terça-feira, 24 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 25

A velocidade que ele estava dirigindo era absurda, o carro derrapava as vezes, Gabe estava quase desmaiando, tinha perdido muito sangue, desejei saber dirigir, mas não sabia. Um carro surgiu na estrada atrás de nós, estavam nos seguindo.
Nosso carro deu um solavanco para frente, olhei pelo espelho, eles estavam nos empurrando com o carro deles. Queria fazer alguma coisa, mas o que? Como poderia competir com aqueles “seres”?

- Coloque o cinto. – Gabe me disse, estava apavorada demais para entender,

- O que?

- Coloque o cinto. – Obedeci, ele não diminuiu a velocidade nem por um minuto.

Percebi que ele ia fazer alguma coisa e não era nada bom. Gabe freou do nada, o carro dos caçadores bateu no nosso e capotou, passou voando acima do teto do eclipse. Fiquei pasma olhando a cena, o golpe que levei na antiga casa estava doendo, o solavanco contra o cinto de segurança estava queimando minha pele, mas isso não era o pior, Gabe estava perdendo os sentidos, ele não me disse nada, mas isso era obvio.
Ele deu a volta pelo carro capotado, ninguém lá dentro se mexia e continuou dirigindo, velozmente, sempre olhando pelo retrovisor, mas seria impossível alguém ter saído vivo daquele carro. Se passaram alguns minutos, sem falarmos nada.

- Merda. – Exclamei, ele me olhou assustado.

- O que foi? Está ferida?

- Não. Perdi o diário da minha mãe.

- Onde?

- Não sei onde.

- Se esforce, onde o perdeu?

- Já disse que não sei. – Berrei, meus nervos estavam em frangalhos.

- Droga Jasmim, provavelmente eles acharam que entrei lá apenas para me esconder, se pegarem o diário, vão ligá-lo a você, aquilo é uma arma... Irão caçá-la.

- Porque o fariam, não sou como... – Ia dizer como você, mas aprecia ofensivo demais.

- Sim, você não é como eu, mas eles não sabem disso.

- Gabe? Gabe! – Ele desmaiou, estávamos em alta velocidade, o carro foi parar na pista do lado, estávamos na contra mão, um carro vinha na nossa direção. O chacoalhei, ele despertou, por um breve momento, suficiente para tirar o carro a segundos de batermos e o parar no acostamento.

Entrei em pânico total, não conseguia acordá-lo de jeito nenhum, estávamos no meio do nada, Gabe estava desmaiado e não conseguiria carregá-lo para lugar nenhum, não tinha forças, não sabia dirigir, estávamos ferrados.
Comecei a revirar o carro em busca da carteira dele, achei no porta-luvas, me espantei com a quantidade de cartões de credito, identidades falsas e dinheiro que havia ali, peguei só o dinheiro, sempre vi na TV que eles rastreiam as pessoas pelo cartão de credito. Desci do carro, meu corpo doía, estava aos prantos, sem saber direito o que fazer, avistei uma caminhonete e fiz sinal como se pedisse carona, o motorista parou, ele tinha uma cara de tarado, drogado e sei lá mais o que, mas não tinha outra opção.

- Preciso de carona, o cara me mediu, olhou para o carro e viu Gabe.

- Que diabos...

- Eu pago, mas por favor nos leve para algum lugar.

- Paga quanto? – Agora estava falando a língua dele, já havia contado o dinheiro, no carro, mas não podia dar tudo a ele.

- 1.000,00 é tudo o que tenho, nos deixe em algum lugar. – Provavelmente essa era uma péssima idéia, o cara podia nos matar ali mesmo e levar o dinheiro, ou fazer algo pior, mas precisa arriscar.

- Levo só você, o rapaz aí vai sujar meu estofado. – Ainda não sabia como estava de pé, talvez devesse esperar outro carro parar, mas não sabia quanto tempo Gabe resistiria.

- 1.500,00 e você leva nós dois. – O cara pensou por uns segundos que pareceram uma eternidade.

- Certo, mas você carrega o rapaz, não vou sujar minhas mãos. – Como desejei ter aquele taco de beisebol.

Coloquei Gabe com muito sacrifício do lado do sujeito e eu fiquei na porta, depois de uns 15 minutos, agüentando aquele cara falando coisas nojentas, avistei um motel.

