sábado, 16 de julho de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 6

Pena que aqueles risos não tinham efeito prolongado, porque queria muito me sentir feliz plenamente de novo.

- Não sei qual é a graça Acaiah. – Disse a Ana, já ficando emburrada.

- Você o provocou Ana Paula, essas coisas tem conseqüências sabia? – Disse diminuindo o riso.

- Sim, sabia que teria conseqüências, mas não imaginei que seria daquele jeito.

- Ana vamos voltar não estou mais a fim de brincar. – Já saiamos da sala de música, quando a Samara passou correndo por nós.

- Trinta e um da Jasmim e da Ana.

- Estamos fora. – Exclamou a Ana. Sei lá se a ruiva ouviu, porque saiu correndo.

Caminhamos até a cantina novamente, Danny e Gabe já estavam lá e não gostei da cena que vi, nenhum pouco.
A Samara estava pendurada no pescoço do Gabe e para piorar ele estava deixando.

- Isso vai melar nosso acantonamento, não vai? – Perguntou a Ana, assim que viu a mesma coisa que eu.

- Pode apostar nisso. – Minha raiva era tão grande, meu ciúme tomava conta de mim. Nos aproximamos deles. – Perdi alguma coisa? – Perguntei fuzilando Gabe com os olhos.

- A Samara está com câimbra. – Disse Danny. Olhei rapidamente para ele, como quem diz “cale essa maldita boca”. – Ela está esperando passar.

- Que câimbra longa. – Meu corpo todo tremia, mas quando você acha que está tudo uma merda, acontece algo para piorar.

Por algum motivo a Samara começou a chorar, na verdade a menina soluçava e Gabe afagava seu cabelo ruivo, com tanto carinho que quase vomitei. Estava cansada de brigar, cansada de nunca entender os atos de Gabe, me virei e fui para a sala, onde estavam nossos colchões, ninguém me seguiu, a Ana ficou lá de boca aberta com a cena, entrei na sala peguei minha mochila e fui para um dos banheiros, me troquei e coloquei a porcaria do pijama sexy que havia levado, queria acender uma fogueira com ele, voltei para a sala, joguei a mochila no chão, deitei, me cobri e comecei a chorar em silencio.

- Posso saber o porque do choro? – Gabe estava deitado atrás de mim, mexendo em meu cabelo.

- Use a imaginação Gabriel. – Disse com raiva, mas não queria que ele fosse embora, só estávamos nós dois lá, parece que ninguém queria dormir aquela noite.

- Aquilo não foi nada Jasmim.

- Não me pareceu nada.

- Mas era... A Samy... – Samy?! Ninguém merece. – Ela não é tão ruim quanto parece ou o quanto ela se esforça para ser...

- Não? Ela leu o diário da minha mãe para a sala toda ver, ela namorou você...

- Então esse é o problema? Nós dois termos namorado? – Ele estava rindo, cínico.

- Claro que esse é o problema, você estava todo carinhoso com ela. – Me virei para ficar de frente para ele.

- Ao contrario do que você pensa não gosto de ser a causa das tristezas dos outros.

- Você se alimentou dela alguma vez? – Logo que ele tocou no assunto tristeza, isso me passou pela cabeça. Ele não disse nada. – Responda Gabe.

- Não. – Ele começou a passar a mão no meu cabelo, cada toque dele, fazia meu corpo todo se arrepiar. – Não te dei isso à toa Jasmim. – Ele disse segurando o pingente que havia me dado de aniversario.

- Michael disse que era...

- É o símbolo do meu chakra, geralmente só entregamos a esposas ou noivas e as mulheres entregam a seus maridos os delas. – Ele ainda mexia naquele pingente, que era meio estranho. – Você é meu amor, para sempre, nunca entreguei isso a ninguém, nem... Você é a primeira e a ultima que terá isso.

- Não gosto de ver você com ela.

- Eu sei, vou ficar o mais longe possível da Samara. Melhor assim?

- Melhor. – Respondi, tentando esconder o sorriso enorme que brotava em meu rosto.

- Isso aqui logo vai estar lotado de adolescentes chatas.

- E?

- E... Que esse seu pijama é uma tentação. – Sorri para isso.

- Se ele for o problema...

- Não me provoque Jasmim.

- Não estou. – Estava sim. – Ia dizer que poderia trocar de roupa e por outra coisa.

- Assim está muito bom, não precisa trocar. – Ele começou a me beijar e logo já estava no meu pescoço, mordendo a minha orelha. Estava ofegante, segurei seu cabelo e o puxei para a minha boca. Ele ficou em cima de mim, coloquei minhas mãos por dentro da sua camiseta e explorei suas costas, seus ombros largos, seu peitoral.

- Não acredito nisso Gabe. – Primeiro pensei que fosse nossa coordenadora, mas logo reconheci a voz esganiçada da Samara. Gabe levantou e ficou de pé, se ele fosse atrás dela, juro que o matava. – Como você pode fazer isso comigo?

- Desculpe Samara, mas estou com a Jasmim agora. – Não acreditava naquilo, ele havia assumido que estava comigo. – Estamos namorando e...

- Não acredito que me trocou por ela. – A Samara saiu correndo, dali a três segundos, nossa turma toda saberia que estávamos namorando.

- Gabe ela vai contar para todo mundo.

- Espero que sim.

- Como assim? O Luke disse...

- O Danny e a Ana já assumiram. A merda já está feita. – Não gostei muito desse comentário dele. – Alem disso nunca fui muito bom em seguir ordens mesmo.

- Acho melhor não ficarmos aqui, ela vai contar para a coordenadora e logo ela estará aqui.

- Sim, vamos para a cantina. Droga.

- O que foi?

- O idiota do Teddy vai ficar louco, com você vestida assim. – Até que gostei de vê-lo com ciúmes, meu pijama era sexy, mas comportado ao mesmo tempo e varias meninas já estavam de pijama, então fui para lá assim mesmo e Gabe tinha razão, Teddy já estava ao meu lado.

- Menina você arrasa. – Disse ele me abraçando. – Parabéns Gabe, você tem bom gosto.

- Valeu cara. – Respondeu Gabe e aquela cara me parecia de orgulho.

- Galera olha que casal bacana. – Gritou Teddy, meu rosto ficou vermelho, mas estava muito feliz de verdade, Gabe ficou do meu lado e entrelaçou sua mão na minha.

- Posso matá-lo agora. – Sussurrou Gabe para mim.

- Melhor não. – Respondi a brincadeira. A Ana nos olhava com um sorrisão nos lábios, Danny também me parecia feliz, mas encostada em um canto, com o rosto vermelho de tanto chorar estava a Samara, rodeada pelas duas outras Glitter, senti pena dela, minha alegria custava à infelicidade dela e não gostei dessa sensação.

Quase ninguém dormiu, poucos pessoas foram deitar, ficamos todos espalhados pela cantina, conversando, eu fiquei com a cabeça no colo de Gabe, ele mexia em meu cabelo, mas aquilo não me deu sono, me deu paz, com ele perto sempre me sentia em paz. Queria que ele fosse um menino normal, queria que meu corpo não me traísse tanto assim, embora Gabe estivesse ignorando esses sinais, ele sabia tão bem quanto eu que a coisa não acabaria bem. Então porque não abríamos mão um do outro, seria mais fácil, difícil era ter coragem para isso, preferia cinco minutos do lado dele, do que nunca te-lo. Viramos a noite assim, a Ana e o Danny ficaram abraçados o tempo todo. Pela manha todos foram para frente do portão da escola, a maioria esperando seus pais ou alguém que fosse buscá-los, estávamos esperando o tio Beto.
Ele não demorou a chegar todos entramos no carro e ficamos em silencio, éramos dois casais estranhos, nosso namoro envolvia sugadores, caçadores, meninas que matam sugadores sem explicação, mas ainda éramos adolescentes, embora alguns ali naquele carro, fossem adolescentes a muito tempo, ainda éramos jovens.

