quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 36

Não queria tocar naquele assunto, mas agora que Gabe estava bem, tive que me preocupar com aquilo, não era um fato que se podia ignorar.

- E Michael?

- Fugiu. – Gabe respondeu, com uma cara nada boa.

- Como assim? Você sabe o que aconteceu no bosque? – Não sei bem ao certo se queria saber daquilo, mas precisa perguntar.

- Danny conseguiu se afastar e ligar para Luke. – Por isso ele e a Ana tinham sumido uma hora. – Os primeiros a chegar foram Christofer e Alan, eles tiraram Michael de cima de nós, mas ele estava muito forte, por ter me sugado, Luke vinha logo atrás, como todos nós o tememos, Michael fugiu, ele estava muito veloz, para conseguirem ir atrás dele.

- Christofer e Alan? – Meu Deus não agüentava mais essa sensação de “informação demais para o meu cérebro”.

- Sim somos sete, aqui em casa.

- Aqui em casa? – Gabe morava ali?! – Quer dizer que você e mais seis pessoas moram em um castelo deprimente?

- Não deixe Luke ouvir isso, o lugar era do pai dele. – Isso estava ficando cada vez melhor, o tal de Luke tinha cara de uns 30 anos para mais, se Gabe tinha 133 e aparência de 19 anos, quantos anos aquele cara tinha?!

- Oh. – Sentei na cama, minha cabeça iria explodir, Gabe foi até um guarda roupa medieval e tirou de lá uma camiseta.

- Moramos com Luke e sua esposa Júlia, ela quem dirigiu o carro que você estava até aqui. – Sim me lembrava dela, acho que em simpatizei com sua calma e simpatia constante. – Danny também mora conosco, Chris, Alan e Beth. – Já havia visto todos naquela sala oval, mas não conseguia ligar os nomes as pessoas, exceto por Luke, Júlia.

Meu celular tocou no meu bolso, nem havia reparado que estava com ele. Olhei o visor era da casa da Ana. Provavelmente ela estava morrendo por noticias nossas.

- Oi amiga.

- Jasmim? – Ops, não era a Ana. Era a tia Su.

- Oi tia. Tudo bem? – Olhei para Gabe, com cara de desespero.

- Jasmim, onde vocês duas se meteram? – Ah meu Deus, o que a Ana Paula estava aprontando dessa vez?!

- Aham... Onde nós estamos? – Olhei para Gabe, ele fez cara de não sei como te ajudar. - Nós estamos na casa de um amigo, fazendo trabalho. Por quê?

- Não me trate como uma de suas colegas Jasmim. – Droga, a mãe da Ana era muito legal, mas quando estava fora do serio, o que parecia ser o caso, era osso duro de roer. – Quero saber exatamente onde é a casa desse amigo. Porque a Dona Ana me disse que estava passando uns dias na sua casa e hoje me ligaram da escola e disseram que vocês duas estão faltando á dias. – Ao ouvir aquilo meu coração parou. Onde a Ana estava? Entrei em pânico e fiz uma besteira por impulso, desliguei o telefone na cara da tia Su.

- O que foi isso? – Enquanto Gabe perguntava, meu celular já estava tocando novamente.

- Temos um mega problema. – Respirei fundo. – A Ana sumiu.

- Aconteceu o que com a Ana? - Danny entrou no quarto, pelo visto ele estava do lado de fora o tempo todo.

- Não sei direito Danny, a mãe dela ligou e não sabe onde a Ana está. – Quando terminei a frase ele já estava fora do quarto. Virei para olhar Gabe.

- Isso não vai acabar bem. – Ele saiu dizendo, provavelmente indo atrás do amigo. Tive uma sensação muito estranha, pela primeira vez minha amiga tinha problemas e eu não havia sonhado com ela. O que isso queria dizer?!

Sai atrás dele, me perdi por entre os corredores, finalmente segui uma menina, ela já tinha falado comigo antes, quando tentei entrar no quarto onde Gabe estava trancado, mas só agora, reparei nela, era a criatura mais linda e a mais estranha que já tinha visto. Cabelos negros como a noite, olhos extremamente azuis, as roupas era uma mistura de sexy e gótica. Depois de um tempo ela se virou para mim, parei de andar.

- Não precisa ficar com medo Jasmim, não mordo, a não ser que você queira. – Um homem parou do lado dela, Luke.

- Beth deixe a menina em paz. – Ele realmente comandava tudo por ali, ele me guiou até outra sala, toda preta, o lugar não era nada alegre.

Fiquei ao lado de Gabe, mas ele não me olhou, ninguém me olhou, todos estavam voltados para o Danny. Seu cabelo quase loiro estava todo revirado, seu olho castanho escuro, escondia um grande vazio. Acho que minha ficha só caiu naquela hora, todos começaram a discutir e entramos em um consenso. Michael havia raptado minha melhor amiga.

- Onde ele pode ter ido com ela? – Gabe perguntou.

- Nós os seguimos varias vezes, mas sempre perdemos seu rastro no mesmo lugar, podemos partir de lá. – Disse o cara que estava comigo no carro, sempre com cara de amargurado.

