domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 6

O Tal do Rafael nos seguiu juntamente com o seu amigo, eu estava totalmente vermelha, o cara ficava dizendo “Espera aí gatinha” “Eu não mordo” cara isso era um mico, melhor um king Kong, depois de alguns minutos tortuosos, ele se calou.
De repente alguém segurou meu braço, a Ana estava um pouco mais a frente, jurava que era o carinha, me virei com um tapa fervendo nas mãos, louca para mandá-lo pastar, mas era Gabe.

- O que você pensa que está fazendo Jasmim? – Estava totalmente sem reação, esperar que o garoto fosse me seguir e me puxar já era difícil, mas ver Gabe fazendo isso era impossível. Minha cara era de pasma e ele ainda segurava meu braço.

- Gabe?

- Te fiz uma pergunta. – Quem ele era para falar assim comigo? Olhei de canto de olho para a Ana a coisa também não estava muito boa para o lado dela, julgando pela cara do Danny.

- Passeando e você?

- Você conhece aquele cara?

- Você vem sempre aqui? – Essa conversa não nos levaria a lugar algum. Tentei soltar meu braço, mas foi inútil.

- Perguntei. Se. Você. Conhece. Aquele. Cara. – Céus. Ele falou assim pausadamente, entre os dentes, seu rosto estava vermelho, ele ainda segura meu braço, mas não com força.

- Gabe. Relaxa ai cara. – Danny estava do lado dele, com uma mão em seu ombro agora.

- Cai fora Danny. – Ele parecia uma bomba relógio.

- Cara solta ela. Relaxa. - A voz do Danny estava tensa, mas muito calma se comparada com Gabe.

Ele soltou meu braço, algumas pessoas olhavam a cena, ele respirou fundo algumas vezes, meu coração martelava no peito. A Ana estava do meu lado olhando para o chão, nunca a vi com vergonha na vida.

- Desculpe Jasmim. – Ele disse sem me olhar, não respondi nada, estava zonza demais para mexer qualquer músculo.

Ele desviou de mim e foi embora seguido por Danny, que parecia dar um sermão nele. “Nada é tão ruim que não possa piorar” meu pai sempre diz isso, constatei que é verdade, o Rafael chegou perto de mim.

- Princesa. Ele te machucou? – Só movi a cabeça, fazendo que não. A Ana estava muda, totalmente, novidade dois do dia.

O Rafael tomou a liberdade de por uma mexa do meu cabelo, que é comprido e preto, atrás da minha orelha, de repente, senti um vácuo passar pela minha cabeça e atingi-lo. Primeiro não entendi o que vi, mas depois ficou claro, Rafael estava no chão, com Gabe em cima dele, levando socos cara.
Poderia e deveria ter feito algo, mas não fiz, depois de uns cinco ou seis socos, Gabe se levantou do chão, ainda olhando para o menino disse: ”Eu te avisei para ficar longe dela” passou por mim e esbarrou no meu ombro com força.
Não podia acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo, devo ter entrado em estado alfa, porque não vi o tal de Rafael ir embora, sinceramente não sei o que aconteceu com ele, tampouco vi o tamanho do estrago em seu rosto.
Assim que “acordei” a Ana ligou para o seu pai ir nos buscar.

- O que eles estavam fazendo na nossa mesa? – Incrível que de todas as coisas que rondavam a minha mente essa tenha sido a primeira pergunta que fiz.

- Danny conhecia o Anderson. – Nunca vi minha amiga pálida daquele jeito.

- Quem?

- O Outro menino Acaiah, acorda.

- Ah, claro. - Processei a idéia um segundo. – Conhecia de onde?

- Sei lá, algo haver com Danny dar algum tipo de aula para ele.

- Aham. – Pensei em perguntar aula do que, mas ela não estava com cara de quem queria conversar. Deixei para lá.