- Jesus Jasmim, esperasse chegar até em casa. – A Ana disse, se referindo ao cheiro de esgoto dentro do carro, tio Beto estava passando ao lado de um centro de tratamento de esgoto.

- Desculpe amiga não deu para segurar. – Todos caíram na risada.

- Ana Paula. – Disse tio Roberto tentando repreende-la, mas sem sucesso já que estava rindo também. No fundo éramos apenas adolescentes.

O Ultimo Olhar Capítulo 5

Que ótimo ia ter que assistir aquilo de camarote, lá estava a minha melhor amiga provocando o seu namorado.

- Não Danny não gosto do Taylor, mas...

- Mas o que Ana?

- Sei lá, quando nós ficamos ele tinha pegada sabe?! – Meu Deus, foi só o que consegui pensar.

- Pegada?

- É. Pegada Danny, sei que você não sabe o que é isso, mas eu gostava disso nele... – Danny começou a rir. – Qual é a graça Daniel?

- Você acha que agüenta comigo?

- Do que jeito que a coisa vai, acho que é você que não agüenta comigo. – Disse a Ana.

A cena a seguir foi inacreditável, ele não a deixou dizer mais nada, colocou a mão envolta do seu pescoço e a levou assim até chegar a uma parede, a prensou lá e não tirou a mão do pescoço dela.

- Da próxima vez que for provocar um homem, tenha certeza que agüenta o tranco depois Ana Paula. – Ele a beijou violentamente, tirou a mão do pescoço dela e passou para seu cabelo, ele literalmente puxava o cabelo da Ana e a pressionava contra a parede usando seu corpo, a Ana só respondia o beijo, seus braços estavam largados ao lado do seu corpo. – Isso é para você aprender a não brincar com fogo... – Ele dizia segurando o cabelo dela a fazendo o encarar, ela estava em choque. – Te desejo sim, sei bem como satisfazer você, só não acho que esteja na hora, deu para entender agora Ana? – Ela não respondeu. – Perguntei se deu para entender.

- Deu. – Foi só o que ela respondeu.

- Ótimo, agora vamos arrumar outro lugar para nos escondermos aqui é muito a vista.

Eles saíram de lá, tenho que confessar que minha boca estava seca, o que foi aquilo, nossa Gabe estava no chinelo agora, bom não estava, mas a cena tinha sido forte. Não conseguia imaginar esse lado do Danny. Bem feito para a Ana, cutucou o menino até ele explodir, imagina comentar que o Taylor tinha “pegada” se tinha eu não sabia, mas com certeza Danny tinha mais, bem mais.
Acabei saindo do arbusto, muita falta de vergonha na cara da minha parte, já que não sai dali enquanto Danny dava um show, mas minhas pernas estavam doendo de ficar agachada, fui pelo lado escuro da biblioteca, tinha algumas mesas lá, senti alguém me agarrar pelo braço e tampar minha boca, tentei espernear, mas por causa do susto, estava mole.

- Não precisa ter medo. - Gabe sussurrou em meu ouvido. Amoleci de alivio em seus braços.

- Gabriel, você quase me matou. – Reclamei.

- Vem, vou te levar em um lugar.

- Hey, mas estamos brincando...

- Isso vai ser melhor lhe garanto.

Corremos para a sala de musicas, sabia que Gabe não tinha a chave, mas era obvio, que ele não precisava ter a chave para entrar em lugar nenhum, em pouco segundos ele conseguiu destravar a porta, com dois araminhos. A sala estava escura e o piano reluzia com uma fresta de luz que entrava pela cortina.

- Gabe estava...

- Não te perdi de vista Jasmim. - Ele disse me encostando na parede. Ele me beijava de uma forma tão doce e ao mesmo tempo era como se o mundo fosse acabar. Nossos beijos sempre eram perfeitos. – Jamais lhe deixaria sozinha com um sugador a solta.

- Então você viu o Danny e a Ana?

- Vi. Agora quem sabe a Ana se acalme um pouco.

- Quem sabe. – Respondi, pensando quem sabe você pudesse fazer algo igual, estava com saudade, de ter esses “pegas” com ele. Desde que descobrimos sobre o meu pai, as coisas estavam mais calmas nesse aspecto.

- O que foi?

- Nada.

- Jasmim... Você ficou com ciúme da ceninha do Danny e da Ana?

- Não. – Queria dizer sim. – Claro que não.

Gabe me jogou no piano e me fez sentar nele, ele beijava cada milímetro do meu pescoço, suas mãos passeavam entre meu quadril e minhas coxas, seu corpo estava prensado ao meu, ele se encaixava no meio das minhas pernas, sentia o desejo exalando do seu corpo, comecei a tirar sua camiseta e ele se afastou.

- Gabe o que houve?

Ele caiu no chão e se contorcia, sabia o que era aquilo, Gabe precisava se alimentar e fazia muito tempo que ele não se alimentava de mim, mas a idéia não me agradava nem um pouco.

- Saia daqui. Agora. – Disse Gabe, mas de quem ele se alimentaria, se não fosse de mim?!

- Não adianta mais correr Gabe, sabemos que não está funcionando com outras pessoas, você precisa se alimentar de mim.

- Preciso. De. Muito. – Doía vê-lo assim, com dor, precisando de algo que seu corpo não poderia lhe dar.

- Está tudo bem, você vai conseguir parar. – Não sabia disso, mas precisávamos tentar.

Gabe abriu suas pálpebras, revelando aqueles olhos brancos e essa vez foi um milhão de vezes pior que as anteriores, como se ele sugasse minha alegria em dobro, mal conseguia respirar, Gabe parou, não sei se era o bastante para ele, mas realmente se fosse necessário mais, eu estaria bem encrencada, aquilo era o meu limite.
Varias sensações inundavam meu corpo, mas nada parecido com as outras vezes em que havia sido sugada, isso era diferente, mas nem tanto, reconhecia alguns daqueles sintomas, meus músculos começaram a enrijecer, meu corpo sofria espasmos, um nojo tomava conta de mim, muita raiva, meus olhos doíam, muito. Gabe se aproximou de mim, mas queria que ele estivesse a quilômetros de distancia, era uma sensação estranha, mas queria ficar longe dele.

- Jasmim...

- Não olhe para mim. – Eram as mesmas coisas que senti antes de matar Michael, mantive meus olhos fechados.

- Pode abrir os olhos, já...

- Não é você Gabe, sou eu. – Ele pareceu entender o que estava acontecendo.

- O que faço? O que posso fazer?

- Fique longe de mim, saia daqui. – Ele não discutiu, nem hesitou, saiu da sala de musica, me deixando lá sozinha, assim que a porta se fechou atrás dele, senti tudo melhorar, mas isso não era muito bom, porque agora sentia a tristeza que Gabe havia despejado em mim.

Isso estava ficando cada vez melhor, agora tinha alergia ao meu namorado?! Era só o que me faltava. Consegui sentar e abrir meus olhos, a sensação de ser sugada por Gabe era semelhante aquela que temos, quando estamos indo a algum lugar e parece que esquecemos algo, me sentia triste ao extremo, só não conseguia me “lembrar” do porque estava assim. Fiquei lá até me sentir melhor, na medida do possível, levantei e sai da sala, do lado de fora, agachado, segurando a cabeça com as duas mãos estava Gabe. Me ajoelhei ao seu lado e coloquei minha mão sobre as suas.

