quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 33

- Cheguei na hora certa. – Ele disse debochando. Pelo canto dos olhos vi Gabe trincar os dentes, até Danny que era sempre o calmo do grupo, estava rígido. Isso me deu calafrios. - Ora, Ora Gabriel, você costumava ser mais simpático meu amigo. – Opa, para tudo, como assim amigo?! Olhei para Gabe, mas ele nem ousou em desviar o olhar de Michael.

- E você costumava ter princípios Michael. – Disse Gabe, guspindo as palavras.

- Hum. Depende dos critérios que se adotam, é uma questão de ângulo, meu caro. – Aquele cara nem precisava dos olhos brancos para me dar medo. Gostaria de ter perguntado, mais sobre tudo aquilo ao Gabe agora, nessas ultimas semanas nem havia tocado no assunto dos sugadores com ele.

- O que você quer aqui Michael? - Danny já estava de pé. Gabe levantou logo depois dele. E eu? Bom eu fiquei lá petrificada, sentindo a presença dele dentro de mim, como se ele conseguisse mexer comigo, mesmo não se alimentando, seus olhos estavam normais.

- Quero vingança. – Nunca vi nada mais perturbador que aquele sorriso, não até aquele momento pelo menos.

Tudo se movimentou ao meu redor tão rápido que mal pude perceber como as coisas chegaram naquele ponto, Gabe, Danny e Michael se atracaram no bosque, estava escuro, não dava para distinguir muito bem o que estava acontecendo. Lembrei que a Ana estava conosco e pela primeira vez desde que Michael apareceu, olhei para ela e percebi que estava segurando uma das facas que levamos para o piquenique, enquanto se levantava e ia para perto deles. Não conseguia processar nada daquilo, não conseguia chorar, nem me mover, nem gritar.
O Pânico estava tomando conta de mim, minha cabeça não conseguia formar nem um tipo de pensamento, ouvi um gemido, seguido de um grito de ódio. Engatinhei para onde vi um corpo caído na grama, quando cheguei perto percebi que era a Ana.
Coloquei a mão em cima da dela e apesar de estar muito escuro, sabia que aquele liquido que estava por todos os lados, era sangue. Sangue da minha melhor amiga olhei em volta procurando uma ajuda que não viria.

- Jasmim... Você... Você tem que ajudá-los. – Minha amiga ensangüentada estava me pedindo para ser forte e a única resposta que dei foi chorar.

- Ana... – Estava sufocando.

- Jasmim. – O grito dele cortou o bosque, cortou meu coração. O som daquela voz sempre mexeria comigo ainda mais com todo aquele desespero, Gabe estava desesperado e isso não era bom.

De uma forma que não sei explicar, Michael estava com uma faca na minha garganta, me fez levantar e ficar de escudo para ele. Gabe estava parado na nossa frente, enquanto Danny estava agachado junto a Ana. Não foi a primeira vez na vida que pensei “Se eu morresse seria tudo mais fácil” o único problema é que agora eu não queria morrer, agora queria ficar.

- Seu Gosto é quase tão bom quanto as suas emoções. – Michael disse após lamber meu rosto. Gabe deu um passo na nossa direção e Michael deu um passo para trás – Nem pense nisso Gabriel. – Senti a faca em meu pescoço começar a cortar a minha pele. – Que romântico ele lhe deu o símbolo do seu chakra – Sabia que ele falava do meu pingente, porque ele passava a faca por ele. – Sabe o que significa belezinha? – Ele não esperou resposta alguma. – Que ele te ama, só damos o símbolo do chakra para nosso amor verdadeiro. Que pena, agora ele vai ter que vê-la morrer.

- Solte-a Michael. É a mim que você quer. – Disse Gabe.

- Não Gabriel, eu quero ela. Olho por olho. Você matou a mulher que amava agora vou matar a sua. – O que?! Alguém poderia me explicar o que estava acontecendo aqui?! – Ah, vejo pelas suas emoções Jasmim que seu amado não lhe contou tudo. Gostaria de saber quantas pessoas ele matou?

