quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 32

Entrei e os pais da Ana conversavam na sala. Tio Beto estava com uma cara mais amistosa, apesar do seu ciúme quase incontrolável dela. A Ana era o xodozinho do papai e da mamãe, a Luiza estava como sempre enfurnada dentro do seu quarto, não desceu em nenhum momento da festa. Subi as escadas e bati na porta do quarto.

- Quem é? – Ela dizia com uma voz muito brava.

- Sou eu Ana. Abre logo vai. Você vai fazer fiasco justo no dia do meu aniversário?- Ela abriu a porta e estava com a maquiagem toda borrada. – Ana não te entendo. – Qual é?! Quem não quer um gato tremendamente gato te pedindo em namoro. - O que foi amiga?

- Ahhh Acaiah... É que agora fudeu. Cara fui pedida em namoro para os meus pais... Você tem noção do que isso significa? – Ela se jogou no sofá próximo a janela, realmente eu não tinha noção do que era isso, mas parecia bom para mim. – Compromisso serio. Gosto do Danny e muito, mas sei la... Nunca tive um namoro assim, tenho medo que meus pais fiquem me regulando agora, porque sabem que to pegando alguém. Tipo “namoro no sofá da sala, com a irmã mais nova no meio”. Olha bem pra mim... Você acha que tenho cara de quem gosta disso?

- Ana, você é muito boba mesmo... Seus pais são tranqüilos Ana... E não vão fazer isso. Eles são jovens e tem uma noção de que as coisas mudaram tia Su não está brava com você e com certeza ela prefere que você namore com alguém, dentro de casa do que fique invadindo salões de festa ou banheiros femininos para se pegar com caras que te ignoram depois. Seu pai deu um piti porque ele foi pego de surpresa, quem me dera ter alguém me pedindo em namoro assim.

- Amiga... Mas nem sei namorar. Meu namoro mais longo durou uma semana.

- Você aprende pode ter certeza disso. – Ouvimos passos no corredor, paramos de falar e olhamos para a porta.

- Oi – Gabe foi entrando no quarto, sentou na cama ao meu lado. – Então, ainda está em crise? – A Ana mostrou a língua pra ele enquanto tentava sem sucesso limpar os olhos borrados.

- É que para mim isso tudo é muito novo... E tenho medo. Nunca namorei. Possivelmente meu pai só imaginava que eu tinha beijado alguém, nunca tinha realmente estado ciente de que me envolvia com alguém do sexo oposto. E... Vocês têm seus segredinhos... isso me assusta também. Tenho medo de ele ir embora...

- Ele não vai fazer isso Ana Paula – Gabe disse em tom firme. – Não é mesmo Danny?

Olhamos novamente para a porta onde o Danny apareceu com uma feição muito triste, ele encostou-se ao batente da porta e ficou olhando ela nos olhos.

- Você tem razão Ana, talvez eu não seja nem de perto o homem dos seus sonhos, talvez tenha me precipitado ao ir falar com seus pais sem seu consentimento, mas tenha uma certeza – Ele começou a andar em direção a ela. – Eu amo você Ana, desde quando nos falamos pela primeira vez. Sou louco por você, por cada pedacinho da sua personalidade e não vou te deixar nem que você queira. – Não sei a Ana, mas eu estava derretidinha. - Sei que tenho muita coisa pra te contar, mas te peço paciência. – Ele ajoelhou na frente dela - Prometo a você que vou te contar tudo na hora certa, mas, por favor, Ana... – A voz dele começava a falhar – Não me deixe assim. Não acabe com tudo antes de sequer ter começado... Seus pais já autorizaram nosso namoro. – Ele deu um suspiro muito fundo. - O que você quer?

Ela o puxou para a cama e o abraçou chorando. Foi tão bonitinho que acabei até dando um suspiro. Gabe me olhava como se tudo aquilo parecesse engraçado demais para ele. Gabe nunca seria como o Danny, era incrível eles se darem bem, sendo tão diferentes.

- Quero você Danny. Muito. – Respondeu a Ana.

- Acho melhor fechar a porta... Se a tia Su nos pega aqui em cima, pode ficar brava. – Disse baixinho ao Gabe, imaginei que ela não queria ver a filha abarcando o namorado na cama, sei lá.

- Foi ela mesma que nos disse para subir... – Gabe me dizia em tom divertido.

- Como assim? – Perguntamos a Ana e eu em uníssono.

- É – O Danny respondeu. – Minha sogrinha nos chamou na sala e disse: “Acho melhor você darem uma força para a Jasmim, porque ela não vai conseguir tirar a Ana do quarto sozinha”.

- Inacreditável... Se soubesse que seria assim tão tranqüilo... – Disse a Ana.

- Viu só sua boba. Não tem motivos para se preocupar. – Pisquei para ela.

- Jasmim?! – A Mãe da Ana gritava lá de baixo. – Venha até aqui. Temos mais uma surpresinha para você! – Olhei para a Ana e ela parecia tão surpresa quanto eu. Fomos os quatro para baixo. Não conseguia acreditar no que estava vendo. Lá estava ele parado na porta da casa da Ana com uma caixa rosa nas mãos.

- Pai?! – Empaquei no ultimo degrau da escada. – Mas... O que... O que você está fazendo...

- Desculpe filha... Acho que me atrasei para sua festinha... – Ele olhava mais para o Gabe parado ao meu lado do que para mim. Ficamos todos parados sem reação, nem mesmo os pais da Ana se moveram, por fim acabaram quebrando o gelo.

- Imagine, ainda temos um bolinho para você. Não é Jasmim? – Desci o ultimo degrau.

- Claro... Mas você não estava trabalhando pai? - Era surreal o fato de ele ter aparecido para me ver.

- Estou na verdade. Passei aqui somente por que... Porque a Sra. Werner me ligou falando da festa e porque queria te dar seu presente. – Ok aquilo era ainda mais surreal. Ele veio em minha direção me deu a caixinha e tentou me abraçar, mas como nunca fazíamos isso, ele resolveu bagunçar o meu cabelo. Aquilo era demais para mim. Sem soluços, sem desespero, mas não tive como conter a lagrima rolando pelos meus olhos. Meu pai parecia se preocupar comigo e ter aparecido... Até, parecia que ele me amava. – Feliz aniversario Jasmim... E me perdoe, por ser assim tão ausente.

- Obrigado pai. – Olhei para ele nos olhos... A cor dos nossos olhos era tão idêntica, mas nunca conseguia olhar para eles por muito tempo, nunca soube o porquê disso. Ele sempre disse que eu era estupidamente parecida com minha mãe, depois de ver fotos dela, isso era verdade, mas conseguia me coisas dele em mim também. Por mais distante que fosse ele era meu pai e eu o amava do meu jeito estranho. Abri a caixa rosa e fiquei ainda mais surpresa com o que havia dentro.

- Pai! É um... Um celular?!

- Agora ninguém mais vai te perder na rua. Fiquei muito preocupado com você quando esteve internada e acho que isso pode ajudar se você passar mal de novo. – Não pude deixar de perceber Gabe e Danny abaixando a cabeça. A Ana me lançou um olhar de canto de olho e disse.

- Já não era sem tempo Acaiah!

- Obrigado pai. – Consegui dizer por fim. – Venha acho que ainda tem um pedaço de bolo para você.

- Não posso demorar muito Jasmim, mas acho que tenho tempo para comer o bolo de aniversario da minha filha. – Ele olhou para os meninos – E você não vai me apresentar seus... Amigos? – Oh meu Deus, agora eu mais ou menos entendia o que a Ana estava sentindo. Se gabe me pedisse em namoro ali acho que morreria de vergonha.

- Hã... Este é o Daniel, namorado da Ana – disse apontando para o Danny que lhe cumprimentou com um aperto de mão. - E este é o Gabe... Gabriel... Um... Amigo da escola. – O que eu ia dizer?! Pego ele de vez em quando, depois que ele se alimenta de mim?!

- Prazer em conhecê-los – Meu pai dizia apertando a mão do Gabe.

- Os nossos outros colegas foram embora agora a pouco. – Me apressei em ressaltar.

Os dias seguintes foram muito bons, muito mesmo, minha vida estava finalmente boa. Até a escola era suportável agora, adorava ir para lá, apesar de que ninguém podia me ver com o Gabe, ele sempre dava um jeitinho de me agarrar em algum canto e ele estava sempre por perto, com a desculpa de ser amigo do Danny e ele namorar minha melhor amiga.
Saímos algumas vezes juntos, fomos ao cinema, mas Gabe não me deixou prestar atenção no filme, ao contrario de Danny que fez a Ana assistir tudinho, para desgosto dela. Minhas notas estavam altas, tinha um celular, estava meio que namorando tudo perfeito, mas quando a esmola é demais.
Algumas semanas depois, a Ana ainda estava babando na minha cama, porque se meu horário para acordar era as 07:00, o dela tirando os dias de aula era ao 14:00.
Resolvi ligar meu computador e verificar se havia algo interessante para se ver, entrei no msn, deixei carregando enquanto pegava uma xícara de café, quando voltei já havia uma tela piscando. Sorri ao ver quem era.

/Gabe\ - Bom dia minha flor

/Gabe\ acaba de chamar sua atenção

*.*Jasmim*.* - Oi!

/Gabe\ - Aconteceu alguma coisa?

*.*Jasmim*.* - Não. Fui pegar uma xícara de café.

/Gabe\ - Fiquei preocupado...

*.*Jasmim*.* - Rsrsrsrsrs... Desnecessariamente.

/Gabe\ - O que vc vai fazer hj à tarde?

*.*Jasmim*.* - Acho que nda, talvez vá à casa da Ana mais tarde.

/Gabe\ - Ok, então já avise a Ana (sei que ela dormiu aí) q nós vamos fazer um piquenique hj a tarde. Passo pegar vcs as 15:00. Danny e eu levamos a comida e vcs o resto. Sem desculpas.

/Gabe\ ficou off-line


Ótimo. Já era 12:30 e tínhamos um piquenique em duas horas e meia, acordei a Ana com muito esforço e varias tentativas, corremos para arrumar as coisas, Tudo bem que Gabe disse que eles levariam a comida, mas ainda teríamos que nos arrumar e conhecendo minha amiga, isso levava tempo.
Pontualmente as 15:00 Gabe buzinou em frente a minha casa, Danny já estava no carro, fomos para o bosque, a tarde se passou de uma forma inimaginável, rimos e conversamos muito, tirando os momentos em que algum bichinho aparecia e a Ana dava um pequeno escândalo, o restante da tarde correu muito tranqüila. Já deveria ter percebido que quando as coisas começam a dar certo demais para mim é porque tem algo errado.
Nós quatro fomos fazer um piquenique no bosque, primeira atitude idiota.
Estávamos nos divertindo tanto que ficamos até o anoitecer, segunda atitude idiota, tudo bem que não poderíamos imaginar que as coisas poderiam dar tão errado, mas devíamos ter ao menos tido a prudência de ir embora cedo. Quando nos demos conta de como estava escuro, começamos a juntar nossas coisas, foi aí que Michael apareceu com um sorriso diabólico nos lábios, aquele cara era a personificação de todos os meus medos.

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