domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 7

Fiquei lá sozinha, meu final de semana ia ser uma bosta, de novo, estava me sentindo totalmente perdida. Danny veio pedir que me afastasse, mas eu não estava próxima, só sentia uma vontade louca de estar perto dele.
Gabe estava me enlouquecendo, ele era grosseiro e ao mesmo tempo protetor, aquela cena no shopping, parecia ciúmes, mas vindo dele vai saber.
Subi, tomei um banho, passei um curativo na mão e fui dormir ou melhor, fui rolar na cama. Era bem tarde quando a Ana me ligou, estava quase pegando no sono.

- Acaiah o que foi aquele babado no shopping? Menina entrei em choque. – Eu ainda estava em choque.

- Nem me fale. Garoto doido.

- Todo mundo ficou olhando, inclusive o garoto que veio entregar as roupas da loja aqui em casa, até me perguntou se estava tudo bem.

- Serio? Que vergonha.

- Fala serio, o Gabe é lindo mais vacila.

- É. – Foi tudo o que consegui dizer.

- Não vi nada do que aconteceu com você e o Gabe, antes de ele realmente surtar, só vi que estava lindo e furioso. O Danny estava me perguntando por que você e eu estávamos vestidas daquele jeito, bem arrumadas. – A Ana parecia bem chateada. – O que mais pesou Acaiah foi ele dizer que eu não era o que ele pensava, na verdade ele disse assim “Estou decepcionado com você” foi horrível, nunca me senti assim antes.

- Não acredito que ele te falou isso. Nós não estávamos fazendo nada de errado, nem seu namorado ele é para agir assim.

- Também não entendo Acaiah. Fiquei muito triste. Está certo que tenho os hormônios a flor da pele, mas poxa, ele exagerou.

- Não sei o que te dizer, não consigo pensar direito.

Silencio. Tinha tanta vontade de contar tudo a ela, sobre os olhos, sobre o beijo, sobre o Danny, mas não podia, ela não ia acreditar.

- Tudo bem com você? Está estranha ou é impressão minha?

- Tudo bem sim, impressão sua.

- Alguma novidade? – “Claro o cara que você gosta veio na minha casa, pedir para eu ficar longe do Gabe e ele saiu correndo atrás de um suposto perseguidor de olhos de brancos”.

- Não nada.

- O Gabe pirou por ciúmes não foi? – Ponderei os fatos por um instante.

- Não. Deve ter sido outra coisa.

- Amiga vou desligar, estamos indo para a praia, pegaremos a estrada de madrugada e tenho que terminar de arrumar minha mala. Beijos. Até segunda.

- Até. Beijos. – Que ótimo ela ia viajar, eu ia passar outro final de semana sozinha.

Desliguei o telefone e finalmente consegui dormir. Acordei no sábado e era realmente muito cedo, o meu final de semana seria longo, meu pai só voltava na terça feira, nem meu passeio usual no bosque era seguro agora, com “olhos brancos” a solta.
Estudei para a semana de provas, porém não muito, limpei a casa, os vidros, cozinhei, assisti meus seriados na TV, li meu livro e ainda tinha muito tempo vago. O dia não estava passando.
Encontrei um jornal perdido próximo ao sofá e comecei a folhá-lo, sem realmente ler nada. Um anuncio me chamou atenção, nele dizia.
“Aula experimental gratuita de artes marciais, para aqueles que querem aprender a se defender”
Me pareceu bem propicio, aquele dia no bosque poderia ter morrido, mas se tivesse noções de defesa, seria diferente, o anuncio dizia que a aula começava as três da tarde, ainda tinha tempo o suficiente. Pensei porque não? Liguei na tal academia e confirmei com a recepcionista, não fazia idéia de quanto tempo aquele jornal estava lá em casa.
Parei em frente à academia de artes marciais “Cour”, esse nome não me era estranho, entrei, conversei um pouco com a recepcionista já que havia chego muito cedo, ela me explicou o preço da mensalidade caso optasse por fazer as aulas regularmente, me mostrou o vestiário, me deu um kimono que teria que ser devolvido após a aula, me mostrou a academia toda.
Já era quase duas e meia, eu realmente havia chegado cedo, quando o professor do nível básico chegou, ela me disse que ele dava aulas para os mais avançados, mas havia trocado pelo nível básico com outro professor, para mim tudo bem, pensei que mal teria?
Terminei de me arrumar no vestiário enquanto pensava se teria tido coragem de bater no Gabe se soubesse lutar, naquela noite. Isso estava se tornando irritante, meu mundo começava a girar em torno de um eixo que me odiava. Entrei na sala, já de kimono, sem sapatos, subi no tatame e olhei o professor.

- Isso só pode ser uma piada. – Disse.

- Uma piada de mau gosto – Ele trincou os dentes para dizer isso. Não podia acreditar que o professor era Gabe. – Não acho uma boa idéia você fazer essa aula Jasmim.