- Cale essa boca Michael, vou acabar com você. – Senti que Gabe não estava para brincadeira. Michael também não estava quanta verdade haveria em suas palavras?! Já estava sentindo meu pescoço sangrando.

- Talvez, mas antes acabo com ela.

- Veremos. – A coisa estava feia para o meu lado, não que duvidasse das habilidades do meu namorado, Gabe lutava muitíssimo bem, mas vi Michael lutando contra ele e Danny. Vou ter que confessar que o cara se livrava deles fácil.

Me lembrei de todas as aulas que Gabe deu, ele me fez ir todos os dias para academia desde o meu aniversario e agora aquilo fazia sentido, toda aquela preparação.
Algo pareceu começar a funcionar em minha cabeça e resolvi aplicar um golpe em Michael, terceira atitude idiota do dia.
Consegui deferir um golpe rápido nele, juntamente com uma cotovelada em seus olhos, ele me soltou e cai no chão de quatro. Olhei para Gabe, ele avançou tão rápido para cima de Michael que nem mesmo vi seu borrão.

- Corra Jasmim, Corra. – Ele disse enquanto prendia Michael, dando uma chave de braço nele, aquilo não iria durar muito, tentei ficar de pé, mas minhas pernas estavam moles, olhei para onde a Ana estava caída e não havia nada nem ninguém lá. Onde diabos estavam Danny e ela?! – Jasmim. – Gabe gritou novamente para chamar minha atenção. Foi inevitável, olhei para Michael que estava com o corpo na frente do dele, cabeça baixa, sorriso diabólico.

- Se eu fosse você, correria. – Disse Michael. Deus aquilo de novo não, seus olhos estavam ficando brancos, sabia, porque já havia visto isto com Gabe.

Creio que o medo me deu forças, levantei e corri, estupidamente, não corri para casa ou para a rua onde haveria pessoas para pedir ajuda. Não. Corri para o meio da mata fechada, parte proibida do bosque, cercada por telas de proteção. Claro que alguns viciados haviam feito um buraco nela, como ia muito ao bosque sabia disso, o terreno era enorme de pura mata fechada. Sim claro, foi para lá que corri. Quarta atitude idiota do dia.
Tropecei inúmeras vezes, meus pulmões não iam agüentar muito mais tempo, minha bronquite trancava minha respiração, fazia minhas costelas doerem como se uma faca me atravessasse. Corria e olhava para trás, ninguém estava me seguindo ou foi o que pensei até sentir alguém puxar o meu cabelo com força.
Michael me tinha em suas mãos novamente, esse cara era rápido, muito rápido. Como ele tinha me alcançado tão facilmente?!
Ele enrolou meu cabelo em sua mão e arremeçou minha cara diretamente para uma arvore, imediatamente senti meu mundo rodar e ficar muito lento. Cai no chão, algo descia pelo meu rosto. Foi realmente difícil fazer meu braço levantar, meu cérebro estava amortecido e meu corpo não estava respondendo, depois de umas três tentativas, consegui passar a mão pelo liquido, era sangue, muito sangue.
O medo começou a tomar conta de mim, onde estava Michael que não estava terminando o serviço?! Olhei para trás e não gostei do que vi. Era como triturar meu coração.
Queria que aquilo parasse, queria acordar daquele pesadelo, queria voltar a meses atrás quando não tinha que pensar nessas coisas, mas não podia fazer isso, tinha de lidar com o que estava acontecendo bem na minha frente.
Michael estava matando Gabe, ele mal podia respirar, com as mãos de Michael envolta do seu pescoço, como previra ele era mais forte, mais rápido e mais experiente, Gabe não tinha chance alguma, nunca teve.
Você seria capaz de matar, para salvar a vida de alguém? E se fosse alguém que você ama? Nunca precisei pensar nessas coisas antes e agora tinha menos de 15 segundos para me decidir, como faria isso? Como salvaria Gabe, sem morrer junto?! Como poderia detê-lo, se Gabe não estava se saindo bem o que eu poderia fazer?!
Tinha que tentar alguma coisa, não poderia deixá-lo morrer, me arrastei para perto deles, Gabe estava deitado no chão, com Michael em cima dele, eu não conseguia ficar de pé, meu olho direito não abria, não sabia se por conta do inchaço ou pelo sangue que escorria em cascata pelo meu rosto.
Quando cheguei perto o suficiente, Michael me olhou, ele não estava apenas estrangulando Gabe estava se alimentando dele também. Quando seus olhos brancos focaram os meus, comecei a sentir aquele medo, novamente, aquilo era insuportável. Tudo ficou preto em questão de segundos.
Lutei na minha inconsciência para abrir os olhos, mas já não sabia se eles estavam fechados, sentia meu corpo sacolejar, mas não exercia poder algum sobre ele. Estava morrendo. Gabe também estava e nada mais poderia ser feito.
Ouvi algumas vozes, gritos, passos, batidas, depois as vozes se calaram. Não sei ao certo quanto tempo depois consegui abrir meus olhos ou melhor, meu olho esquerdo, mas algo já podia afirmar, tudo estava diferente, se melhor ou pior ainda não conseguia distinguir.
Estava em um carro em movimento, diga-se de passagem, um movimento veloz demais para meu gosto e minha cabeça avariada, ao meu lado estava Danny e alguém estava dirigindo, uma mulher. No lugar do passageiro havia um homem. Quem eram aquelas pessoas, eu não fazia idéia.