O pai dela chegou, entramos no carro, não trocamos mais nenhuma palavra, acho que simplesmente não sabíamos o que falar. O pai dela me deixou na frente de casa, esbocei um “Tchau, te ligo depois” e sai do carro. Gostaria de ter o telefone de Gabe, gostaria de poder ligar e xingá-lo. O que Diabos foi aquilo tudo?
Parei na nossa pequena varanda, era a parte que mais gostava na casa, tinha uma cadeira de balanço, que foi uma das únicas coisas da minha mãe que meu pai trouxe da nossa casa antiga, lá era meu lugar preferido para refletir.
Perdi a noção de quanto tempo fiquei ali, balançando e tentando achar razões lógicas para o que estava acontecendo. Fingi por vários minutos que minha mãe estava dentro de casa, fazendo qualquer coisa, quem sabe um bolo e que eu iria entrar em casa e nós duas passaríamos o resto do dia conversando, contaria a ela sobre Gabe e sobre o beijo, o fato de ele ter namorada e bater em um cara por minha causa. Senti lagrimas escorrendo pelo meu rosto, elas me lembravam que minha mãe não estava lá e nada disso aconteceria.
Dei-me conta de que havia dado meu primeiro beijo e nem ao menos podia contar a minha melhor amiga, o que diria a ela? “Oi Ana beijei o Gabe, no bosque à noite, depois de ser ataca por ele e de ter fugido, ah é ele finge que nada aconteceu, namora a Samara e não me lembro de como voltei para casa”. Ia ser patético, minha amiga me ama, mas até eu já estava começando a imaginar que meu lugar era no hospício.
Poxa o cara muda à cor dos olhos, muda o humor, o comportamento, caramba... É de enlouquecer, mas ele beija bem, disso me lembro com perfeição, seu cheiro, não consigo descrevê-lo, mas é maravilhoso, a voz dele é penetrante, o contato do seu corpo, dos seus lábios... Chega Jasmim! Você está ficando obcecada. Estava tomando fôlego para entrar quando recebi uma visita.

- Espero não estar atrapalhando. – Não acreditei. Não esperava vê-lo na minha casa.

- Não está.

- Podemos conversar? – Era muito estranho vê-lo depois daquele dia fatídico, mas minha curiosidade estava a mil, igual ao meu coração.

- Claro Danny, podemos sim. Vamos entrar.

Abri a porta de casa tremendo, mil coisas passavam pela minha cabeça, ainda bem que a casa estava sempre limpa, o convidei para sentar no sofá, ele aceitou, a Ana tinha motivos para gostar dele, o cara era um Deus grego.

- Você esta com fome? – Sei lá se realmente tinha algo para oferecer para ele comer, mas tentei ser educada.

- Não obrigado. Já comi no shopping. – A lembrança do que aconteceu lá, embrulhou meu estomago. - Deve ser difícil pra você não é mesmo?

- Do que você esta falando?

- Viver em uma casa assim, sozinha. Sei que seu pai viaja muito e que sua mãe faleceu – Bom isso não era segredo para ninguém, mas me surpreendeu que ele tivesse comentado.

- Com o tempo a gente acostuma.

- Para você como menina deve ser complicado. – Aquilo já estava me irritando, onde ele queria chegar?

- O que te trouxe aqui Danny? O que exatamente você veio me falar? – Tentei disfarçar o nervosismo.

- Nossa. Ele me disse mesmo que você era direta. – Aquilo fez meu cérebro entrar em curto. Ele falava de mim? Ele falava de mim para o amigo dele? Isso me fez pensar até onde Danny sabia? Ele sabia do beijo? – Vim aqui para te fazer um pedido Jasmim.

- Qual? – Mal ouvi minha voz, meu coração batia tão forte que estava me deixando surda. Ele não respondeu, pareceu ponderar, ele olhava para baixo. – O que exatamente ele pediu para você me dizer?