- Estou bem. – Disse a ele. – Como você está?

- Bem melhor, mais forte. Preocupado. – Ele suspirou e me encarou. – Você sabe que só pode matar um sugador se ele estiver se alimentando ou com os olhos brancos, não estava mais assim Jasmim, não havia riscos para mim.

- Então porque saiu de lá?

- Porque senti sua sinceridade, você realmente me queria longe. – Pensei em dizer que era mentira, mas Gabe como um sugador sabia o que todos sentiam, não adiantaria mentir, porque naquele momento realmente o queria longe.

- Gabe...

- É impossível, não existem caçadoras, são todos homens. O que você está se tornando?

- Não sei, mas vamos descobrir juntos o que fazer. – Queria muito acreditar nas minhas próprias palavras.

- Sim vamos. – Estávamos perdidos e não tínhamos a quem recorrer. A Ana e o Danny se aproximaram de nós.

- Gabe a brincadeira já recomeçou, agora a Samy está contando. – Disse Danny. Glitter monga foi a primeira a ser pega.

- Jasmim vá se esconder com a Ana. – Gabe estava com o olhar distante.

- Não quero mais brincar. – Reclamei.

- Precisamos manter as aparências, depois dessa rodada paramos. – Ele e Danny, saíram para um lado, a Ana e eu ficamos lá pela sala de musica mesmo, não ia me esconder em outro lugar, não tinha cabeça para isso.

- O gato comeu sua língua Ana? – Ela estava muito quieta. – O que foi?

- Danny. – Foi só o que ela respondeu, logo associei a cara dela com a cena que tinha visto dos dois.

- Eu vi. – Disse a ela, a Ana me olhou com alivio, como quem diz “então você sabe do que estou falando”.

- Acaiah... – Ela estava transparente. – Aquilo foi tão... Tão... Nossa não sabia que ele era capaz daquilo tudo. Nunca fiquei com ninguém assim, nem de longe, serio. Acho que me assustei. – Sabia que ela estava falando serio e apesar da tristeza imposta por Gabe, cai na gargalhada.

O Ultimo Olhar Capítulo 4

Eram problemas demais para serem resolvidos, era exigir muita maturidade dos meus 16 anos, queria ir para outro planeta, só Gabe e eu, queria fugir disso tudo, mas não podíamos fugir do que ele era, estávamos ignorando os sinais, de que algo ruim estava prestes a acontecer e isso era um erro, dos grandes.

- Vamos indo. - Gabe disse segurando na minha mão, estava me sentindo ótima de mãos dadas com o cara mais lindo do mundo. Ele soltou a minha mão assim que nos aproximamos da cantina, mas permaneceu ao meu lado, sentamos juntos e conseguimos disfarçar bem.

A Ariel sentou bem na minha frente e ficamos conversando, na verdade a pequena sereia ficou falando pelos cotovelos, Gabe apenas observava, não falava com ninguém, ele nunca foi de muitos amigos.
Em meio as falas desnecessárias da Ariel, olhei para a ponta da mesa, Teddy estava lá com Taylor ao seu lado, a boca dele estava inchada.

- Você sabe o que aconteceu com ele? - A Ariel comentou, assim que seguiu meu olhar.

- Hã... Não, não faço idéia. – Respondi.

- Me disseram que ele deu de cara na rede de vôlei e caiu de boca no chão. Machucou feio né?

- Pois é. Isso acontece quando as pessoas se metem onde não devem. - Gabe estava dando seu sorriso cínico, era incrível como ele adorava isso, adora ser temido, adorava estar por cima da situação.

As pessoas começaram a cochichar e todos se viraram na direção da porta, olhei para lá também e senti Gabe endurecer do meu lado, “Não acredito” ele balbuciou.

- Impossível. – Disse a Ariel.

Nunca havia visto uma quantidade tão grande de dentes na boca da Ana, tamanho era o sorriso dela. Ela e o Danny estavam entrando de mãos dadas na cantina e sentaram ao nosso lado.

- Então, cadê a pizza? – Perguntou a Ana, como se eles não tivessem feito nada demais. Luke havia nos proibido de assumir o namoro no colégio, já que nossas famílias já sabiam, por ser perigoso demais, nunca se sabe quem é um sugador, nunca se sabe onde os caçadores estão, mesmo meu pai sendo o chefe deles e supostamente não suspeitar de nada poderíamos ser vigiados por outros, assim a Ana e eu corríamos sérios riscos também.

- Vocês estão namorando? - A Ariel mal conseguiu disfarçar a decepção. A Ana olhou para ela e sua satisfação era visível.

- O que você tem a ver com isso Ariel? Ficou com ciúmes? – Disse a Ana.

- Ana se acalme. Já tivemos problemas demais por hoje - Danny disse olhando para o Taylor, a Ana também olhou na direção dele e abaixou a cabeça.

- Não eu... Vocês... Não sabia... – A Ariel estava em choque, todos ali estavam. Apesar dos dois viverem juntos, todos achavam que não passava de amizade.

- Pois é Ariel, estamos namorando. – Ela não se conteve, ela tinha que responder a pequena sereia a qualquer custo. A menina estava pálida.

- Gabe? - Danny o chamou, Gabe não olhava para ele, seu olhar estava perdido em algum ponto atrás de nós. - Preciso falar com você depois.

- Definitivamente Danny, vamos conversar depois. – Disse Gabe olhando para mim e não para o Daniel, porque estava levando a culpa por tudo hoje?!

A Ana estava estupidamente feliz, apesar dos riscos assumidos, apesar de que acho que ela não estava pensando muito nisso, não pude deixar de sentir inveja, queria muito entrar na frente da nossa turma de mãos dadas com o Gabe, sem precisar me esconder, nem disfarçar. Imaginei a cara da Samara se visse essa cena, seria demais, embora a Glitter já estivesse com cara de dor de barriga por ver Gabe ao meu lado, mas ainda não era o suficiente, não depois de tudo que agüentei por causa dela. Sabia que no fundo ela não era culpada, Gabe que não largava dela, por motivos “investigativos”, mas minha raiva tinha que ir para alguém afinal de contas.
Apesar da quantidade absurda de pizza, nenhum de nós comeu muito, bom quase nenhum de nós, porque a Ana comeu de quase passar mal. Nem consegui olhar para o sorvete que serviram de sobremesa, o que estava me deixando mal, não era o fato da Ana e do Danny terem assumido o namoro, meu corpo não estava normal, desde o incidente com o Michael, estava tentando me convencer do contrario, mas algo em mim estava mudando e muito.
Depois que todos comeram, fiquei para ajudar na bagunça, a Ana também estava ajudando, quer dizer se exibindo para todos que vieram falar com ela assim que Gabe e Danny saíram de perto. Tentei me controlar, mas não consegui fui atrás deles. Parei em frente a uma das salas a porta estava fechada e a luz apagada, mas conhecia as vozes lá dentro.

- O que você pensa que está fazendo Danny? – Perguntou Gabe.

- Cara, a Ana estava me cobrando isso...

- Não interessa Daniel. Não era permitido...

- Também não era permitido você se alimentar da Jasmim Gabe e você fez. – Disse Danny.

- Você também se alimentou da Ana. – Afirmou Gabe.

- Uma vez, lá na praia e só. – Sabia, tinha certeza disso. Ele se alimentou dela e depois apagou sua memória. – Você fez mais de uma vez e olha só no que deu. – Do que ele estava falando?!

