo uma longa “viagem” para ela. Isso estava me apavorando.

- O que houve Jasmim? – Nem havia percebido Gabe atrás de mim.

- Nada Gabe, só não estou muito animada. – Menti talvez ele devesse saber sobre meu pai, mas e se ele resolve caçá-lo também?!

- Por quê? Se você quiser ficamos na sua casa e... – Não o deixei terminar.

- Não tem nada a ver com o acantonamento.

- Então qual é o seu problema?

- Gabe... Tenho fortes motivos, fortes mesmo para achar que meu pai, está caçando essa semana. – Contei, ele tinha que se proteger, os outros tinham que se proteger.

- Como? – Gabe estava meio pálido, mas não entendi bem essa reação, ele sabia o que meu pai era. O que ele esperava?!

- Gabe.

- Preciso falar com Danny. Precisamos avisar aos outros.

- Não Gabe. – Eles matariam meu pai.

- Eles precisam saber Jasmim. – Gabe havia me contado tudo após aquele maldito jantar, o porquê de ter namorado a Samara e sobre o chefe dos caçadores, eles fariam picadinho do meu pai.

- É o meu pai.

- Droga Jasmim. – Ele ponderou um pouco. – Certo, vou ligar para casa e dizer que senti a presença de um caçador, para todos ficarem atentos, não vou mencionar seu pai.

- Obrigada. – Aquilo foi um alivio, mas sabia que isso não iria durar, se meu pai achasse os outros sugadores, eles saberiam sua identidade e tudo estaria perdido.

- Vamos superar isso. – Esperava que ele tivesse razão. Gabe e Danny foram assistir TV a Ana me puxou para o seu quarto.

- Acaiah. Estou perdida.

- Quem está afim de você? – Geralmente o assunto era esse, a Ana passava mel, não era possível. – Ou o que o Danny não fez?

- Mais ou menos isso Acaiah, não to acostumada com abstinência. Ontem o Taylor veio fala comigo no msn a noite, falou que ia no acantonamento e que faria de tudo para que pudesse dormir do meu ladinho.

- Ana, você está brincando com fogo.

- Não estou não Acaiah. Não estou dando moral para ele, mas o menino grudou agora.

- Se livre dele Ana, isso vai dar merda...

- O que vai dar merda Ana Paula? – Perguntou o tio Roberto.

- Nada pai. A Acaiah que está de má vontade com o acantonamento. – Ela fazia cara de brava para mim, como eu ia saber que ele já havia chegado em casa?!

- Então meninas animadas para uma noite na escola? – Dizia a tia Su, logo atrás dele.

- Ô. Se a Ana não me forçasse quase que sob tortura, passaria a noite na minha casa tia.

- Ah Jasmim, vai ser divertido. – Disse a tia Su.

- Claro que vai. – A Ana respondeu.

- Quem vai estar lá de responsável? – Perguntou tio Roberto.

- A nossa coordenadora e o professor de física. – Para quem visse aquela cara da Ana, podia jurar que ela era uma boa menina.

- Excelente. – Excelente?! Ele era doido, aquilo não impediria a filha dele de fazer asneiras.

A Ana quis saber que pijama eu tinha levado, assim que seus pais saíram do quarto, em casa havia pensado em levar meu pijama de sapinho, mas o Gabe quase me deixava louca em algumas ocasiões e ele me dizia que eu também o enlouquecia e olha que nem me empenhava nisso, muito.
Na hora de escolher, pensei em tudo o que a Ana falou sobre ela e o Danny e resolvi ousar, coloquei na bolsa um pijama de seda preto, com algumas rendinhas, que a Ana me deu de presente. Era realmente bem sexy e ao mesmo tempo comportado, assim que ela viu meu pijama exclamou “É disso que estou falando”.
Arrumamos, travesseiros e cobertas, inclusive para os meninos, a Ana tinha uma verdadeira coleção de colchões de ar, isso garantiu a noite de todos ali.
Coloquei também na minha mochila em casa uma roupa extra, para o dia seguinte, fomos uns dos primeiros a chegar ao colégio, a Coordenadora veio nos receber e nos encaminhou para a sala para deixarmos nossas coisas. A turma seria dividida, ficando as meninas em uma sala com a coordenadora e meninos em outra com nosso professor.
Aos poucos todos foram chegando, ficamos as duas jogando vôlei com as meninas na quadra, em geral as meninas do vôlei se socializavam muito bem e mesmo sem saber o apelido “carinhoso”, elas também não gostavam das Glitter. Paramos de jogar, nem percebi que já estava começando a escurecer.

- Ana, você viu o Danny e o Gabe por ai? – Onde aqueles dois estavam afinal?!

- Não Acaiah. Daqui a pouco eles aparecem. Vamos lá dentro, preciso passar um remédio na minha perna, ela está me matando.

- Ana, a sedentária dessa dupla sou eu!

- Você? Não mais minha cara. Estou realmente impressionada, as aulas do Gabe estão fazendo efeito com você. O que mais vocês andam fazendo como exercício?

- Engraçadinha. – A Ana só pensava nisso?!

Entramos no quarto improvisado que era uma sala de educação fundamental com janelas bem grandes e desenhos colados nas paredes, no térreo, no final do corredor. Havia duas meninas lá ajeitando as suas coisas, provavelmente tinham acabo de chegar. A Ana passou um spray com um cheiro mentolado muito forte nas pernas e ajeitamos nossos colchões perto das janelas, um do lado do outro, colocamos os lençóis e deixamos nossas malas do lado de um armário.
A Ariel chegou logo em seguida e colocou seu colchão embaixo dos nossos, a Ana já estava bufando. As Glitter se posicionaram estrategicamente do outro lado da sala, com vista para o corredor.

- Credo Ana, você vai infestar a sala toda com esse cheiro. – Reclamou a Ariel.

- Quem sabe assim algumas sanguessugas aqui não morrem, não é?

- Sanguessugas no colégio? Que horror! – Essa garota era burra como uma porta. Ela saiu da sala, junto com as Glitter, só ficando a Ana e eu lá.

- Faz uma massagem no meu ombro? – Pediu a Ana. – Preciso relaxar.

- Você está muito folgadinha Ana. - Sentei no colchão dela, ela sentou entre as minhas pernas e comecei a fazer a massagem, modéstia parte tinha mãos muito boas para isso.

- Acaiah, você é meu anjo da guarda.

- Que inveja. - Olhamos para a porta e o Taylor entrava na sala - Queria ser as suas mãos Jasmim.

- Oi Tay, quanto tempo você não me dirige a palavra hein. – Mentirosa, ela havia falado com o cara pelo msn.

- Pois é, andei meio insociável, desculpe. – Tinha que dar o braço a torcer, estudávamos só com caras gatos, mas aquilo não acabaria bem. - O Teddy está chegando ai também. Seu novo amigo ele não é?!

- É sim, o Teddy é gente boa. – Respondi, já que ele havia falado comigo.

- Ele é mesmo. E você querida qual o motivo desta dor toda? - Ele se ficou na frente da Ana.

- Vôlei... – Ela disse fazendo biquinho.

- Hum, também quero uma massagem - Ele virou e sentou no meio das pernas da Ana. Ela me olhou e eu realmente não sabia o que dizer. O Taylor era desconcertante. Tinha o cabelo ondulado preto e um corpo de deixar muita menina babando.

- Taylor para! – Disse uma Ana pouco convincente.

- Ah Aninha, pelo menos um cafuné vai. - Ele foi se aninhando entre as pernas dela e fez uma cara de cachorro carente, teria sido engraçado se não tivesse sido trágico. - Em nome da nossa velha e boa amizade vai, você tem as melhores mãos do mundo. Faz um carinho Aninha...

- Você é uma comedia Taylor, acho que era por isso que gostava de você. – O que a Ana estava fazendo?!

- Não era só por isso Aninha lhe garanto. - Eles sempre me deixavam extremante constrangida quando começavam com estas conversas subentendidas.

Aquela altura já estava jogada no travesseiro, com a Ana deitada no meio das minhas pernas e o Taylor deitado no meio das pernas dela. Ela dava tapinhas no ombro dele.

2 comentários:

  1. Ah, que legal o seu blog. Procurei tanto blogs como o seu e como o meu. Gostei muito de como você escreve, é bastante atraente para quem lê. Parabéns. Bom, te convido a visitar o meu POET (Pages Of Erased Text) http://pagesoferasedtext.blogspot.com/. De lá você pode ir ao “Illegitimate” novel. Espero que goste. Parabéns pelo blog. Cuide-se.

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  2. Indique 3 desenhos, 3 séries de TV e 3 filmes que mais marcaram a sua vida (novos ou antigos),ok? Envie sugestões para machadocultural@gmail.com

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