- Oh não. Gabe não sabe que estou aqui, ele me mataria se soubesse. – Aquilo era decepcionante de certo modo, por outro lado me deu alivio, talvez Gabe não me quisesse despachar. Ah! Claro! Isso se eu esquecesse o fato de que ele tem namorada. Idiota!

- Qual o seu pedido então? – De repente uma idéia me invadiu a mente, talvez ele estivesse ali pela Ana.

- Vim aqui para te pedir que... – Ele respirou profundamente, levou as mãos aos cabelos o bagunçando. – Fique longe de Gabe.

- O que? – Ele veio até a minha casa para me dizer isso?

- Ele é meu melhor amigo, mas fique longe dele Jasmim. Isso não vai trazer nada de bom para você, muito menos para ele. – Agora sim, agora meu dia estava tendo um desfecho esplendoroso.

- Olha Danny, não sei o que exatamente ele te disse, mas não tenho nada a ver com ele, Gabe é namorado da Samara, você deveria pedir a ela para se afastar dele ou será que o seu pedido envolve somente a mim? – Ela podia ficar com ele e eu não? Serio? Aquela Glitter? Isso já era demais para suportar.

- Ele não me disse nada, mas o conheço Jasmim. – Ele parecia inquieto, talvez fosse besteira da minha parte, mas parecia ponderar em me dizer mais coisas. - Com relação à Samara, bom... É diferente. É complicado.

- Vocês realmente são amigos. Inclusive usam as mesmas desculpas. Dizer que uma coisa é complicada não é bem uma explicação. - Estava muito irritada. Qual é? O cara vem aqui me deixar mais confusa ainda, meu Tico e Teco já estavam entrando em conflito. – Quero respostas Danny. Quero entender o que eu vi o que ando sentindo.

- Como assim o que você anda sentindo? – Agora ele parecia mesmo assustado.

- Se soubesse não precisaria entender certo? – Os olhos dele pareciam que iam saltar da órbita.

- Jasmim. Sou muito bom em ler os sentimentos das pessoas, muito bom mesmo. – Ele fechou os olhos e sua mão direita com força, quando disse a ultima parte. – Pare, afaste-se dele, evite seus sentimentos.

Não sei bem o motivo, mas meus olhos se encheram de água, estava lutando muito para não chorar, minha garganta doía devido à força de manter as lagrimas longe, levantei do sofá, precisava de um copo de água. Parei em frente a pia, peguei um copo do escorredor de louças, enchi de água, olhei para fora da janela que ficava bem em cima da pia estava de noite agora e no meio da escuridão dois olhos brancos me olhavam fixamente.
Meu coração deu um salto e apertei tanto o copo que ele estourou na minha mão, dei um grito, olhei e havia cortado minha mão. Danny veio correndo da sala, olhei para a janela novamente, mas nada, seja o que for não estava mais lá.

- Jasmim o que aconteceu? – Olhei para ele assustada e como que por reflexo olhei pela janela novamente, tentando achar a explicação para aquilo que tinha acabado de ver. – O que Jasmim? O que tinha lá fora? – Ele perguntou depois de seguir meu olhar.

- Não sei ao certo, você não acreditaria. – Não sabia nem se eu acreditava.

- Tente. – Ele pegou um pano de prato que estava ao lado da pia e enrolou na minha mão que sangrava. – sinceramente não sei que bicho me mordeu, mas me abri com ele.

- Vi alguém. – Ele me olhava atentamente. Tomei fôlego. – Alguém com os olhos totalmente brancos. Brancos fluorescentes. – Esperei ele me chamar de louca.

- Você conseguiu ver quem era? – Estava pasma. Ele estava acreditando em mim?

- Não.

- Desculpe, vou ter que correr. Você vai ficar bem? – Ele disse apontando para a minha mão, já não estava sangrando tanto.

- Sim. Vou ficar bem. – Ele foi caminhando na direção da porta. – Danny?

- Sim. – Ele se virou para mim.

- Você sabe quem era a pessoa lá fora?

- Espero sinceramente que não. – Dizendo isso ele se foi.

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