- Cala a boca Danny, estou bem.

- Está merda nenhuma, não consegue se alimentar de mais ninguém. Todos em casa sabem disso... O que vai fazer agora Gabe? Vai matar a Jasmim do mesmo jeito que matou a...

- Não ouse falar disso Daniel. – Gabe parecia muito irritado. Tentava lidar com aquele fato todos os dias, o cara que eu amava, tinha que se alimentar de pessoas, mulheres, e beijá-las depois, mesmo sendo um selinho era difícil engolir isso, procurava não pensar muito naquilo, mas ele não conseguir se alimentar era pior ainda, ele ficaria fraco, vulnerável aos caçadores.

- Tudo bem Gabe, só não venha me acusar... Você também pisa na bola. – Sai de lá antes que eles me vissem, era demais pedir um relacionamento normal?! Uma noite normal?!

Voltei para a cantina, a Ana nem tinha percebi que não estávamos ali, estava entretida contando a todos que queriam ouvir que Danny era mesmo seu namorado. A coordenadora chamou a atenção de todos, Gabe já estava ao meu lado.

- Bom meus queridos, o professor Boni e eu ficaremos aqui arrumando algumas coisas e vocês terão o resto da noite livre. Peço somente que em torno de meia noite e meia todos estejam aqui para que possamos nos arrumar para dormir. É indispensável que vocês estejam aqui, pois há uma hora em ponto os seguranças vão soltar os cães e ninguém quer estar lá fora neste momento certo?! - A turma respondeu com alguns murmúrios de sim.

- Já te falaram Jasmim que é muito feio ouvir a conversa dos outros? – Lá estava seu sorriso cínico de novo.

- Ah qual é?! Sempre sou pega nessas coisas.

- Já disse que podemos farejar os sentimentos, sempre vou saber quando você estiver por perto, nós os... – Ele quis dizer os sugadores. – Sempre sabemos.

- E ai os planos estão mantidos Gabe? – Perguntou Danny, atrapalhando meus planos de perguntar varias coisas sobre aquela conversa.

- Para mim sim. – A cara de Gabe era de safado e por incrível que pareça a de Danny também.

- Que planos Gabe?

- Dae pessoal. - O Teddy veio falando todo animado e obviamente Gabe aproveitou a deixa para não me responder. - A galera vai brinca de esconde- esconde, só faltam vocês para ser a nossa turma toda. Topam? - Gabe me olhou e sorriu. Danny também sorria.

- Claro. - Responderam os dois juntos. - Isso vai ser bem divertido. – Finalizou o Gabe.

Tiramos no dois ou um começando pelos mais velhos para ver quem iria contar, acabou sobrando para o Teddy mesmo. O pique ficou sendo o muro da cantina, o colégio era bem grande, mas mesmo assim não tinha muitos esconderijos. Quando Teddy começou a contar, o pessoal correu como se fosse um estouro de manada, tentei procurar a Ana em meio à correria para nos escondermos juntas, mas não a localizei.
Na verdade estava sozinha, não havia ninguém próximo a mim, corri também, o que não era uma boa com aquela maldita bronquite, parei perto da capela imediatamente me lembrei que a pouco tempo a Ana havia sido sugada ali, como Gabe podia ter me deixado sozinha depois daquilo?! As Glitter estavam lá também.

- Vai para outro lugar, sua ladra de namorados. – Nem me dei ao trabalho de responder à ruiva monga.

Fui para o lado oposto da biblioteca, a escola era de certa forma sombria a noite e meu pai tinha pedido para que não ficasse sozinha.Onde estava Gabe?! Me encolhi entre alguns arbustos atrás da biblioteca, mas não sabia se era o melhor local, talvez Teddy não me encontrasse nunca, mas outra pessoa ou melhor outro sugador poderia me achar ali, facilmente.
Ouvi alguns sussurros próximos a mim, não conseguia me mover, maldito lugar para se esconder. Era a Ana e o Danny.

O Ultimo Olhar Capítulo 3

Tinha um pressentimento de que aquilo não ia acabar bem, graças a deus Danny não estava por ali.

- Ok, fora o fato de eu ser menina e você menino, somos muito parecidos mesmo. – Disse a Ana.

- A gente combina, sempre combinou. Fui um idiota, mas estou disposto a concertar as coisas. - Ele olhou para cima. - E você vai ser minha de novo.

Estava realmente começando a me preocupar e não era a toa, Danny entrou bem nesse momento, quando ele e Gabe atravessaram a porta eu não sabia onde enfiar a cara. Danny olhou para mim e para o Taylor, foi impossível não ver que se ele pudesse, espancaria nos três, mas quando ele fixou seus olhos na Ana, achei que ele fosse ter um treco. Gabe não me olhava, encarava a Ana, a coisa estava realmente feia.

- Oi. - Foi a minha única e idiota reação.

- Acho que estou sobrando, mediante tanta diversão aqui. - Danny disse e logo depois saiu da sala como um furacão.

- Daniel. - Gabe tentou interceptá-lo, mas não conseguiu.

- Isso mesmo vaza que você com certeza está sobrando. - O Taylor teve a infelicidade de abrir a boca ao mesmo tempo em que começava a se levantar.

- Cala a boca Taylor. - Dissemos a Ana e eu já nos livrando uma das pernas da outra e ficando em pé.

- Como é que é cara? - Gabe deu meia volta e parou na entrada da sala. Aquilo realmente não ia acabar bem.

- Só falei que o Danny estava sobrando e falei para ele não para você. – Disse Taylor. Gabe veio em nossa direção e acertou um murro na boca do Taylor que o fez parar na parede.

- Ele é meu amigo. Falou para ele falou para mim. Pense melhor antes de abrir a boca da próxima vez. - Taylor saiu correndo da sala, se esgueirando pela parece, segurando o queixo.

- Gabe, eu não estava... – Tentei dizer, mas Gabe me interrompeu.

- Jasmim, agora não é hora. Não gostei do que vi e não quero ouvir suas desculpas. – A Ana já atravessava a sala com passos apressados.

- Gabe... – Estava tentando me desculpar e não sabia direito nem o porquê.

- Ah você vai atrás do Danny agora Ana Paula?! Vai fazer o que? Incomodar mais um pouco? – Disse Gabe.

- Não se meta Gabe. - Ela disse enquanto ia saindo, Gabe segurou o braço dela antes de ela cruzar a porta.

- É claro que me meto. Você se comporta como uma qualquer na frente do seu namorado, meu amigo e acha que não vou te dizer nada?

- Me deixa Gabriel. - Ela disse soltando o braço com violência, enquanto chorava.

Quando ela saiu da sala e ficamos sozinhos, percebi que estava parada quase que em choque. Gabe havia batido no Taylor, havia brigado com a Ana e eu não sabia o que fazer, ele ainda não me olhava, isso não era nada bom.

- Gabe eu...

- Não fale nada Jasmim. Você tem o poder de me tirar do serio.

- Gabe, mas eu não fiz nada.

- É exatamente esse o problema Jasmim. Você não fez absolutamente nada.

- O que você queria que eu tivesse feito? Não posso mandar na Ana e ela também não fez nada de mais. Você não sabe como foi...

- Ouvi o suficiente Jasmim.

- Ótimo Gabe, então fique ai com suas idéias malucas e com seus preconceitos, vou atrás da minha amiga, que no seu conceito é uma qualquer,
mas ainda assim é minha amiga. - Sai da sala batendo a porta, meu coração estava moído. Como poderia escolher entre o Gabe e a Ana?!

