domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 3

Motivos queria arrancar alguns de dentro de mim. Primeiro: O motivo de ele ser tão grosseiro e de repente parecer tão gentil, tudo bem que ele se definiu como complicado e isso era realmente... Um pé no saco. Segundo: O motivo de isso mexer de uma forma diferente comigo, ele me trazia uma mistura de sensações que não queria nem pensar no que poderiam resultar e por ultimo o motivo de ele estar ocupando uma boa parte dos meus pensamentos e isso realmente me deixava preocupada. Ao toque do sinal, levantamos e fomos embora.
No ônibus escolar o avistei no mesmo lugar, lá no fundo, mas desta vez havia outros lugares sobrando, sentei na frente, olhei para trás algumas vezes, ele não me olhou nenhuma.
Cheguei em casa, joguei minha mochila no sofá, ninguém estava lá, como praticamente todos os dias, iria almoçar sozinha de novo.
Meu pai é piloto de avião, ele ama seu emprego, ama viajar... Amava ainda mais minha mãe. É isso mesmo amava no passado, ela morreu ao dar a luz. Não que ele me culpe, mas acho que prefere viajar como um louco, a ter que passar mais de um dia ao meu lado.
Meus pais eram pessoas felizes, seu casamento de quatro anos era perfeito, mas minha mãe queria um filho, isso foi um erro, a gravidez foi horrível. Ela passou mais de cinco meses na cama, mal podia se mover, resumindo matei minha mãe aos poucos, para piorar meu pai queria um menino, ele é um cara legal, engraçado, leal, mas algo dentro dele se quebrou no dia em que nasci.
Passei a tarde arrumando a casa e tentando estudar, mas precisava relaxar um pouco, a vantagem de se morar na frente de um bosque municipal, é poder ler debaixo das arvores em um dia quente, então aproveitei o calor e me enfiei em baixo de uma arvore para ler, quando leio me perco no tempo.
Uma vez a Ana me perguntou por que gostava tanto de ler, devo ter respondido algo como – Sei lá – mas na verdade eu sei, gosto de ler porque a vida nos livros é melhor do que a minha.
Já devia ser umas sete horas da noite, mas como ainda havia sol por causa do horário de verão não me preocupei muito com o fato de estar ficando tarde, resolvi que não havia mal algum em ler mais um capitulo, ou dois. Na ultima vez que ergui meus olhos do livro, minha bunda formigava e a lua estava brilhando, definitivamente meu pai ia me matar, isso porque hoje ele voltava de viagem. Peguei minha bolsa e me aprecei em sair do bosque, o fato da minha arvore preferida ser bem no meio dele, não ajudou muito.
Comecei a ouvir passos, ou melhor, a ouvir folhas sendo pisadas. Um medo enorme tomou conta de mim, me senti fraca, estava há horas sem comer e essa carga de adrenalina repentina, não estava ajudando. Escondi-me atrás de uma arvore e esperei os passos se afastarem, mais eles fizeram ao contrario, estavam cada vez mais próximos.
Podia jurar que era mais de uma pessoa, senti vontade de vomitar, meu coração estava a mil, vi alguém se aproximar de moletom e capuz, cabeça abaixada, aquilo me deu tristeza, estranho o medo tinha ido embora.
Não tinha nada ali comigo para ser roubado, mas a gente ouve historias de que fazem coisas bem piores com meninas em bosques. O sujeito veio se aproximando, estava com medo, mas agora era um medo normal, aquele que havia sentido a pouco quase tinha me feito entrar em um colapso nervoso em segundos.
Estava triste, infeliz e não conseguia entender o motivo era para estar sentindo pânico. O cara parou na minha frente, não conseguia correr minhas pernas não se mexiam, também não resolveria nada, ele me alcançaria em segundos.
Sentia meu coração se derretendo de tristeza, como cera em contato com o fogo, ele ergueu a cabeça e o que vi foi demais para a minha sanidade. Ele tinha os olhos brancos fluorescentes, aquilo de jeito algum era uma lente de contato, mas a pior parte foi ver que o sujeito era Gabe mesmo com os olhos daquela cor o reconheci, nos encaramos por alguns instantes. Virei o rosto para ver de onde vinha o ruído que ouvi, quando voltei meus olhar para Gabe, seus olhos estavam normais.

- Jasmim o que você está fazendo aqui? – Queria responder, mas não conseguia como os olhos dele estavam daquela cor? Como eles voltaram ao normal tão rápido? Isso eu não sabia, só sabia que a tristeza tinha passado. – Jasmim?

- O... O que... Você... Eu vi.

- Jasmim preciso que você se concentre e saia daqui. – Queria respostas, não ordens. Ele deu um passo para frente e me movi para o lado para me afastar, acabei tropeçando em uma raiz e caindo.

Ele caminhou na minha direção, levantei com dificuldade, deixei minha bolsa no chão e corri. Tentei olhar para trás, mas ninguém me seguia, parei em outra arvore para tomar fôlego, afinal correr com bronquite asmática não é lá uma boa idéia, meu coração quase parou quando senti alguém se aproximando, meu medo agora tomava conta de cada célula do meu corpo. Não agüentaria mais correr, mal conseguia respirar, apenas fechei os olhos e esperei. Senti uma mão cobrir minha boca.