- Ali, nos deixe no motel.

- Garota acho que seu namoradinho, não está muito bem para isso. – Imbecil, se pudesse matá-lo o faria.

- Você entra comigo, vou abaixar... Meu namorado e você entra no estacionamento comigo, não permitiriam minha entrada com ele assim.

- Você é esperta, gosto de menininhas espertas. – Ele esticou o braço para me tocar, Gabe segurou seu braço.

- Cara estou mal, mas não estou morto, se tocar nela, acabo com você.

- Gabe! – Nunca fiquei tão feliz em mim vida.

- Faz o que ela disse. – Ele mesmo se baixou. O cara pediu um quarto, a moça da recepção me deu uma encarada, mas não pediu minha identidade. O palhaço estacionou, nós descemos do carro, paguei o que prometi a ele, mesmo sem vontade de fazê-lo.

O cara não disse mais nem uma palavra depois de Gabe ameaçá-lo, ele saiu dirigindo, feliz com seu dinheiro.

- Entre no quarto Jasmim.

- Onde você vai?

- Falei para entrar no quarto. - Ele começou a caminhar na direção da recepção. – Já volto.

- O que você vai fazer?

- O necessário. – Não sei por que, mas não o segui, não o impedi e também não entrei no quarto.

Fiquei lá tentando absorver as novidades do dia, conversar com minha mãe, ser caçada, capotar carros, pedir carona para tarados, essas coisas. Acho que uns cinco minutos depois Gabe voltou e não acreditei no que vi.

- Como? Como... O que você fez? – Tentei olhar para a recepção.

- Ela vai ficar bem. Daqui um tempo.

- Oh meu Deus. – Ele não precisou me dizer, já sabia, Gabe se alimentou da recepcionista. – E se ela contar para alguém?

- Não vai.

- Como você sabe? Ela pode...

- Confie em mim, ela não vai dizer nada a ninguém. – Estava pasma, havia restado somente o sangue seco nele, estava completamente curado, forte.

Entramos no quarto, não conseguia parar de pensar na podre moça, já tinha sentido o mesmo que ela e não era nada bom. Só naquele momento, percebi que estava em um motel com o Gabe, sem nada para vestir, apenas minha roupa ensangüentada, ainda estava com o moletom dele, repleto de sangue.

- Vá tomar um banho, vou pegar algumas roupas para nós, já devia ter pego alias.

- Vai pegar roupas aonde?

- Na recepção.

- Jesus, você pirou, como vai voltar lá?

- Você devia confiar um pouco mais em mim. – Ele era doido, essa era a explicação mais plausível.

Ele foi até lá e voltou logo em seguida, com roupas terrivelmente feias e grandes.

- Era o que tinha lá.

- Serve. – Disse de má vontade, não era pelas roupas, era por tudo isso, ele poderia ter matado aquela moça, ele matou aqueles caras, não o estava julgando porque provavelmente os caçadores o matariam, mas era pela situação em si.

- Hum você não entrou no banho. Estava me esperando? – E lá estava meu sorriso cínico preferido.

- Engraçadinho. – Fiz uma careta e me tranquei no banheiro, o chuveiro não era lá aquelas coisas, mas a água quente foi bem vinda.

Sai do chuveiro e coloquei, uma blusinha e uma calça, onde caberiam três Jasmim dentro. Sai do banheiro e Gabe entrou, liguei a TV só para não ficar naquele silencio todo, sinceramente aquela viagem toda estava sendo... Impossível, Deus do céu, impossível era Gabe saindo do banho, somente com uma toalha amarrada na cintura, com o corpo todo molhado, aquilo sim era impossível.

- Algum problema Jasmim?

- Não... – Ele era definitivamente um problema, aquele corpo sarado, molhado, praticamente nu, no mesmo quarto que eu era um problemão. Ele riu.

- Certo, vou poder dormir na cama ou vou ser obrigado a ir pro chão? – Talvez fosse melhor ele ir para o chão, mas tadinho tinha passado por tudo aquilo e... Qual é tava louca para dormir na mesma cama que ele.

- Vai poder dormir na cama. – Abri um sorriso enorme e desnecessário, fiquei vermelha, ele percebeu.

- Você está bem? Estou te achando um pouco vermelha.

- Estou ótima. – Quase enfartando, mas bem. Aquela seria uma noite tremendamente longa.

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