Gabe estava errado em ter falado com ela daquela forma, porem, ela também estava errada por ter permitido que o Taylor fosse onde foi. Mas e eu?! Que culpa eu tinha na historia toda?! Porque diabos o Gabe estava bravo comigo?!
Procurei a Ana em todos os locais possíveis, mas não a encontrei, nem o Danny. O difícil era que já estava escuro, o pessoal havia pedido algumas pizzas que em breve chegariam, algumas pessoas conversavam pelos cantos do colégio, jogavam futebol e vôlei em uma rodinha.
Resolvi procurar próximo a biblioteca, onde tinha uma capela, em formato circular, achei estranho ela ainda estar aberta, em volta da capela não havia ninguém, comecei a sentir arrepios, percebi um vulto saindo pela porta.

- Ana? - Dizia enquanto me aproximava. O vulto não parou ao invés disso correu. - Danny, é você? Espera! – Tentei alcançar o estranho, mas não consegui. Parei em frente à porta da capela e somente por reflexo olhei para dentro, uma corrente elétrica percorreu todo meu corpo. - Ana... - Consegui dizer quase sufocando.

Ela estava caída no chão, toda retorcida, corri para perto dela e ela estava inconsciente, não havia nenhum vestígio de sangue, só uma expressão de pânico em seu rosto, ela estava respirando. Só podia ser um sugador, era a única explicação.

- Jasmim? - Ouvia voz do Gabe me chamando em algum lugar.

- Gabe aqui na capela. - Gritei sem medir o tom da minha voz, que saiu um tanto esganiçada, em menos tempo do que poderia imaginar ele estava ao meu lado.

- O que aconteceu? – Ele perguntou.

- Não sei. Vi um vulto sair pela porta e a encontrei aqui assim.

- Espere, já volto. - Não consegui me mover. Gabe saiu correndo pela porta.

- Ana. - Mexi um pouco nela - Você está me ouvindo? - Queria gritar, espernear, mas tinha que manter a calma ou ao menos tentar.

- Ana! - Danny falou entrando na capela com o Gabe – Gabe o que houve com ela? - Daniel não foi tão prudente quanto eu a pegou nos braços e sentou. - Ana, fale comigo pelo amor de Deus.

- Danny se acalme. Você sabe o que aconteceu, ela já vai acordar. – Disse Gabe.

- Gabe não pode ser. Não é possível. Michael já...

- Pode ter sido outro. – Disse Gabe.

- Ana, fale comigo meu amor - Danny estava desesperado, ela começou a se mover e abriu os olhos.

- Ana! - O Danny e eu falamos juntos. Me ajoelhei em frente a eles e Gabe se abaixou ao meu lado.

- O que aconteceu? – Ela perguntou.

- Está tudo bem meu amor. – Respondeu Danny.

- Oh Danny, estava te procurando... - Ela se ergueu e olhava nos olhos dele - Me perdoe Danny, eu te amo. Não consigo imaginar minha vida sem você. Não quero saber do Taylor, não quero saber de outra pessoa. Não importa mais nada. Quero ficar com você.

- Ana, também te amo, depois conversamos sobre isso. O que aconteceu? Você se lembra? – Aquilo fazia minha cabeça latejar, outro sugador atrás de nós?! A namorada de quem eles tinham matado agora?!

- Não quero conversar depois. – Disse ela.

- Ana precisamos saber o que aconteceu. - Gabe dizia em um tom mais calmo que o normal, nem parecia que tinha acontecido tudo aquilo.

- O que aconteceu do que Gabe? Não sei. Estava muito nervosa, você brigou comigo e o Danny fugiu sei lá para onde. Não o achava em lugar nenhum e entrei aqui. Fiquei com medo pela escuridão e acho que apaguei.

- Bem típico... - Gabe se levantou e estendeu a mão para mim. - Você não se lembra de mais nada?

- Não... – Ela disse.

- Meu anjo foi outro sugador. – Danny contou a ela.

- Mas Michael não...

- Sim Ana ele morreu, foi outra pessoa.

- Estou requisitada. – Como ela conseguia brincar com uma coisa dessas?!

- Vamos Jasmim, vamos os deixar para conversarem. – Disse Gabe.

- Só não demorem Ana, o pessoal já pediu a pizza. – Disse a ela.

- Tudo bem. – Ela respondeu. Saímos da capela, Gabe saiu na minha frente.

- Você entende o porquê não posso deixar vocês sozinhas? Por mais que a gente se afaste e tente manter tudo isso em segredo, alguém vem e faz isso Jasmim.

- Gabe...

- Poderia ter sido você. - Ele me jogou na parede da capela e me beijou com desespero.

Gabe tinha o poder de transformar qualquer magoa, qualquer preocupação, qualquer problema em pó quando me beijava daquela forma. Quando já mal conseguíamos respirar, ele se aproximou do meu ouvido e disse ofegante.

- Você me deixa louco. - Senti meu celular vibrar em meu bolso, era meu pai. Não precisava de muito esforço para ligar os fatos, isso só confirmou as minhas duvidas, ele não estava viajando.

- Oi pai.

- Jasmim, onde você está?

- Na escola, no acantonamento pai, lembra?

- Claro. E as coisas estão bem? Todos estão juntos? – Minha alma ficou gelada, ele sabia de Gabe e Danny?!

- Pai... É claro que sim. Estamos na cantina esperando uma pizza.

- Ok. Evite ficar andando sozinha. Sei que o colégio é seguro, mas a gente nunca sabe não é. – Que indiretas eram aquelas?!

- Pode deixar.

Desliguei o telefone e olhei para o Gabe, a sensação de impotência era horrível, não podíamos fazer absolutamente nada, talvez pudéssemos, mas era meu pai afinal de contas. Ouvi alguém chamando o pessoal para jantar. Maldita hora para a pizza chegar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 2

Ele conversou comigo mais do que o habitual, perguntou se eu queria assistir um filme com ele na TV, mas quando viu minha cara de susto, disse que era melhor fazer isto quando fosse final de semana e eu não tivesse que acordar cedo para ir para a aula. Ótimo, ele nem sabia que as aulas tinham acabado hoje, desinformado. Agora que sabia o que meu pai era, isso me fazia pensar, ele era mesmo desligado na minha vida ou fazia essas coisas de propósito, para ver se eu mentiria?! Acho que nunca saberia a resposta disso.
Conversei com meu pai sobre o acantonamento e o fim das aulas e ele assinou minha autorização, disse que era um presente por ter passado de ano, mas mesmo que ele não assinasse isso não seria um problema para mim, em geral falsificava a assinatura dele e pronto, problema resolvido. Ele nunca estava em casa para assinar nada mesmo, aprendi a fazer a assinatura dele com seis anos. Fui dormir cedo, tive aquele maldito pesadelo de novo, isso estava cada vez mais freqüente. Acordei angustiada, passava o resto do dia mal, quando sonhava com aquilo.
Levantei um pouco mais tarde, essa vida boa acabaria com o trabalho na academia, mesmo sendo meio período, na cozinha meu pai havia deixado um bilhete.

Jasmim
Estou indo fazer uma viagem um pouco mais longa, voltarei somente no final da próxima semana.
Deixei mais dinheiro para você.
Cuide-se.


Ótimo. Estava ficando bom demais para ser verdade, ele teria ido viajar mesmo ou caçar meu namorado pela cidade?! Droga. Me arrumei, ia para a casa da Ana, fazer o “esquenta” para o acantonamento, seja lá o que isso signifique.
Cheguei apenas uns dois minutos antes que os meninos, que também iam para lá, eles estavam andando só de ônibus, por causa do meu pai, o carro dava muita bandeira.

