domingo, 29 de maio de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 1

A Ana e eu estávamos sentadas, na sala da diretora, aguardando-a corrigir nossas provas, perdemos muitos dias de aula, por causa do suposto seqüestro da Ana. Tia Su, convenceu a diretora a nos deixar fazer os exames finais depois da turma toda e estávamos ali, esperando para ver se reprovaríamos ou não.
O engraçado era que reprovar ou passar, não era o que passava pela minha cabeça no momento, já fazia uma semana desde aquele bendito jantar e as palavras do meu pai ainda ecoavam na minha cabeça. Será que meu pai sabia sobre o Gabe ou sobre o Danny?! Não sei como a Ana conseguia lidar com aquilo tudo, talvez seja eu, que não sei lidar com nada. A diretora nos olhou.

- Bom as provas não foram das melhores meninas, mas levando em conta tudo o que passaram, os professores e eu decidimos aprovar vocês duas, contanto que ano que vem o esforço seja dobrado.

- Aí que alivio. – Exclamou a Ana.

- Também estão liberadas para ir ao acantonamento. – Nossa diretora tinha um cabelo, quer dizer uma juba de leão gigante e aquele ar de seria dela, não combinava com aquela coisa louca em cima da sua cabeça.

- Jura? – Perguntou a Ana, a diretora fez que sim com a cabeça. – Não é perfeito Acaiah?

- Muito. – Respondi e sai da sala, a Ana veio dando pulinhos pelo corredor enquanto me seguia.

- Acaiah! Teremos um acantonamento nessa sexta. - Ela batia palminhas como se fosse uma criança.

- O que é esse negocio afinal? – Perguntei com pouca vontade.

- Aff Acaiah... Significa que vamos dormir no colégio, a nossa turma, uma professora e a coordenadora!

- Por quê?

- Acaiah?! Porque sim, para se divertir ué!

- Interessante. – Não achava nada interessante.

- Interessante? É mais que perfeito Acaiah. O colégio todo nosso por uma noite. Pensa na bagunça. - A Ariel apareceu do nada.

- Gente, vocês viram que confirmaram o nosso acantonamento para amanha? Vocês vêm né? - A Ana ainda não engolia a Ariel e ela não conseguia disfarçar, tive que intervir.

- A Ana me contou. Claro que a gente vem. – Minha voz saia sem motivação alguma.

- Vamos Acaiah, preciso ir à biblioteca. – A Ana segurava meu pulso firmemente.

- Biblioteca? - Ela me olhou com aquela cara de "sem perguntas" - Claro. Até mais Ariel. - Fugimos para a área externa do colégio.

- Não suporto essa pequena sereia. – A Ana Paula fungava.

- Eu sei. - Só conseguia rir, era bom fazer isso, mesmo com tudo o que estava acontecendo. Sentamos em um muro próximo da pré-escola.

- Não sei qual é a graça. Queria ver se fosse o Gabe no lugar do Danny.

- Isso não seria engraçado. Ela é muito abusada.

- Quem é muito abusada? - Dei um pulo ao ouvir Danny perguntando por trás da Ana, ela teria caído do muro se eu não a segurasse. Gabe também apareceu. Eles estavam em um local fora da nossa visão, do outro lado do muro.

- Idiota. Você quer me matar do coração? - A Ana perguntava toda sem graça.

- Sabia que é muito feio ficar ouvindo a conversa dos outros? – Reclamei. Eles saíram de lá e ficaram na nossa frente.

- É mesmo? - Gabe me olhava daquele jeito que me deixava doida.

- Vocês vêm no acantonamento? – Perguntou o Danny.

- Claro Danny, a Acaiah e eu não perdemos uma dessa de jeito nenhum.

- Não sei por quê. Qual a graça de passar a noite no colégio? - Gabe dizia vindo sentar logo atrás de mim.

- Bom, porque podemos fazer bagunça em um local onde em geral somos bem comportadas, contar historinhas de terror... – Dizia a Ana. - Se bem que historinhas de terror com vocês não deve ter a menor graça.

- Ah tem sim. - Danny dizia olhando para Gabe. - Já comecei a gostar dessa historinha de acantonamento, acho que elas não vão conseguir dormir não é Gabe?

- Tenho certeza que não. – Gabe disse isso no meu ouvido, um arrepio enorme percorreu meu corpo.

- Realmente não tenho medo de vocês. Vamos Acaiah, nosso intervalo já esta acabando.

- Falou à menina que não gazeia aula né meu anjo. – Após dizer isso Danny deu um selinho na Ana.

- Sou uma ótima aluna Danny, fui seqüestrada lembra, por isso fiz as provas hoje e depois não é porque este é o último dia de aula, que vou gazear, a não ser que a Acaiah queira invadir a casa da Glitter de novo.

- Muito engraçado Ana. – Ela me infernizaria, para sempre por causa daquilo.

- Vamos indo nós dois. - Danny abraçou a Ana e foi a levando para longe. – Quero você um pouco só para mim.

- Então não seria engraçado se a Ariel fosse apaixonadinha por mim é? - Ótimo... Ele estava ouvindo tudo.

- Não seja convencido Gabe, só estava sendo solidaria com a Ana.

- Sei...

- Você vem nesse tal acantonamento? – Desconversei.

- Você vem?

- A Ana não me deixaria em casa, então sim e você?

- Jasmim, você ainda não aprendeu - Ele dizia enquanto levantava - Estarei onde você estiver. Vamos ou vão nos caçar pelo colégio.

- Péssima escolha de palavras Gabe.

A Aula seguiu sem nenhuma novidade, todos conversavam, esse era o melhor dia de aula em minha opinião, o último. A coordenação avisou que no próximo ano o layout da sala mudaria, agora todo mundo conseguiria se ver, íamos sentar em formato de U. Muita gente reclamou. Eu não.

- Acaiah, quer que eu traga um colchão para você também? – Perguntou a Ana.

- Como? – Do que ela estava falando?!

- Como o que? Acaiah vamos ligar esses neurônios, por favor. Amanhã, dormir, colégio, colchão, meu pai, carro. Isso faz algum sentido para você?

- Ah sim claro. O tio Roberto vai trazer você e suas coisas?

- Sim, posso passar na sua casa e se quiser trago um colchão a mais para você.

- Pode ser Ana, ia ficar mesmo complicado trazer de ônibus.

- Ia ser impossível isso sim, mas acho que o Gabe traria para você de qualquer maneira. – Ela deu um sorrisinho malicioso.

- Ele não está mais usando o carro, para não chamar a atenção, voltou a usar o ônibus escolar. – Ainda mais agora que meu pai estava de olho nele e como não estava mais namorando a Samara, não tinha mais a carona do pai dela.

Assim que a aula acabou fomos embora, a Ana foi para a minha casa, fomos nós três no ônibus, mas ela dominou a conversa. Chegamos à minha casa só ela e eu, fiz um almoço rápido e nos jogamos no sofá, liguei a TV. A Ana ligou para a tia Su, para contar que havíamos passado e já falar do tal acantonamento. Assim que ela desligou seu celular, se virou para mim.

- Acaiah... Você e o Gabe não foram adiante?

- Como assim Ana? – Lá vinha besteira.

- Há, tipo vocês ainda não fizeram... – Como se eu tivesse cabeça para isso nos últimos dias.

- Não. Não... Ainda sou virgem amiga e você sabe que o dia em que acontecer, vai ser a primeira, a saber. – Disse a ela.

- É eu sei, mas isso está meio parado né... - Ela se jogou no meu colo. - Poxa vida, já era para ter acontecido, pelo menos comigo. – Ah esse era o problema, Danny.

- Ana, vocês estão juntos há pouco tempo, só isso.

- Mais mesmo assim, ele já foi altas vezes na minha casa, na minha cama e nada. – Ela suspirou e continuou. - Quando tento ser ousadinha ele me corta. Esses dias esperei ele com aquele meu baby doll branco de rendinha, ele entrou pela janela do meu quarto e deitou do meu lado, me abraçou e nada. Absolutamente nada. Levantei e fui ate o banheiro porque achei que ele não tinha reparado, mas quando voltei, ele fez de conta que não viu. Sei lá. Acho que ele não me deseja... Não do mesmo jeito que eu...

- Ana... O Danny é meio serio, não é isso. – Ela já devia saber como o Danny funcionava.

- Até o cara mais serio perderia a linha. Ele fala que não é correto e que temos que casar e todo aquele bla bla bla. Gosto muito dele, mais fica difícil. Esses dias o Taylor apareceu lá em casa.

- Capaz. – Taylor era um menino da nossa sala que a Ana já havia pegado. Ele a largou em um dia e pegou uma das Glitter no outro. – O que ele queria?

- Então... Ele chegou lá, entrou porque sabia que não tinha ninguém em casa naquele horário. Perguntou se eu tava namorando, falou que sentia saudades de mim e eu subindo pelas paredes.

- Você ficou com ele? – Meu Deus ela era doida... Como ela poderia trair o Danny...

- Não... Mas me deu vontade. Amiga eu amo o Danny, mas tenho minhas convicções. Um homem que me faça feliz, precisa me completar e o Danny não está me completando, sinto falta de relações mais calientes, não estou acostumada com essa abstinência. Não sei nem mais para onde correr...

- Para um sex shop? – Perguntei.

- Acaiah! – Caímos na risada. – Não estou tão desesperada assim.

A Ana foi para casa logo depois, meu pai chegou de viagem em seguida, não conseguia nem olhar na sua cara.

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