- Por favor, Jasmim, não grite, vou soltar você, mas não grite. – Abri meus olhos e os dele estavam normais. – Preciso da sua colaboração. Você está me entendendo? – Acenei com a cabeça que sim, ele começou a baixar a mão e me preparei para correr, gritar, chutar ou qualquer coisa que me livrasse dele, mas percebi que não estávamos sozinhos tinha alguém parado a poucos metros de nós com aqueles olhos brancos. Fiquei imóvel olhando nos olhos de Gabe, ele sustentou meu olhar, será que ele realmente teria coragem de me matar?

- Gabe? – Perguntou o outro cara, Gabe não olhou para ele, só ficou lá me encarando. – Gabriel?

- Estou ocupado. – Meu Deus como estava com medo. Aquela voz firme e grossa me dava arrepios que iam dos meus pés até meu último fio de cabelo.

- Mas...

- Já disse que estou ocupado, essa é minha, cai fora. – O outro cara não disse mais nada, apenas se afastou. Gabe continuava me olhando.

- O que Diabos é você? – Por mais que estivesse a ponto de entrar em colapso, não podia deixar de perguntar.

- No atual momento, o cara que salvou sua vida.

- Isso ou o cara que tentou acabar com ela 5 minutos atrás?

- Você não deveria estar aqui, vá para casa, durma um pouco e conversamos amanha.

- Você acha mesmo que vou para casa, dormir e esquecer tudo como em um passe de mágica? – Ele simplesmente sorriu, foi um sorriso debochado e totalmente sexy, se o cara não fosse pirado, estranho e maníaco teria sido um momento encantador.

- Desculpe por isso.

- Desculpá-lo pelo que? – Ele não respondeu apenas se aproximou e por mais que meu interior gritasse que aquilo era arriscado não tive reação, ele me beijou, achei que iria empurrá-lo, que não gostaria do beijo, mas me enganei e muito. Eu Gostei.

Só o que lembro depois disso foi acordar na minha cama na manha seguinte, sem lembrança alguma, de como, quando ou com quem fui embora. Acordei meio zonza e me dirigi por instinto para a escola, estava totalmente ansiosa, hoje conseguiria minhas respostas. Chegando lá vi que Gabe conversava com a Samara, mais pensei que depois daquele beijo ele não ligaria se interrompe-se a conversa.

- Gabe posso falar com você?

- Não. Não pode. – Certo não esperava por isso, qual é a do cara afinal?!

- Gabe preciso falar com você sobre ontem à noite – Tentei fazer uma cara convincente, achei que na ameaça do seu segredo ser revelado ele iria acabar cedendo.

- Do que você está falando? – Ele estava se fazendo de João-sem-braço, mas essa tática não ia colar comigo.

- Você sabe muito bem do que estou falando. – Poderia jurar que sua cara era de pânico total, ele queria passar confiança, mas estava muito assustado.

- Garota você tem sérios problemas. Gabe passou a noite toda comigo. – A idiota da Samara se intrometeu na conversa. Para falar a verdade à idiota era eu, só nessa hora fui notar que eles estavam de mãos dadas.

- Desculpe? – Tudo bem admito a resposta foi muito monga, mas estava em choque.

- Gabe é o meu namorado e estava lá em casa ontem a noite. – Tentei repelir a idéia de imaginá-los juntos, mas não pude uma cena dos dois na piscina gigante da casa dela aos beijos me veio à mente. – Gatinho fala para essa garota sair daqui, ela está enchendo meu saco. – Gatinho?! Qual é.

- Jasmim. – Não o deixei terminar não ia dar o gostinho de ele me enxotar, me virei e sai de perto deles, fui até o banheiro e chorei, muito, durante muito tempo.

Perdi as duas primeiras aulas, ele notaria, ele era da minha sala, mas e daí, não tinha condições de passar por isso, com eles rindo da minha cara, estava em um misto de raiva e dor. Como ele pode fazer isso comigo? Nunca tinha beijado ninguém. Alguém entrou no banheiro, encolhi minhas pernas, poderia ser uma professora atrás de mim.

- Acaiah você esta ai? – Ufa era a Ana.

- Sim.

- Que Diabos aconteceu? Você nunca gazeia aula.

- Nada. Só não estava afim. - Disse tentando disfarçar a voz rouca e fanha.

- Sei. Por algum acaso esse seu estado de espírito, nada tem a haver com o fato de Gabe e a Ruiva estarem namorando? – Ia responder que não, mas não consegui. – Certo. Sabia. Amiga ele não serve para você é melhor assim, não vou com a cara dele.

- Verdade. – Concordei, de certa maneira era a mais pura verdade, qual é o cara tentou me matar, me beijou e estava namorando a garota mais nojenta da escola.

- Bom de qualquer forma, ele me mandou um bilhete para você, está aqui comigo, nem sei se deveria te entregar isso, ou se deveria perguntar o que aconteceu entre vocês dois. Enfim... Vou te dar a droga do bilhete saia daí, lave o rosto que vamos entrar no intervalo porque isso aqui vai ficar lotado das Glitter, pegue seu bilhete e tenha a dignidade de me contar essa historia toda quando estiver mais calma.

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