- Bom dia meninas. - O Danny me deu um beijo no rosto e seguiu para cumprimentar a Ana. Gabe também me deu um beijo, mas não foi no rosto. – Combinando como se esconder das nossas historinhas de terror?

- Isso não tem graça. – Sai da rodinha. Só a Ana entendeu minha atitude, havia contado sobre meu pai estar fazendo uma longa “viagem” para ela. Isso estava me apavorando.

- O que houve Jasmim? – Nem havia percebido Gabe atrás de mim.

- Nada Gabe, só não estou muito animada. – Menti talvez ele devesse saber sobre meu pai, mas e se ele resolve caçá-lo também?!

- Por quê? Se você quiser ficamos na sua casa e... – Não o deixei terminar.

- Não tem nada a ver com o acantonamento.

- Então qual é o seu problema?

- Gabe... Tenho fortes motivos, fortes mesmo para achar que meu pai, está caçando essa semana. – Contei, ele tinha que se proteger, os outros tinham que se proteger.

- Como? – Gabe estava meio pálido, mas não entendi bem essa reação, ele sabia o que meu pai era. O que ele esperava?!

- Gabe.

- Preciso falar com Danny. Precisamos avisar aos outros.

- Não Gabe. – Eles matariam meu pai.

- Eles precisam saber Jasmim. – Gabe havia me contado tudo após aquele maldito jantar, o porquê de ter namorado a Samara e sobre o chefe dos caçadores, eles fariam picadinho do meu pai.

- É o meu pai.

- Droga Jasmim. – Ele ponderou um pouco. – Certo, vou ligar para casa e dizer que senti a presença de um caçador, para todos ficarem atentos, não vou mencionar seu pai.

- Obrigada. – Aquilo foi um alivio, mas sabia que isso não iria durar, se meu pai achasse os outros sugadores, eles saberiam sua identidade e tudo estaria perdido.

- Vamos superar isso. – Esperava que ele tivesse razão. Gabe e Danny foram assistir TV a Ana me puxou para o seu quarto.

- Acaiah. Estou perdida.

- Quem está afim de você? – Geralmente o assunto era esse, a Ana passava mel, não era possível. – Ou o que o Danny não fez?

- Mais ou menos isso Acaiah, não to acostumada com abstinência. Ontem o Taylor veio fala comigo no msn a noite, falou que ia no acantonamento e que faria de tudo para que pudesse dormir do meu ladinho.

- Ana, você está brincando com fogo.

- Não estou não Acaiah. Não estou dando moral para ele, mas o menino grudou agora.

- Se livre dele Ana, isso vai dar merda...

- O que vai dar merda Ana Paula? – Perguntou o tio Roberto.

- Nada pai. A Acaiah que está de má vontade com o acantonamento. – Ela fazia cara de brava para mim, como eu ia saber que ele já havia chegado em casa?!

- Então meninas animadas para uma noite na escola? – Dizia a tia Su, logo atrás dele.

- Ô. Se a Ana não me forçasse quase que sob tortura, passaria a noite na minha casa tia.

- Ah Jasmim, vai ser divertido. – Disse a tia Su.

- Claro que vai. – A Ana respondeu.

- Quem vai estar lá de responsável? – Perguntou tio Roberto.

- A nossa coordenadora e o professor de física. – Para quem visse aquela cara da Ana, podia jurar que ela era uma boa menina.

- Excelente. – Excelente?! Ele era doido, aquilo não impediria a filha dele de fazer asneiras.

A Ana quis saber que pijama eu tinha levado, assim que seus pais saíram do quarto, em casa havia pensado em levar meu pijama de sapinho, mas o Gabe quase me deixava louca em algumas ocasiões e ele me dizia que eu também o enlouquecia e olha que nem me empenhava nisso, muito.
Na hora de escolher, pensei em tudo o que a Ana falou sobre ela e o Danny e resolvi ousar, coloquei na bolsa um pijama de seda preto, com algumas rendinhas, que a Ana me deu de presente. Era realmente bem sexy e ao mesmo tempo comportado, assim que ela viu meu pijama exclamou “É disso que estou falando”.
Arrumamos, travesseiros e cobertas, inclusive para os meninos, a Ana tinha uma verdadeira coleção de colchões de ar, isso garantiu a noite de todos ali.
Coloquei também na minha mochila em casa uma roupa extra, para o dia seguinte, fomos uns dos primeiros a chegar ao colégio, a Coordenadora veio nos receber e nos encaminhou para a sala para deixarmos nossas coisas. A turma seria dividida, ficando as meninas em uma sala com a coordenadora e meninos em outra com nosso professor.
Aos poucos todos foram chegando, ficamos as duas jogando vôlei com as meninas na quadra, em geral as meninas do vôlei se socializavam muito bem e mesmo sem saber o apelido “carinhoso”, elas também não gostavam das Glitter. Paramos de jogar, nem percebi que já estava começando a escurecer.

- Ana, você viu o Danny e o Gabe por ai? – Onde aqueles dois estavam afinal?!

- Não Acaiah. Daqui a pouco eles aparecem. Vamos lá dentro, preciso passar um remédio na minha perna, ela está me matando.

- Ana, a sedentária dessa dupla sou eu!

- Você? Não mais minha cara. Estou realmente impressionada, as aulas do Gabe estão fazendo efeito com você. O que mais vocês andam fazendo como exercício?

- Engraçadinha. – A Ana só pensava nisso?!

Entramos no quarto improvisado que era uma sala de educação fundamental com janelas bem grandes e desenhos colados nas paredes, no térreo, no final do corredor. Havia duas meninas lá ajeitando as suas coisas, provavelmente tinham acabo de chegar. A Ana passou um spray com um cheiro mentolado muito forte nas pernas e ajeitamos nossos colchões perto das janelas, um do lado do outro, colocamos os lençóis e deixamos nossas malas do lado de um armário.
A Ariel chegou logo em seguida e colocou seu colchão embaixo dos nossos, a Ana já estava bufando. As Glitter se posicionaram estrategicamente do outro lado da sala, com vista para o corredor.

- Credo Ana, você vai infestar a sala toda com esse cheiro. – Reclamou a Ariel.

- Quem sabe assim algumas sanguessugas aqui não morrem, não é?

- Sanguessugas no colégio? Que horror! – Essa garota era burra como uma porta. Ela saiu da sala, junto com as Glitter, só ficando a Ana e eu lá.

- Faz uma massagem no meu ombro? – Pediu a Ana. – Preciso relaxar.

- Você está muito folgadinha Ana. - Sentei no colchão dela, ela sentou entre as minhas pernas e comecei a fazer a massagem, modéstia parte tinha mãos muito boas para isso.

- Acaiah, você é meu anjo da guarda.

- Que inveja. - Olhamos para a porta e o Taylor entrava na sala - Queria ser as suas mãos Jasmim.

- Oi Tay, quanto tempo você não me dirige a palavra hein. – Mentirosa, ela havia falado com o cara pelo msn.

- Pois é, andei meio insociável, desculpe. – Tinha que dar o braço a torcer, estudávamos só com caras gatos, mas aquilo não acabaria bem. - O Teddy está chegando ai também. Seu novo amigo ele não é?!

- É sim, o Teddy é gente boa. – Respondi, já que ele havia falado comigo.

- Ele é mesmo. E você querida qual o motivo desta dor toda? - Ele se ficou na frente da Ana.

