domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 4

Abri a porta devagar, ela exclamou um “Ai meu Deus”, imaginei que minha cara estava horrível, lavei meu rosto, peguei o bilhete e ela saiu do banheiro sem dizer mais nada, ela não ficaria esperando para ver o que estava escrito nele, já tinha lido a conhecia bem o bastante para saber isso. Estava escrito.


Me encontre no bosque as 19:00.
Por favor, vá.
G.


Não sabia o que pensar sobre isso, mas era obvio que não ia, nunca mais ia falar com esse garoto. Não mesmo. Passei o resto do intervalo me acalmando, meu rosto já não estava tão vermelho, voltei para a sala, senti os olhos de Gabe cravados em mim, mas não olhei na direção dele.

- Bem vinda de volta ao mundo dos vivos. – Apenas ri. Ana tinha essa capacidade me fazer rir, quando menos queria.

A aula era matemática, resolvi me concentrar, coisa que nos últimos dias estava se tornando difícil, estava quase terminando o dever que a professora passou.

- Acaiah, não sei que bicho te mordeu, mas continue assim. Espera ai me deixa copiar o ultimo.

- Hei sempre fui inteligente, sempre fiz todos os exercícios. – Fiquei um pouco irritada com o comentário dela.

- Você é inteligente sim amiga. Isso é indiscutível, mas sinceramente? Você vive no seu mundo, onde você não deixa ninguém entrar e hoje, depois de te ver chorando por um menino e gazeando aula, minha cara colega você está vivendo no meu só para variar e isso me deixa realmente espantada.

Não tinha resposta para isso, fiquei absorvendo essa informação enquanto ela terminava de copiar os exercícios, afinal todo mundo cola, senti uma bola de papel cair perto de mim, não tinha certeza se era para mim, mas alguma coisa me dizia que sim, juntei a bolinha com o pé, desembrulhei o papel, era a letra dele.


Olha para Mim.
G.


Virei minha cabeça na direção dele foi inevitável. Deus ele estava lindo, com uma calça jeans, camisa branca, cabelos de um castanho escuro meio compridinho, com alguns cachinhos, seus olhos escuros estavam me observando atentamente.
Ele era louco e estava querendo me enlouquecer também, mas a boca dele era a coisa mais perfeita que já tinha visto, toda vermelhinha. Voltei os olhos para o caderno, a Ana ainda não tinha terminado de copiar.
Estava enlouquecendo, esse garoto estava me deixando maluca. Queria negar, mas o fato de ele me mandar bilhetes me animava.
Não encontrei com ele na saída, mas estava convicta do fato de que não iria naquele bosque novamente. Vai que o cara quer me violentar ou matar.
Fui embora, limpei a casa, fiz meus deveres, tomei um banho e ajudei meu pai a fazer o jantar, por milagre ele estava em casa, tentei não pensar nele e quanto mais tentava mais eu pensava.
Quando fui lavar a louça, tarefa que deixei por ultimo, não deu mais para segurar, pensei em tudo o que aconteceu na noite anterior e nessa manha, tentei encontrar uma resposta lógica, para ter ido parar em casa sem me lembrar de nada, mas não achei nada. Se quisesse respostas teria de ir lá, percebi que pelo tamanho da minha ansiedade não conseguiria ficar em casa de qualquer maneira, terminei a louça e fui para o meu quarto com a desculpa de ter enxaqueca, meu pai engoliu essa.
Depois de um banho olhei no relógio eram exatamente 19:05 estava atrasada. Resolvi deixar um bilhete no meu caderno se ele me matasse ao menos a Ana encontraria este bilhete e descobriria que eu havia ido encontrá-lo.
Vesti um jeans e moletom, meu pai havia ido jogar boliche com os amigos que eu nem sabia que existiam, ele pareceu ficar aliviado com a minha “enxaqueca” caso contrario teria que me convidar para ir junto.
Esgueirei-me até o parque, talvez ele nem estivesse mais lá, estava ficando escuro, aproximei-me da minha arvore favorita, era onde o tinha encontrado ontem, mas parei quando ouvi vozes.

- Isso não vem ao caso Gabe.

- Você não está entendendo... É diferente, não quero mais fazer isso.

- Não. Não é. Gabe isso é... Ah cansativo, já passamos por isso e sabemos como as coisas acabam você foi escolhido para fazer isso, é importante que você conclua essa tarefa.

- Acho que dessa vez...

- O que? O que você acha que vai mudar? Você não pode mudar, acabe com o problema.

- Luke. Não quero...

- Mandei acabar com o problema, ainda mando em você. Entendido? – Silencio, não conseguia entender o conteúdo da conversa, mas começa a suspeitar que o problema a ser resolvido fosse eu. – Entendido Gabe?

- Sim. Senhor. – Não podia vê-los, mas ele parecia muito irritado em ter de acatar as ordens. O outro cara se afastou. Não me mexi, ia esperar ele sair, para poder ir embora. O que ele quis dizer com acabar com o problema? Eu era o problema?

- Sei que você está ai Jasmim, pode sair de trás da arvore. – Tipo assim “Meu Deus”. Meu coração congelou por um breve segundo. Apoiei-me na arvore e se pudesse entraria dentro dela, só conseguia pensar “Que mico, que mico”. Não tive outra escolha a não ser respirar fundo, fazer minha melhor cara-de-pau e sair de lá, ele me olhava com ar de deboche.

- Hey! Oi Gabe. – Me sentia uma completa idiota.

- Então você resolveu aparecer – Ele se aproximou de mim, seus olhos estavam normais, isso foi um alivio. Ele me olhava de um jeito, como se eu fosse transparente e ele pudesse ver tudo que estava pensando ou sentindo, meu nível de adrenalina estava a mil.

- O que você queria falar comigo Gabe?

- Mudança de planos, você se atrasou, agora a conversa é outra. – Droga!

- Então... Por acaso... Eu sou o problema? - Ele apenas concordou com a cabeça. Ótimo. Esqueça a adrenalina.

- E como você vai resolver o problema? – Engoli em seco.

- Ainda estou trabalhando nessa idéia. - Estava tremendo, eu era o problema e ele precisava acabar com o problema. Não precisa ser bom em cálculos para deduzir que ele precisava acabar comigo.

- Preciso te pedir uma coisa. – Ele se aproximou - Um beijo. – O que?!

- Você enlouqueceu? E a sua namorada? E o que aconteceu aqui ontem à noite? Não esqueci Gabe, tive pesadelos com aqueles olhos à noite toda. Você me tratou como lixo na escola e agora quer um beijo.

- Não quero que você me perdoe, quero que você me beije.

- Você me dá nojo. – Me virei para ir embora, ele me segurou pelo braço.

- Não. Não dou. Se desse você não estaria aqui.

- Meu Deus! Seu ego consegue ser maior do que suas grosserias.

- E você consegue ser mais chata do que imaginava. – Soltei meu braço que ele ainda segurava.

- Você é petulante, arrogante, presunçoso, egoísta e mentiroso.

- Você é boa.

- É você já me disse isso, vou para casa.

- Não vou desistir do beijo.

- Vai perder seu tempo. Porque você não vai beijar a sua namorada?

- Pode apostar que vou. – Ele disse isso, soltando meu braço. Aham esse garoto estava me tirando do serio, caminhei para casa, ele não me seguiu. Não consegui as respostas que desejava, mas ia descobrir o que estava acontecendo, isso eu ia.

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