- Demoraríamos muito Alan. – Disse Danny, então aquele era o Alan. Os rostos começaram a criar nomes na minha cabeça. Esse Alan parecia ter uns 25 anos, mas era completamente infeliz ou algo do gênero, sua expressão era sempre de dor.

- Não temos outro opção Danny. Sabemos que ele não vai ficar com ela muito tempo. – Essa era a Júlia. Como assim não vai ficar com ela muito tempo?!

- O que isso quer dizer? – Perguntei.

- Que vocês duas deveriam ter ficado em casa. – Alan falou dando de dedo na minha cara.

- Para trás Alan. – Gabe disse me abraçando.

- Isso não vai ajudar agora pessoal. – Disse a Beth.

- Quietos todos. – Ordenou Luke. – Vamos partir de onde Alan nos disse, é a nossa melhor pista. Peguem os equipamentos. Jasmim. – Ele olhou para mim, alias todos olharam. – Você fica aqui. – Sozinha?! Cada um seguiu para um lado, ficamos ali só Gabe, Luke e eu.

- Quero ficar com ela Luke e se ele voltar? – Gabe não estava feliz com aquilo, na verdade nem eu. Algo dentro de mim gritava perigo.

- Já dei minha ordem Gabe, só ela fica e ponto final. Ele já tem o quer, não virá atrás dela.

Luke saiu da sala também, o lugar era enorme e fazia eco, por todos os lados, todos falavam alto e o chão do castelo todo rangia. Gabe me abraçou e beijou minha cicatriz, agora teria aquilo no meu rosto para sempre.

- Vou voltar logo e vamos trazer a Ana. – Não sabia o que responder, não queria que ele fosse, não queria ficar sozinha, mas a Ana precisava mais dele agora do que eu.

- Sei disso. Tenha cuidado Gabe.

- Não me subestime. – Ele disse tentando ser o velho Gabe de sempre, mas ele não estava bem, algo dentro dele havia mudado.

Todos saíram, usaram os mesmos dois carros com os quais tínhamos vindo para cá, eu tinha uma longa noite pela frente no castelo do Conde Drácula e isso não era divertido. Rezei. Não me lembro de ter feito isso antes, nem por Gabe eu rezei, mas a Ana... Não dava para ficar sem ela, talvez eu soubesse no fundo que Gabe podia se defender ao menos um pouco, mas a Ana devia estar assustada. Rezei durante muito tempo.
Tentei achar alguma coisa para comer, finalmente achei a cozinha, o fogão era a lenha ou seja cozinhar estava fora de questão, não saberia usar aquilo. Parti para a geladeira, essa era mil vezes maior que a da minha casa e era de ultima geração, ela parecia deslocada naquele lugar, abri a porta e nunca havia visto tanta comida na minha frente, parecia à sessão de frio de um supermercado. Não estava com fome, não peguei nada, tentei explorar a casa e não pensar na Ana, nem no risco que Gabe também correria, entrei em vários cômodos, vários quartos, mas não havia objetos particulares ali, de nenhum deles.
Imaginei a vida que Gabe era obrigado a levar, me lembrei que uma vez ele me disse que saber o que as pessoas sentem, era uma prisão. Será que era verdade, ele conseguia saber tudo o que os outros sentiam o tempo todo? Danny também me disse algo parecido quando foi a minha casa me pedir para se afastar de seu amigo. Se eles realmente podiam fazer isso, aparentemente nenhum deles gostava disso, todos os cantos da casa exalavam aprisionamento, infelicidade, segredos.
Escureceu e não havia achado nada para acender aquelas velas, era praticamente impossível enxergar qualquer coisa, devia ter me preocupado com isso, quando estava claro.
Andei seguida pelo meu tato, que burrice, como deixei para procurar um fósforo na ultima hora?! Varias vezes bati o quadril em vários moveis, bati meus pés umas mil vezes. Derrubei uns dois vasos, Luke não iria gostar daquilo. Ouvi um ruído, próximo a mim, algo caiu no chão.

- Gabe? Danny? – Definitivamente tinha mais alguém ali comigo. – Gabe?

- Não. Sentiu minha falta?

Ele agarrou meu cabelo, me arremeçou contra uma parede, cai no chão seriamente machucada, nunca havia quebrado nenhum osso, mas a dor deveria ser bem parecida. Enquanto tentava me levantar, levei um chute no estomago, tossi sangue, não conseguia respirar, mal me recuperei e Michael me chutou de novo, cai de barriga para cima, não conseguia levantar, precisava correr.

- Perguntei se sentiu a minha falta? - Ele queria que eu respondesse aquilo?!

- Você não vai...

- O que? Conseguir me safar dessa? – Ele me ergueu pelo pescoço, estava me sufocando, meus pés não tocavam o chão. – Acho que vou. Todos os idiotas que moram aqui foram para o lado errado.

- Cadê a Ana? – A risada dele foi diabólica.

- Vou fazer com você o mesmo que fiz com ela. Vou me divertir primeiro. – Onde estava Gabe?! Precisava dele. Tive a impressão que a diversão de Michael, não ia ser legal.

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