quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 35

Abri a porta e foi tudo muito, mas muito rápido. Gabe colocou uma de suas mãos envolta do meu pescoço, me encostou em uma parede e começou a se alimentar. Aquilo era fora do real, àquela dor no corpo, aquela tristeza jorrada em mim era insuportável. Ele estava me sufocando também, sua mão não parava de apertar meu pescoço. Segurei seu braço e tentei afastá-lo um pouco, mas ele bateu minha cabeça contra a parede, foi pior do que das outras vezes, muito pior, muito mais rápido, como se ele estivesse sugando milhões de vezes mais rápido, não ia agüentar muito mais tempo, comecei a perder os sentidos. Apesar disso reconheci a voz do Danny.

- Gabe! Gabe! Solte-a. – Sabia que ele não iria parar e não me importava desde que ele ficasse bem. – Alguém me ajude a segura-lo.

Sabia que ele não estava mais se alimentando, pois a dor havia amenizado, meu corpo estava queimando e que era impossível lidar com aquela tristeza, completamente avassaladora, minha vontade era morrer, agora entendia o sentimento daquelas pessoas que se matam, esse sentimento era demais para conviver com ele.

- Levem a Jasmim daqui! Agora! – Disse Danny.

- Não. Ele precisa de mim. – Tentei dizer a eles, via vários vultos diante de mim, mas não conseguia distinguir nada.

- Saiaaa! – Gabe. Essa era a voz dele.

Duas pessoas me carregaram para fora do cômodo, estava com um braço em cada um deles, minha visão estava muito ruim, mas consegui ver aquilo. Uma menina provavelmente da minha idade era arrastada para dentro. Para ele. Tentei voltar, mas não deixaram. Ele iria matá-la. Foi meu ultimo pensamento antes de apagar.
Recuperei os sentidos, mas não abri meus olhos, havia mais gente ali. Aquelas vozes eu conhecia. Danny e... Luke.

- Achei que havia deixado bem claro para vocês dois, que era proibido se alimentar por pessoas a quem se tem sentimentos.

- Sim Luke, você deixou, mas... – Danny usava o mesmo tom de voz de obediência que Gabe usou aquela noite no bosque.

- Sem mas Danny. Vocês dois são uns idiotas.

- Você não deu uma chance a elas Luke, se ao menos as conhecesse.

- Conhecer? Menininhas de colegial? Não me rebaixo a tanto Danny. – Daniel deu uma risada cínica. Continuei com os olhos fechados, não queria que percebessem que não estava mais dormindo.

- Ah Luke. – Danny parecia muito cansado, mas não fisicamente, parecia muito cansado daquilo tudo. – Elas são tão incríveis. As duas. A Ana é tão... Tão animada, de bem com a vida, tão despreocupada. Quando ela sorri, quando olho para ela sei onde é meu lugar, é com ela. – Luke não disse nada. – A Jasmim é... Bom Gabe gosta dela isso já deve dizer algumas coisas, ela é forte, mas do que ela se dá conta, a maneira como ela olha para ele, como ele fica perto dela. Ah Luke, você tinha que ver como ela pode mudá-lo. Nós nunca tiramos um sorriso dele e com ela, Gabe sorri.

- Mandei vocês dois se livrarem delas. – Luke não alterava o tom de voz, sempre autoritário.

- Não vamos fazer isso.

- Faço por vocês.

- Você morre antes. – Danny dizendo que iria matar alguém era surreal para mim. Luke começou a gargalhar, mas era muito sinistro.

- Júlia tinha razão. Vocês morreriam por elas. – Quem era Júlia?! – Devo admitir que não esperava, que uma adolescente se arriscasse assim para salvar Gabe. Quanto a sua namoradinha... Ela é divertida, meio doida, mas divertida.

- Luke...

- Não. Chega de discussões. Depois nos reuniremos e vemos como isso fica. Por hora vamos... Deixar como está. – Não sei quanto ao Danny, mas eu estava aliviada. – Alias sua amiguinha está acordada. – Que ótimo, pega, de novo!

- Oi Jasmim. – Danny me olhou com aquela cara de “Te pegamos”.

- Oi. E o Gabe? – Queria desesperadamente saber como ele estava.

- Isso é demais para mim, a garota mal acorda e pronuncia Gabe?! Não dá para mim. – Luke foi saindo do quarto e pelo sorriso discreto do Danny, percebi que estava tudo bem.

- Ele está bem, por hora.

