Meu corpo todo provava de um estado de inércia ao cruzar o portal que marcava a saída do bosque, algo dentro de mim estava pegando fogo, minha vontade era de correr de volta e bater nele, correr sem rumo até a minha bronquite explodir com meus pulmões.
Olhei para trás, ele não me seguia, de certa forma isso me deixou decepcionada, não havia nada alem dos dois guardas encostados na guarita na entrada do parque, olhar para eles fez com que me sentisse uma idiota, “Porque não me lembrei deles ontem, quando achava que estava sendo atacada?” eles me olhavam com uma cara que me fez imaginar como estava minha cara.
Cheguei em casa, meu pai ainda não havia voltado. Fui direto para o quarto, meu MSN estava aberto e estava piscando, era a Ana, não contei nada, mesmo com ela me questionando o motivo de eu ter demorado quase meia hora para responder, expliquei que estava lá em baixo fazendo algo na cozinha e que havia esquecido o MSN aberto.
Decidimos que no dia seguinte depois do colégio iríamos ao shopping, precisava me distrair mesmo, minha cabeça estava torrando meus neurônios.
Tomei um banho e deitei na minha cama, fechei os olhos sem me permitir pensar em absolutamente nada, mas os meus sonhos não são controláveis. Aquele pesadelo de novo.
Está chovendo, acordo no meio da noite, sinto que há algo errado, desço as escadas descalço e correndo, saio na rua, um carro está parado lá, bem no meio, com todas as portas abertas, me encharco inteira, mas não ligo. Corro até o carro, uma mulher está estirada lá, tem sangue por toda parte. Ela apenas diz, “Cuide do meu bebê” olho em volta não há criança alguma. Digo a ela que “Não consigo encontrar seu filho”. De repente ela vira Gabe de olhos brancos, que agarra meu pulso e diz “Te Achei” essa era nova, Gabe literalmente havia virado meu pior pesadelo. Acordei assustada e suando como sempre, respirei fundo e disse a mim mesma “É só um maldito pesadelo”, voltei a dormir.
Na escola tudo correu bem, Gabe não foi, flagrei a mim, olhando para seu lugar vazio, um milhão de vezes, obviamente que sua namorada Glitter me pegou olhando para lá e não pareceu gostar muito desse fato.
A Ana e eu fomos ao shopping depois da aula, o pai dela nos deixou lá de carro, era legal andar de carro de vez em quando, era mais legal ainda fingir que ele era meu pai. Entramos em varias lojas, a Ana comprou um monte de coisas, ela simplesmente surtava em locais como aquele, definitivamente os pais dela iriam pirar quando vissem a fatura do cartão de credito. Só fiquei olhando e concordando com as roupas que gostava, embora a maioria não fizesse meu estilo.
- Acaiah você não vai levar nada? – Não é que meu pai ganhasse mal, é que ele não me dava dinheiro para roupas de marca. Roupas eu tinha, elas só não eram muito legais.
- Não trouxe dinheiro Ana, deixa outro dia levo alguma coisa.
- Não senhora, já foi um parto te arrastar para shopping, ainda não sei como você concordou tão fácil.
- Até parece.
- Vamos compro alguma coisa depois você me paga. – Sabia que isso era desculpa, ela não em deixaria pagar depois, mas discutir também não era uma opção.
- Ok. Você sabe que não gosto disso, mas vai hoje você venceu!
- Boa menina. – Ela já voltava para os locais onde as roupas estavam. - Gostei daquela blusinha verde escura em “V”, combina com seus olhos, ela com uma calça jeans decente vai fica perfeita.
- Minha calça é descente.
- É só que com ela você parece que não tem bunda, uma nova vai marcar seus atributos.
Resolvi não discordar e provar a roupa que ela falou. A calça jeans escura ficou ótima, tenho que admitir que minha bunda estava realmente mais bonita nela, minhas coxas também.
Quanto à cor da blusinha ela também acertou, verde esmeralda combinava com meus olhos, mas o decote em “V” não me agradou, escolhi outra, da mesma cor, mas regata normal, justa. Eu estava realmente bonitinha, era de extremo bom gosto e bem diferente do que estava acostumada a usar.
Geralmente era nada de decotes, nada de roupas apertadas e coloridas demais. Ela me fez sair vestida daquela maneira do provador, carregando as etiquetas para o caixa, no caminho ainda comprou um brinco para combinar, mais duas blusas e um vestido relativamente curto, que quem sabe em alguma outra encarnação eu tivesse a ousadia de usar.
Fomos direto para o banheiro com ela me puxando pelo braço a longos passos, quase correndo. A Ana tinha alguns surtos de me fazer parecer sua boneca de estimação, geralmente eu invocava, mais hoje, estava mesmo precisando de distração, inacreditavelmente estava me divertindo com aquilo tudo. Ela fez uma maquiagem rápida em mim no banheiro, batom, lápis de olho e rimel. Com certeza minha amiga em nada se parecia com as Glitter’s, mas tinha seu kit de primeiros socorros sempre à mão.
- Pronto. Agora vamos desfilar por aí. Vamos tomar um sorvete.
- Olha amiga gostei do Look, mas não sei não e ficar carregando essas sacolas todas, não vai ser divertido.
- Chega Acaiah. Você vai e pronto, alias não vamos carregar as sacolas, a vendedora manda tudo para a minha casa depois.
