terça-feira, 24 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 27

Gabe acordou, não muito feliz por ter um gato em sua cara, ligou do telefone do quarto para um taxi, que chegou em dez minutos, entramos no carro, na parte de trás, ele deu as coordenadas ao motorista e na maior parte do tempo ficamos calados, tirando alguns miados no carro.

- Vou te deixar em casa. – Isso significava que ele não ficaria comigo. – É melhor você ir para a aula.

- Ok. – Estávamos quase chegando à minha casa, isso era um tchau. – Você não vai para a aula?

- Não. Preciso descobrir como eles me acharam e ver a Samy. – Fiquei parada, sem mover um músculo, com o queixo caído.

- Ah é sua namorada.

- Sim, minha namorada. – Não disse mais nada, não havia nada a ser dito, meu coração mal batia.

O taxista parou na frente de casa, desci do carro, peguei o gato, não olhei para Gabe, bati a porta com toda minha força, entrei em casa com a chave reserva, já que nem isso tinha levado no “passeio” com Gabe, a chave ficava na varanda embaixo de um vaso, coloquei o gatinho no chão, me encostei na porta e chorei.
Era inacreditável, como no fim ele sempre voltava para a Glitter ruiva, o gatinho não parava de miar, levantei e servi um pouco de leite para ele, o coitado quase se afogou, sua barriguinha até estava dilatada, o telefone tocou e nem precisava atender para saber que era a Ana, não atendi logo a veria no colégio, comecei a ensaiar minha melhor cara de paisagem, fui para o matadouro, quer dizer escola.
A Ana me esperava na porta da sala, batendo o pé incessantemente ao chão.

- Acaiah, onde foi que você se meteu? Te liguei a noite toda.

- Se eu te contasse você não acreditaria.

- Nunca duvidei de você. – Era verdade, porque tinha tanto medo de dizer a verdade a ela então?!

- Está a fim de gazear aula?

- Se for por um bom motivo. – Era a resposta que precisava.

- É um ótimo motivo.

Saímos correndo dali, pulamos o muro do colégio, ralei meu joelho, a Ana soltava uns gritinhos de dor, precisávamos nos esforçar mais nas aulas de educação física.

- Onde vamos afinal?

- Você sabe onde a Samara mora?

- A Samara? – Ela pareceu meio confusa, mas acho que logo entendeu. – Sei, por quê?

- Porque é para lá que nós vamos.

- Certo. – Essa com certeza era uma das coisas que mais gostava na Ana, se era para aprontar, ela não questionava nada. Entramos em um ônibus, segundo a Ana a ruiva não morava longe.

- Depois que fizermos isso, tenho que ir correndo para casa.

- Por quê?

- Porque deixei o Salem sozinho e quero ver como ele está.

- Quem é esse?

- Meu gato.

- Mas você não tem gato... Ou tem?

- Agora tenho.

- Acaiah, seu pai vai te matar.

- Ele vai ter que entrar na fila.

Paramos a duas quadras da casa da Samara, era o mais próximo que chegaríamos de ônibus, andamos aquelas quadras, quase não havia carros na rua, o sol começava a esquentar para valer.
Finalmente ficamos de frente para a mansão do Parker, definitivamente o pai da Samara era milionário, que casa era aquela, parecia saída de uma revista.

- Como vamos fazer para entrar? Não podemos tocar o interfone. – A Ana havia feito uma ótima observação.

- Vamos ter que apelar para o muro de novo.

- Quem é você?

- Como assim Ana?

- O que aconteceu ontem à noite? De repente minha melhor amiga, envelheceu anos, ficou madura, sei lá.

- Ana você viaja. Vamos pular essa porcaria de muro logo. – Ela olhou para o muro fiz o mesmo.

- Escalar você quer dizer.

- É. – Aquilo era mais alto que nós duas juntas, a sorte que havia um poste na rua, grudado ao muro, subimos por ele e despencamos do outro lado.

- Não creio, torci meu pé. – A Ana fez uma carinha de dor.

- Vamos ter que continuar amiga.

- O que não faço por você. Dá para me contar porque estamos invadindo uma propriedade privada?

- Agora não, mas estamos seguindo o Gabe, ele me disse que viria para cá.

- Ah claro e aquele papo de vou me afastar dele, morreu.

- Por aí.

- Não gostei.

- Do que exatamente? – Ouvi uns ruídos, estava ficando boa nisso, comecei a olhar em volta.

- O que meu namorado está fazendo aqui? – Segui seu olhar, era Danny e Gabe, chegando. Eles entraram na casa, nós os seguimos, mas ficamos espiando pela janela. – Porque o Danny estava com a chave da casa da Samara?

- Calma Ana.

- Calma o cacete, vou entrar lá e...

- Não vai não, estou tentando descobrir o que eles estão fazendo aqui.