- Vôlei... – Ela disse fazendo biquinho.

- Hum, também quero uma massagem - Ele virou e sentou no meio das pernas da Ana. Ela me olhou e eu realmente não sabia o que dizer. O Taylor era desconcertante. Tinha o cabelo ondulado preto e um corpo de deixar muita menina babando.

- Taylor para! – Disse uma Ana pouco convincente.

- Ah Aninha, pelo menos um cafuné vai. - Ele foi se aninhando entre as pernas dela e fez uma cara de cachorro carente, teria sido engraçado se não tivesse sido trágico. - Em nome da nossa velha e boa amizade vai, você tem as melhores mãos do mundo. Faz um carinho Aninha...

- Você é uma comedia Taylor, acho que era por isso que gostava de você. – O que a Ana estava fazendo?!

- Não era só por isso Aninha lhe garanto. - Eles sempre me deixavam extremante constrangida quando começavam com estas conversas subentendidas.

Aquela altura já estava jogada no travesseiro, com a Ana deitada no meio das minhas pernas e o Taylor deitado no meio das pernas dela. Ela dava tapinhas no ombro dele.

domingo, 29 de maio de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 1

A Ana e eu estávamos sentadas, na sala da diretora, aguardando-a corrigir nossas provas, perdemos muitos dias de aula, por causa do suposto seqüestro da Ana. Tia Su, convenceu a diretora a nos deixar fazer os exames finais depois da turma toda e estávamos ali, esperando para ver se reprovaríamos ou não.
O engraçado era que reprovar ou passar, não era o que passava pela minha cabeça no momento, já fazia uma semana desde aquele bendito jantar e as palavras do meu pai ainda ecoavam na minha cabeça. Será que meu pai sabia sobre o Gabe ou sobre o Danny?! Não sei como a Ana conseguia lidar com aquilo tudo, talvez seja eu, que não sei lidar com nada. A diretora nos olhou.

- Bom as provas não foram das melhores meninas, mas levando em conta tudo o que passaram, os professores e eu decidimos aprovar vocês duas, contanto que ano que vem o esforço seja dobrado.

- Aí que alivio. – Exclamou a Ana.

- Também estão liberadas para ir ao acantonamento. – Nossa diretora tinha um cabelo, quer dizer uma juba de leão gigante e aquele ar de seria dela, não combinava com aquela coisa louca em cima da sua cabeça.

- Jura? – Perguntou a Ana, a diretora fez que sim com a cabeça. – Não é perfeito Acaiah?

- Muito. – Respondi e sai da sala, a Ana veio dando pulinhos pelo corredor enquanto me seguia.

- Acaiah! Teremos um acantonamento nessa sexta. - Ela batia palminhas como se fosse uma criança.

- O que é esse negocio afinal? – Perguntei com pouca vontade.

- Aff Acaiah... Significa que vamos dormir no colégio, a nossa turma, uma professora e a coordenadora!

- Por quê?

- Acaiah?! Porque sim, para se divertir ué!

- Interessante. – Não achava nada interessante.

- Interessante? É mais que perfeito Acaiah. O colégio todo nosso por uma noite. Pensa na bagunça. - A Ariel apareceu do nada.

- Gente, vocês viram que confirmaram o nosso acantonamento para amanha? Vocês vêm né? - A Ana ainda não engolia a Ariel e ela não conseguia disfarçar, tive que intervir.

- A Ana me contou. Claro que a gente vem. – Minha voz saia sem motivação alguma.

- Vamos Acaiah, preciso ir à biblioteca. – A Ana segurava meu pulso firmemente.

- Biblioteca? - Ela me olhou com aquela cara de "sem perguntas" - Claro. Até mais Ariel. - Fugimos para a área externa do colégio.

- Não suporto essa pequena sereia. – A Ana Paula fungava.

- Eu sei. - Só conseguia rir, era bom fazer isso, mesmo com tudo o que estava acontecendo. Sentamos em um muro próximo da pré-escola.

- Não sei qual é a graça. Queria ver se fosse o Gabe no lugar do Danny.

- Isso não seria engraçado. Ela é muito abusada.

- Quem é muito abusada? - Dei um pulo ao ouvir Danny perguntando por trás da Ana, ela teria caído do muro se eu não a segurasse. Gabe também apareceu. Eles estavam em um local fora da nossa visão, do outro lado do muro.

- Idiota. Você quer me matar do coração? - A Ana perguntava toda sem graça.

- Sabia que é muito feio ficar ouvindo a conversa dos outros? – Reclamei. Eles saíram de lá e ficaram na nossa frente.

- É mesmo? - Gabe me olhava daquele jeito que me deixava doida.

- Vocês vêm no acantonamento? – Perguntou o Danny.

- Claro Danny, a Acaiah e eu não perdemos uma dessa de jeito nenhum.

- Não sei por quê. Qual a graça de passar a noite no colégio? - Gabe dizia vindo sentar logo atrás de mim.

- Bom, porque podemos fazer bagunça em um local onde em geral somos bem comportadas, contar historinhas de terror... – Dizia a Ana. - Se bem que historinhas de terror com vocês não deve ter a menor graça.

- Ah tem sim. - Danny dizia olhando para Gabe. - Já comecei a gostar dessa historinha de acantonamento, acho que elas não vão conseguir dormir não é Gabe?

- Tenho certeza que não. – Gabe disse isso no meu ouvido, um arrepio enorme percorreu meu corpo.

- Realmente não tenho medo de vocês. Vamos Acaiah, nosso intervalo já esta acabando.

- Falou à menina que não gazeia aula né meu anjo. – Após dizer isso Danny deu um selinho na Ana.

- Sou uma ótima aluna Danny, fui seqüestrada lembra, por isso fiz as provas hoje e depois não é porque este é o último dia de aula, que vou gazear, a não ser que a Acaiah queira invadir a casa da Glitter de novo.

- Muito engraçado Ana. – Ela me infernizaria, para sempre por causa daquilo.

- Vamos indo nós dois. - Danny abraçou a Ana e foi a levando para longe. – Quero você um pouco só para mim.

- Então não seria engraçado se a Ariel fosse apaixonadinha por mim é? - Ótimo... Ele estava ouvindo tudo.

- Não seja convencido Gabe, só estava sendo solidaria com a Ana.

- Sei...

- Você vem nesse tal acantonamento? – Desconversei.

- Você vem?

- A Ana não me deixaria em casa, então sim e você?

- Jasmim, você ainda não aprendeu - Ele dizia enquanto levantava - Estarei onde você estiver. Vamos ou vão nos caçar pelo colégio.

- Péssima escolha de palavras Gabe.

A Aula seguiu sem nenhuma novidade, todos conversavam, esse era o melhor dia de aula em minha opinião, o último. A coordenação avisou que no próximo ano o layout da sala mudaria, agora todo mundo conseguiria se ver, íamos sentar em formato de U. Muita gente reclamou. Eu não.

- Acaiah, quer que eu traga um colchão para você também? – Perguntou a Ana.

- Como? – Do que ela estava falando?!

- Como o que? Acaiah vamos ligar esses neurônios, por favor. Amanhã, dormir, colégio, colchão, meu pai, carro. Isso faz algum sentido para você?

- Ah sim claro. O tio Roberto vai trazer você e suas coisas?

- Sim, posso passar na sua casa e se quiser trago um colchão a mais para você.

- Pode ser Ana, ia ficar mesmo complicado trazer de ônibus.

- Ia ser impossível isso sim, mas acho que o Gabe traria para você de qualquer maneira. – Ela deu um sorrisinho malicioso.

- Ele não está mais usando o carro, para não chamar a atenção, voltou a usar o ônibus escolar. – Ainda mais agora que meu pai estava de olho nele e como não estava mais namorando a Samara, não tinha mais a carona do pai dela.

Assim que a aula acabou fomos embora, a Ana foi para a minha casa, fomos nós três no ônibus, mas ela dominou a conversa. Chegamos à minha casa só ela e eu, fiz um almoço rápido e nos jogamos no sofá, liguei a TV. A Ana ligou para a tia Su, para contar que havíamos passado e já falar do tal acantonamento. Assim que ela desligou seu celular, se virou para mim.

- Acaiah... Você e o Gabe não foram adiante?

- Como assim Ana? – Lá vinha besteira.

- Há, tipo vocês ainda não fizeram... – Como se eu tivesse cabeça para isso nos últimos dias.

- Não. Não... Ainda sou virgem amiga e você sabe que o dia em que acontecer, vai ser a primeira, a saber. – Disse a ela.

- É eu sei, mas isso está meio parado né... - Ela se jogou no meu colo. - Poxa vida, já era para ter acontecido, pelo menos comigo. – Ah esse era o problema, Danny.

- Ana, vocês estão juntos há pouco tempo, só isso.

- Mais mesmo assim, ele já foi altas vezes na minha casa, na minha cama e nada. – Ela suspirou e continuou. - Quando tento ser ousadinha ele me corta. Esses dias esperei ele com aquele meu baby doll branco de rendinha, ele entrou pela janela do meu quarto e deitou do meu lado, me abraçou e nada. Absolutamente nada. Levantei e fui ate o banheiro porque achei que ele não tinha reparado, mas quando voltei, ele fez de conta que não viu. Sei lá. Acho que ele não me deseja... Não do mesmo jeito que eu...

- Ana... O Danny é meio serio, não é isso. – Ela já devia saber como o Danny funcionava.

- Até o cara mais serio perderia a linha. Ele fala que não é correto e que temos que casar e todo aquele bla bla bla. Gosto muito dele, mais fica difícil. Esses dias o Taylor apareceu lá em casa.

- Capaz. – Taylor era um menino da nossa sala que a Ana já havia pegado. Ele a largou em um dia e pegou uma das Glitter no outro. – O que ele queria?

- Então... Ele chegou lá, entrou porque sabia que não tinha ninguém em casa naquele horário. Perguntou se eu tava namorando, falou que sentia saudades de mim e eu subindo pelas paredes.

- Você ficou com ele? – Meu Deus ela era doida... Como ela poderia trair o Danny...

- Não... Mas me deu vontade. Amiga eu amo o Danny, mas tenho minhas convicções. Um homem que me faça feliz, precisa me completar e o Danny não está me completando, sinto falta de relações mais calientes, não estou acostumada com essa abstinência. Não sei nem mais para onde correr...

- Para um sex shop? – Perguntei.

- Acaiah! – Caímos na risada. – Não estou tão desesperada assim.

A Ana foi para casa logo depois, meu pai chegou de viagem em seguida, não conseguia nem olhar na sua cara.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Epilogo

GABE

Jasmim segurou minha mão, ela estava gelada, aquele maldito era um caçador. O pai dela era daquela raça, a raça que nos perseguia, era igual a aqueles que matavam todos que amávamos, assim como meus pais, minha família, minha irmã, foi preciso muito autocontrole para não pular sobre a mesa e socar a cara daquele filho da mãe. Não me movi, não segurei a mão dela, não devolvi o apoio que ela estava me dando.
Meses namorando a Samara para que?! A bosta do inimigo era pai daquela que significava tudo para mim. Achávamos que era o pai de Samy, mas estávamos errados o tempo todo.
Estávamos atrás desse desgraçado há muito tempo, o chefe de todos os caçadores, esses caras eram mortais, envelheciam normalmente como qualquer humano, mas sempre havia um chefe, um alfa entre eles. Luke recebeu a pista de que ele morava aqui, todos nós viemos, Danny e eu começamos a estudar naquele colégio, Alan disse que o mais provável de ser o caçador era o Senhor Parker, advogado corrupto que fazia de tudo para ganhar suas causas nos tribunais e nunca estava em casa, esse é ponto chave para achá-los, eles nunca estão com a família, estão sempre caçando.
Como não percebi que era ele?! A Jasmim estava sempre sozinha, como me permiti ser tão cego?! Namorei aquela garota a toa, me privei da Jasmim a toa.
Nossa função era matar o chefe dos caçadores, assim os outros ficariam dispersos e diminuiriam as caças até nascer um novo chefe, Luke já tinha feito isso uma vez e havia dado certo, mas ele era o pai dela. Eu poderia tirar a única família que ela tinha? Ela iria me perdoar? Não, sabia que não.
Tinha que tomar uma decisão, para matar um caçador, teria que sugar ou ao menos estar com os olhos de um sugador, assim ele ativaria seus olhos, que funcionavam como um espelho, por isso os sugadores morriam ao olhar diretamente para um caçador, mas com um espelho mesmo era eles quem morriam, sempre carregávamos um espelho conosco. Mas ficar com os olhos de um sugador não era simples, isso não funcionava quando queríamos, precisávamos estar com “fome”, isso às vezes demorava vários dias, apesar de que não me alimentava fazia tempo e desde Michael ter me sugado me sentia estranho, quem sabe com adrenalina, de atacar o chefe dos caçadores, eu conseguisse matá-lo. Tinha o espelho comigo, tinha Danny para me dar cobertura. Tinha vontade de sobra para fazer isso, depois poderíamos nos se mudar e viveríamos em paz por um bom tempo.
Jasmim apertou mais minha mão, sabia o que ela sentia, tínhamos essa habilidade, algo parecido com o que os cachorros faziam, era só farejar, ela estava com medo, não do seu pai, medo de eu ir embora e para ser franco ela tinha motivos para isso, porque eu estava considerando a possibilidade.
Considerando matar o pai dela, bem diante dos seus olhos e fugir, éramos bons em fugir, mas olhei para ela, encarei seus olhos verdes e não tive duvidas de que caminho seguir.
Não suportaria um dia longe dela, não suportaria seu ódio, me desprendi da conversa na mesa, que já havia mudado, Danny estava conduzindo tudo muito bem, o pai dela, levantou e colocou a mão no meu ombro enquanto falava, não sei bem ao certo o que ele estava falando, não tirei meus olhos do dela, Jasmim apertava minha mão com toda sua força, se agarrava a mim, com todas as suas esperanças. Apertei sua mão também entrelacei nossos dedos.

- E quanto a Você rapaz? O que gosta de fazer? – Não sei se ele sabia que Danny e eu éramos sugadores, mas ele pareceu no incitar para ver se reagiríamos à provocação.

- Senhor se me permite dizer, todas as coisas que gostava de fazer, ficaram em segundo plano depois que conheci sua filha. Não existe nada mais importante e que eu goste mais do que a Jasmim. – Esperava que com isso, ficasse claro para aquele boçal que ela era tudo para mim e que eu não aceitaria suas provocações, ela era maior que tudo isso, maior que o ódio que sentia por esses caçadores.

Beijei sua testa, ela pareceu tão aliviada. Não ia perdê-la, não sem lutar, as coisas não seriam fáceis, não com um caçador tão próximo, não comigo querendo me alimentar dela o tempo todo, isso estava me consumindo cada dia mais.
Não importa em que maldita luta tenha que entrar, farei isso ao lado dela, porque esse é o meu lugar.