- Porque não? Porque sou mulher ou porque um dia posso te bater? – Disse já amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo, meu cabelo é muito comprido, certamente me atrapalharia solto.

- Gostaria de ver você tentando.

- Ótimo porque vou ficar. – Se ele não me queria aqui, com toda a certeza do mundo, eu ficaria.

- Tanto faz. Faça o alongamento seguindo o desenho que está colado no espelho. – Mesmo não conhecendo Gabe o suficiente sabia que isso não era verdade, ele se importava, só não sabia se isso era bom ou não.

Os primeiros alunos começaram a chegar e foi nesse momento que realmente descobri que o mundo é muito pequeno, pois um deles era o Rafael, sim aquele Rafael do shopping, ele tinha um olho roxo de lembrança, assim que ele tirou os olhos de mim ele abaixou a cabeça. Por isso ele não reagiu no shopping, Danny era seu professor, a Ana havia me dito que Danny conhecia o outro menino porque dava aulas para ele, certamente para Rafael também.
A recepcionista me disse que o professor havia trocado de turma com outro, agora fazia sentido, o outro era Danny.

- Ok. Vamos começar a aula. Prontos?

Percebi algumas pessoas já se posicionando logo atrás do professor, não sabia o que fazer, mas não era a única, uma garota com um rosto conhecido se aproximou de mim.

- Oi, meu nome é Ariel, você não estuda na Nilo Cairo?

- Estudo sim.

- Somos da mesma sala. Lembro de você sempre com a Ana.

- Serio? Que legal. A Ana foi viajar.

- Hum... Bom é minha primeira vez aqui e estou sem parceira.

- É minha primeira vez também e...

- Ótimo – Gabe nos interrompeu em um tom pouco amistoso – Vocês duas serão parceiras por hoje. Alias, tudo bem com você Ariel? – Ele sabia quem ela era e estava com a mão em seu ombro, não a conhecia, mas já estava pegando raiva.

- Oh, sim Gabe, tudo ótimo! – Ela dizia parecendo uma manteiga derretida.

- Seja bem vinda. – Ele disse á ela enquanto se posicionava próximo a nós. - Todos em suas posições? Bem esta será uma aula experimental para alguns e treinamento normal para quem já está adiantado. Porém a maioria de vocês não me conhece, o Mestre Daniel dá aulas em outro horário agora. – Sabia. Ouve vario murmurinhos na sala. – E como hoje temos uma maioria feminina ensinarei algo mais voltado para as mulheres. – Olhei em volta havia mais duas duplas de meninas. - Como, por exemplo, como se defender de um homem que tente agarrá-la – Ele me olhava com um meio riso nos lábios, se pudesse o teria matado, não era muito entendida de artes marciais, mas essa aula não me parecia muito normal. – Rafael? Você poderia me auxiliar na demonstração? - O coitado do menino não sabia se corria se fingia um desmaio ou se vomitava, mas preferiu ceder e auxiliar Gabe.

- Ok. Primeiro prestem atenção. Vou demonstrar um golpe que pode ser executado quando alguém tentar lhe beijar contra sua vontade. Rafael tente.

- Mestre? Tenho mesmo que tentar te agarrar?

- Pode ficar tranqüilo Rafael, você não ira conseguir, posso garantir a você.

O coitado respirou fundo e tentou agarrar Gabe de uma forma que certamente não faria com uma menina, Gabe de imediato travou seu ataque com um golpe fazendo Rafael ajoelhar no chão.

- Viram? E nem foi preciso atingir as partes intimas, o segredo esta na firmeza das mãos e em acertar o local certo, agora tentem repetir com seus parceiros, vou passar em cada dupla verificando.

- Então te agarro primeiro ou você me agarra? – A tal Ariel me perguntava de uma forma bem animada, ela estava dando pulinhos pendendo entre uma perna e outra.

- Eu primeiro. – Respondi.

Ela ficou parada de imediato, imóvel com uma cara de menininha perdida, realmente não estava gostando daquela menina, teatral demais e com um jeitinho falso que me enojava.
Percebi Gabe se aproximando da nossa dupla apenas observando, travei por alguns segundos, mas respirei fundo e parti pra cima dela com talvez a mesma violência que vi o Rafael partir para Gabe.

- Ai. - Ela me bateu tarde demais, e se eu fosse um homem que quisesse agarrá-la teria conseguido. Otária.

- Muito bem Ariel, porém da próxima vez não a deixe se aproximar tanto e acerte bem no centro do peito, entre os pulmões.

- Ok Gabe, mas para uma primeira tentativa foi bom, não foi? Você poderia repetir o golpe? – Ela dizia fazendo um beicinho ridículo.

- Claro. – Obvio que ele iria fazer todas as vontades dela.

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