- Que droga Acaiah. – Fiz sinal de silencio, eles entraram no que parecia ser o escritório do pai da Glitter.

Começaram a vasculhar gavetas, armários, mas deixavam tudo em ordem depois que olhavam, abriram o cofre, Gabe tinha a combinação.
Acharam algumas pastas lá dentro, uma delas caiu no chão, estiquei meu pescoço e quase desmaiei, era algum tipo de arquivo com uma foto, minha.

- Aí meu Deus. O que o pai da Samara está fazendo com uma foto sua?

- Não faço idéia. – Os dois olharam na direção da janela e nós duas nos jogamos nos arbustos.

Esperamos um tempo e voltamos a janela, eles mexiam no computador do pai dela, mas pelo jeito não tinham a senha, porque não estavam conseguindo abrir os arquivos.

- Você não pegou a senha? – Perguntou o Danny.

- Ainda não tive chance. Não é tão fácil assim dobrar a Samy. – Que nojo!

- Vai ter que se empenhar mais, o que precisamos está aí. – Gabe suspirou, mexeu em seus cabelos.

- Vou ligar para ela, pedir que saia agora do colégio e venha para cá.

- É nossa ultima chance, não podemos mais perder tempo.

- Sempre pressão né Daniel. – Eles saíram de lá. Aquela conversa não fazia sentido nenhum para mim.

- Acaiah, a Samara tem animais de estimação?

- Aham? – Que pergunta era aquela?! A Ana já estava sentada no chão, eu ainda estava olhando para o escritório como se algo ali fosse responder minhas duvidas. – Acho que já a vi se gabando por ter um rottweiler, por quê?

- Porque ele está olhando para nós. – Gelei, de verdade, virei bem divagar para ver o cachorro.

- Merda.

- O que você pensou? – A Ana estava transparente.

- Estou cheirando a gato.

O cachorro correu na nossa direção, levantamos dali, saímos correndo e gritando, não tinha mais nada a fazer, aquele bicho parecia mais uma maquina do que um cachorro, a velocidade dele era incrível.
Contornamos a casa correndo, o que devido ao seu tamanho, foi bem cansativo, chegamos a piscina que como havia imaginado era quase olímpica.
Trombei com alguma coisa e cai sentada.

- Fúria. Senta. – Ordenou Gabe, o bicho sentou. – Boa menina.

- Boa menina? Esse filhote de capeta quase nos matou! – A Ana se apoiava nos joelhos, tentando retomar o fôlego.

- Posso saber o que você está fazendo aqui Ana Paula? – O Danny parecia bem zangado, continuei no chão, Gabe ficou me encarando com um olhar não muito amigável.

- Ah não senhor Daniel, você não se livra dessa tão fácil. O que você está fazendo aqui e para piorar com a chave da casa da Glitter?

- Glitter?

- Você entendeu Daniel. – Gabe olhou para Danny e vice e versa, era como se falassem uma língua silenciosa.

- Precisávamos achar pistas.

- Certo, namoro o Sherlock Holmes então? – Gabe riu, nem ele podia com a ironia da Ana.

Ele me ajudou a levantar, mas não falou comigo, o celular do Danny tocou.

- Alo... Tem Certeza?... Certo.

- Era Voz de mulher Danny quem era?

- O pai da Samara está chegando. – Disse Danny.

- Droga! – Gabe parecia muito nervoso.

- E agora? – Perguntou Danny.

- Vão embora, vocês três. A Samy está vindo, vou dizer que gazeamos aula, para namorar, deixa que enrolo ele.

- Não vou a lugar nenhum. – Estava cansada de ser mandada embora.

- Não vou discutir com você Jasmim, você vai e pronto.

- Você não manda em mim. – Bati o pé, mas não estava pronta para o que ouvi.

- Vai embora, sai da minha vida! – Comecei a tremer. – Se pudesse nunca mais veria você. Jasmim você é infantil, dramática, chata, insuportável. – Dei alguns passos para trás. – Para de atrapalhar minha vida, porque é isso que você faz, atrapalha a vida de todo mundo, a minha, da Ana, do seu pai, alias não foi por sua causa que sua mãe morreu?

- Gabe... – Danny ia dizer algo, mas ele não deixou.

- Não se meta Danny. – Ele voltou a me olhar. – Sai daqui! Anda garota, não quero mais sentir a sua presença. Me afastei dele e me encolhi atrás da Ana, nem sei o porque fiz isso.

- Gabriel. – A Ana o chamou. – Lembra do que te disse na sala aquele dia? – Ele não respondeu. – Eu não estava brincando, isso não vai ficar assim.

Não me lembro de sair de lá, nem de como vim parar casa, nem onde a Ana estava, mas quando dei por mim estava na minha cama, com Salem, em um estado de topor.

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