- Acordou Jasmim. – Danny perguntou como se fosse por mera obrigação. - Como está a cabeça? – Danny não me olhou nem por um segundo, estava com o corpo virado para a janela. Ia responder que ela estava doendo, quando a lembrança de tudo que aconteceu me voltou de uma vez só.

- Gabe? Ana? – Não conseguia perguntar, Danny estava muito estranho, muito frio, comecei a chorar, será que ele não queria me contar que eles tinham... Não eles tinham que estar bem. – Daniel? – Ele não se movia e não pronunciava nada. Em um ataque de nervos, comecei a socar seu braço, alternava entre socos frouxos e tapas molengas, meus braços não me obedeciam, estava com raiva, mas não dele, queria matar Michael, queria mesmo.

- Pelo amor de Deus Danny, controle essa garota. – O cara que estava na frente me pareceu bem irritado.

- Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? Onde está Gabe e a Ana? Quem são eles Danny? – Falei em meio ao choro.

- Eles estão no outro carro. – Ele ainda não me olhava.

- Por quê? Que carro? De quem? – Danny estava me deixando muito nervosa. – Eles estão bem?

- O corte da sua amiga foi profundo, mas nada grave iremos dar uns pontos e ela logo ficará boa. – Disse nossa motorista, que me pareceu muito calma diante dos fatos, não alterou sua voz nem por um segundo.

- Ela precisa de um hospital. Como assim iremos dar uns pontos? Daniel?

- Não podemos levá-la lá Jasmim, eles fariam perguntas demais. – Não sei se processei a informação nem se aceitei aquilo, mas eles não haviam falado nada sobre Gabe ainda.

- E Gabe? – Um silencio tomou conta do carro, passei os olhos pelos três e ninguém me respondeu. – E o Gabriel?

- Não sabemos as conseqüências de um sugador se alimentar de outro. Não temos o que fazer quanto a ele, somente esperar, ele estava inconsciente até sairmos do bosque e acredito que ainda esteja. – Se eu achava que ser sugada por Gabe ou Michael era ruim, nada, mas nada se comparava ao que senti ouvindo aquilo.

- Não. Ele não. – Consegui balbuciar, estava em choque, queria estar no mesmo carro que ele, queria estar no lugar dele.

- Nos avisamos vocês para ficarem longe dessas menininhas, vocês não ouviram agora agüentem as conseqüências. – Disse o cara para Danny, senti que aquilo era para deixar claro que a culpa era minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário