quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 37

Fui arrastada para fora do castelo, literalmente arrastada, fiz força para não me mover, mas Michael era mais forte, ele me levou pelos cabelos para trás da casa de Luke, estava tudo um breu e lá havia mata fechada, porque essas coisas sempre acontecem em local sem iluminação e afastado da civilização?!
Meu rosto foi atingido por vários arbustos, meu cabelo parecia que ia se desprender da cabeça, pela força com a qual ele era puxado, perdi meus sapatos enquanto tentava me soltar, meus pés agora estavam sendo esfolados, gritei, chorei, me desesperei, tentei me soltar, mas não adiantou.
Michael me levou até uma cabana bem afastada do castelo, Gabe jamais me acharia ali, de qualquer maneira ele estava bem longe, fui arremessada porta adentro, cai no chão, mal conseguia me mover, nem sei explicar qual parte do meu corpo doía, talvez porque todo ele estivesse doendo, avistei uma maca, havia alguém deitado nela. Ana.
Depois de um tempo consegui me mover e levantar, me apoiando na maca, Michael revirava algumas caixas, me debrucei em cima da Ana, ela não se movia, mas estava respirando.

- Ana? Ana! – A chacoalhei, mas ela não se mexia.

- É inútil, ela está dopada. – Filho da mãe. Olhei para ela de novo, a Ana parecia bem, só estava dormindo.

- O que você fez com ela seu monstro? – continuei tentando acordá-la.

- Nada. Você era o meu objetivo, ela foi só uma distração. – Então ele havia usado a Ana, para tirar Gabe de perto de mim. – Monstro? Eu? Acho que o único monstro aqui é o seu namorado, foi ele quem matou a mulher que eu amava.

- O que você quer de mim? – Berrei. Ele se aproximou de mim, falou em meu ouvido.

- Quero ver a vida se esvair dos seus olhos. – Me deu vontade de vomitar. – Coloque isso. – Michael me entregou um vestido vermelho de alçinha, meio desbotado. – Quero que você morra com a mesma roupa que ela. – Nunca imaginei como seria estar perto da morte, era desesperador.

Coloquei o maldito vestido, não tinha outra opção, ele se virou para que eu fizesse isso, ao menos teve essa decência, a Ana, não se mexia, parecia tranqüila dormindo, melhor assim, não queria que ela visse o que estava por vir. Michael me deu um tapa na cara, parecia que a minha pele tinha sido queimada.

- Isso é por você não se parecer com ela. – Esse cara era um psicopata, mas se eu tinha achado o tapa, ruim era porque não sabia o que estava por mim.

Passei por uma eternidade de torturas, ao menos foi o que pareceu, ele alternava, entre tapas, puxões de cabelo, mas isso não era o pior, nada se comparava com o que ele estava fazendo com o meu emocional, de alguma maneira ele estava jorrando algum tipo de sentimento em mim, mas ele não estava se alimentando, podia jurar que era medo, sim um medo absurdo, era isso que ele estava me dando, mas porque não estava tomando nada no lugar?!

- Implore! Implore pela morte. – Sádico desgraçado. – Você pode acabar com isso. – Com essa frase veio mais uma carga de medo, seguido por um empurrão. Voei por cima de alguns utensílios, nem sei dizer se aquilo doeu, meu corpo já estava ficando amortecido, Aquele medo era demais para suportar, mas não estava tão forte quanto no dia da festa da Ariel, provavelmente porque ele não estava sugando nada.

Aconteceu tão rápido que mal tive tempo de reagir, não sei como, mas a Ana se levantou da maca e subiu nas costas do Michael, ela gritava “corre”, sabia que ela não poderia segura-lo, por muito tempo, mas não podia deixá-la lá com ele. Não me mexi por uns segundos. Ela disse novamente “corre” e foi o que fiz, sai dali correndo, deixando minha melhor amiga para trás.
Corri o Maximo que pude, minhas pernas não obedeciam, estava meio tonta, chorava compulsivamente, olhei para trás e Michael, estava atrás de mim, graças a deus pensei, ao menos a Ana teria tempo de fugir, era questão de minutos bem curtos, até ele me alcançar.

- Socorro! Alguém me ajude, por favor. – Tentei pedir ajuda, que novamente não viria, não seria mais fácil, parar de correr e deixá-lo me matar logo?!