- Como assim por hora? – Levantei correndo queria vê-lo.

- Não sabemos ainda, sobre o quadro dele, isso não tinha ocorrido antes Jasmim. Onde você pensa que vai?

- Vê-lo. – Danny fez cara de “isso não será possível” – Por favor, estou implorando.

- Fazer o que. Se eu não te levar, você vai acabar indo pelo beiral mesmo.

- Há Há Há. Muito engraçado Daniel. – Ele sorriu. Nós sorrimos. Como há dias não fazíamos. Isso até eu me lembrar que uma menina tinha sido levada a Gabe.

- Oh Meu Deus! E aquela garota? Ela... Ela... – Não conseguia terminar a frase.

- Ela está bem, já foi levada para casa.

- Para casa? Mas... Mas... Ela vai conta para as pessoas o que aconteceu.

- Não vai, Gabe deu o último beijo nela.

- O que? – A cara dele dizia que ele havia falado demais. – Ele fez o que? Beijou a garota? – Ele levou a mão na testa, puxou o cabelo, suspirou.

- Droga.

- Não me enrola Danny, como assim ele deu o último beijo nela?

- Certo. Isso ainda não havia sido explicado.

- Como assim? Você já sabe que eu já sei?

- Sim. Gabe e eu não temos segredos. - Inacreditável que ainda houvessem coisas a serem explicadas. – O último beijo, é como chamamos. Assim que nós sugamos, temos que beijar a pessoa, só assim conseguimos apagar a memória dela.

- Já beijei Gabe varias vezes e minha memória nunca foi apagada.

- Só funciona depois que nos alimentamos Jasmim, por isso sempre pegamos pessoas do sexo oposto, menos a Beth.

- Menos quem?

- Deixa essa parte para depois.

- Mas a primeira vez que beijei Gabe, ele estava com os olhos brancos e me lembrei de tudo depois.

- Sim, nós ainda não sabemos por que isso aconteceu, não sabemos por que com você é diferente.

- Claro, a cara de espanto dele no outro dia no colégio, quando comentei a noite anterior, agora faz todo sentido. – Estava tentando processar aquelas novas informações, enquanto Danny me levava até ele. – Precisa ser um beijo de língua? – Perguntei, ele sairia beijando outras pessoas por aih?! Isso contava como traição?!

- Não. Apenas selar os lábios, já tem o efeito desejado.

- Porque um beijo? Não poderia ser um abraço? – Não havia gostado nada, nada daquela parte da historia.

- Os olhos são as janelas da alma, por isso nos alimentamos pelos olhos, a pessoa sugada nunca consegue quebrar o contato visual. – Sim, me lembrava desse efeito. – E a boca é a porta da consciência, por isso o beijo, fechamos a consciência da pessoa, assim ela não se lembra de nada depois, nada relacionado a nós.

Continuamos andando, minha cabeça estava a mil, era isso que ele havia feito com a recepcionista do motel, se alimentou dela e depois deu o último beijo, para apagar a memória dela. Porque comigo era diferente?! Isso não me cheirava bem. Imaginar Gabe beijando varias mulher, mesmo que tecnicamente sendo um selinho, era muito irritante.
Paramos em frente a um quarto, com moveis tão antigos quanto no que eu estava usando. Gabe estava lá, só de jeans, sentado na cama. Olhei para Danny, mas ele já estava saindo. Tudo que estava na minha cabeça, sumiu naquele momento.

- Gabe. – Chamei assim que entrei no quarto, ele veio correndo e me abraçou, uma atitude não muito típica dele. Não assim. Ele se afastou um pouco.

- Você é Louca. Uma irresponsável, o que você estava pensando quando fez aquilo? – Não conseguia responder, a alegria de ouvir a voz dele, de vê-lo, bem, vivo, não me deixava pronunciar nada. – Poderia ter te matado, não poderia conviver com isso Jasmim. – Ele segurava meu cabelo pela nuca. – Nunca mais faça nada estúpido assim, você me entendeu?

- Eu te amo. – Realmente devia ser ou estar louca, para dizer isso a ele, nunca havíamos dito as três palavras mágicas um ao outro.

- Isso não justifica. Não posso perdê-la. – Estava esperando um “Eu também te amo”, não isso, mas não ia dar meu braço a torcer, então ignorei esse fato.

- Também não podia perdê-lo. – Nos beijamos, com muita vontade, como se nunca mais fossemos nos ver. Só conseguia pensar... Ele está vivo.

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