Subimos ate a praça de alimentação e todos nos olhavam, não podia negar que era divertido chamar atenção, mas ao mesmo tempo incomodava. afinal de contas a ultima vez que chamei atenção foi quando tropecei na educação física e cai de cara no chão e não foi nada agradável.
- Viu Acaiah. Não disse?
- O que exatamente?
- Por Deus, não disse que você está linda?! Os caras não param de babar em você.
- Oh. Isso. Ah estão olhando para você também. – Os meninos passavam assobiando e chamando nossa atenção de maneiras diferenciadas.
- Vamos achar uma mesa e pedir uma porção de batatas com bacon.
- Agora você falou a minha língua estou morrendo de fome. – Nos não havíamos almoçado ainda e meu estomago roncava.
Sentamos e enquanto esperávamos a batata e o refrigerante, dois rapazes sentaram na nossa mesa, eu queria morrer, nós não os conhecíamos, mas a Ana conversava naturalmente com eles, como se já fossem amigos, tentei fazer o mesmo, mas não estava dando muito certo. Um dos caras sentou perto de mim, muito perto.
- Então como a princesa se chama? – Pensei. Serio? Princesa? Ah por favor.
- Jasmim. – Respondi o básico. Uma lembrança tomou conta da minha cabeça. “- Jasmim combina com você. Doce demais, Frágil demais e não é muito bonita. Definitivamente, não é a minha flor favorita.” – Gabe.
- Lindo nome. – Ele dizia sorrindo de um jeito bobo.
- Obrigada. – Estava ali do lado de um cara lindo, que estava me tratando super bem e só conseguia pensar no ogro do meu colega de classe?!
Pensei que fosse desmaiar quando olhei para a mesa da frente, senti aquela impressão de que alguém está te olhando e lá estava ele, olhando para mim, de uma forma intimidadora, Danny estava com ele. Voltei minha atenção para o menino do meu lado.
- O meu é Rafael. Você tem namorado? – Queria que ele sumisse, eu queria sumir. Estava tonta, não conseguia respirar, minha cabeça girava, Gabe não tirava os olhos de mim.
- Não. Não tenho namorado.
- Gostei dessa informação. – Tentei sorrir, mas não acredito que tenha sido muito convincente.
Olhei para Gabe e Deus como ele era lindo, estava de azul e jeans, seu cabelo com leves cachinhos, como sempre, sua boca perfeita, mas seus olhos não estavam amigáveis, seria possível ele me detestar tanto assim a ponto de odiar me encontrar no shopping?!
A tristeza aumentava a cada segundo, estava a ponto de cair em prantos, aquilo estava acabando comigo, porque estava triste afinal? A Ana pareceu notar algo estranho, ela olhou para trás, os viu e ficou transparente.
- Meninos minha amiga e eu vamos ao banheiro. Já voltamos. – Ela disse já levantando da mesa, não disse nada, parecia que ia vomitar literalmente ele revirava meu estomago. Entramos as pressas no banheiro.
- Amiga estou ferrada, com aqueles dois na nossa mesa minhas chances com o Danny foram para o espaço. – Me apoiei na bancada da pia e olhei no espelho. – Você viu como o Gabe está lindo?
- Oh meu Deus, você notou? Você viu?
- Olha Acaiah você está me preocupando é claro que vi, o cara está deslumbrante. Bom temos que despachar aqueles dois, pena porque são bem gostosinhos.
- Ana. - Ia acabar vomitando meu coração, porque ele realmente parecia estar localizado abaixo das minhas amídalas.
- O que? Vai falar que não achou? Esquece, temos que voltar rápido antes que o Danny vá embora, quem sabe ainda consigo reverter à situação.
- Oh céus, tudo bem, vamos lá recuperar seu príncipe encantado.
Saímos do banheiro, olhei para nossa mesa, os caras ainda estavam lá, nossa batata tinha chego e minha fome foi para o espaço no momento que vi Gabe e Danny na nossa mesa também, senti a Ana ficando rígida ao meu lado, mas continuamos indo em direção a eles. Nos sentamos novamente eu estava de frente para Gabe e ao lado do Rafael.
- Então. – Porque os garotos começam a puxar conversa com “Então”? – Cara você é linda.
Tentei não fazer o que fiz, mas foi inevitável, olhei para Gabe, ele tinha os punhos fechados, sua respiração estava pesada e seus olhos não saiam dos meus.
- Sua boca dá vontade de beijar. – Oh... Agora as coisas estavam se complicando, só conseguia pensar “Oh Meu Deus”, consegui prestar atenção no que a Ana falava e ela dizia para o outro menino e para o Danny “O que? Vocês se conhecem?”. Voltei minha atenção para o Rafael.
- Ah Rafael... – Ele não me deixou terminar, colocou um dedo na minha boca e veio se aproximando, não tinha muita experiência nisso, mas o cara ia me beijar. Parecia que o tempo tinha parado, despertei com a voz de Gabe.
- Fique longe dela. Vai ser melhor para você. – Todos na mesa o encararam.
- Cara acho que ela deve escolher quem fica perto dela ou não. – Gabe ia responder, mas falei antes.
- Concordo. – Seu olhar era do mais alto nível de fúria. – Por isso vou para casa. Ana?
- Ah, sim claro. Casa. – Ela estava em choque, só não sabia qual de nós era o motivo. Nós duas levantamos e fomos em direção a saída, mudas, o que era novidade.
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