Aumentei a velocidade, mas não era muita coisa, vi alguns vultos a minha frente, quando me aproximei, vi tudo acontecer em câmera lenta.
Os sete sugadores que conhecia estavam parados na mata, como estatuas, tudo pareceu desacelerar, me senti como naquela cena do filme King Kong assim que salvam a Anne e ela atravessa o portal e vê que os marinheiros querem capturar o gorila, mas ao contrario dela, eu não parei, não lutei por ele, queria mais que aquele monstro morresse.
Passei por Gabe, bem ao seu lado, mas ele não me olhou, todos olhavam para frente, olhavam para Michael, continuei correndo e tudo voltou a velocidade normal, ouvi vários barulhos e gritos atrás de mim, continuei em frente, eles eram em sete contra um, eles davam conta, não davam? A resposta era Não.
As coisas lá trás não estavam boas, alguns deles me alcançaram correndo, todos eles estavam correndo e Michael, estava logo atrás de nós. Como aquele cara conseguia ser mais forte que todos eles, juntos?!
Gabe estava correndo ao meu lado e me disse “não pare”, todos eles corriam, aquilo, não nos levaria a nada, uma hora ele nos pegaria, se não fosse hoje, seria outro dia.
Senti algo muito diferente em mim, uma espécie de asco, nojo, meu estomago estava embrulhado, meus músculos estavam se enrijecendo, não sabia o que era aquilo, mas era como um instinto derrepente, meu corpo sabia o que fazer. Parei de correr, todos os sugadores também pararam, como se eles também tivessem sentido algo. Me virei para Michael e esperei ele chegar bem próximo, então tudo aconteceu.
Olhei fixamente nos olhos de Michael, os dele estavam ficando brancos, ele iria se alimentar, algo dentro de mim mudou, me senti forte, protegida, sem medo, sabia de algum modo que era aquilo que devia fazer, minha pele estava terrivelmente fria e sentia meus olhos estranhos e então ele se dissolveu em uma poeira branca fluorescente, assim como os olhos dos sugadores.

- Isso pode ser potencialmente problemático. – Disse a Beth. Porque todos me olhavam tão assustados?! Como consegui matar Michael?! Sua nuvem de poeira ainda pairava no ar.

- Jasmim? – Gabe estava tão perplexo, quanto eu. Jamais o vi daquela maneira.

- Não sei como... Eu não... – Ele me abraçou, vi Danny sair correndo ao menos alguém tinha se lembrado da Ana.

- Eu avisei para acabarmos com essas menininhas. – Disse Alan, Gabe se colocou d=na minha frente, me protegendo com o seu corpo, se fazendo de escudo para mim, mas não conseguia entender, o Michael não era o problema afinal?! Porque estavam todos se virando contra mim agora?!

- Ninguém vai chegar perto dela. – Disse Gabe.

- Você sabe o que isso significa Gabe? – Do que Luke estava falando?!

- Não sabemos de nada ainda. – Gabe não estava nada feliz. – Vou levá-la para casa. – Aquilo não era uma pergunta, era uma afirmação.

- E a Ana? – O que fariam com ela?!

- Ela vai ser levada para casa, assim que arrumarmos outro local e a policia for chamada, vamos simular um rapto mesmo, para os pais dela não desconfiarem. – Mentira em cima de mentiras era assim que seria minha vida dali para frente?!

Saímos de lá, mais nenhum deles falou nada, mas me olharam até o ultimo segundo como se eu fosse um ET.
Gabe foi me levar até em casa, meu corpo doía , viemos no carro sem trocar nenhuma palavra, ele não parecia nada bem. Seria sempre assim? Estaríamos sempre em guerra? Ele parou o carro na frente de casa, entramos ainda em silencio, nem sinal do meu pai, tudo estava como eu havia deixado, dias atrás. Impressionante o fato do Sr. Acaiah, não notar a ausência da sua única filha, desaparecida há dias. Troquei de roupa, tirei aquele maldito vestido.
Estava me cansando dessas sensações de ser “sugada”, que efeitos isso poderia me trazer daqui a alguns anos? O que isso faria com meu emocional? Coloquei água para esquentar, nem sei ao certo o motivo, talvez fosse só pelo habito ou quem sabe estivesse tão imersa em coisas estranhas que queria fazer algo simples, como colocar uma chaleira no fogo, para me sentir humana.
A Ana não saia da minha cabeça, aquelas cenas não saiam da minha cabeça e pelo jeito não sairiam tão cedo. Como minha amiga conseguia lidar com aquilo tão melhor do que eu, como ela e o Danny pareciam lidar com tudo tão melhor que Gabe e eu. Tinha inveja dos dois e essa historia de inveja boa não existe, inveja nunca é bom.
Me dei conta que estava parada na frente do fogão a vários minutos, olhei ao redor, tentando achar Gabe, ele estava parado próximo a bancada me encarando, aquilo por algum motivo me deu arrepios.

- Está com fome? Vou fazer algo pra comer. – A pergunta foi retórica, ele não estava com cara de fome, estava com cara de “vou embora”.

- Isso é bom, você precisa se alimentar. – Não estava gostando do tom de Gabe, alguma coisa estava muito errada.

- Nós precisamos, você parece abatido. – “Você parece abatido” imagina Jasmim, claro que não, idiota.

- Verificamos os vôos, seu pai deve voltar para casa hoje.

- Como assim verificamos os vôos? Você e quem mais? A CIA o FBI?

- Luke olhou para mim.

- Pena que o Luke não pode resolver todos os nossos problemas. – Estava sendo sínica, mas não conseguia evitar. Estava com raiva dele. Com raiva de mim.

- Estou tentando ter uma conversa civilizada com você.

- Bom, não está dando certo Gabriel, se esforce mais. – Ele apenas deu uma risada, aquele seu sorriso cínico.

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