sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 22

Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida, os médicos não sabiam o que tinha provocado as convulsões e todo o resto, acharam que era só mais uma menina depressiva, mas fiquei de molho alguns dias por precaução. Não agüentava mais ver enfermeiras, nem tomar remédios pela veia, meus braços doíam, meu coração doía, Gabe não apareceu mais no hospital, como poderia, o tinha mandado embora.
Comecei a repassar tudo pelo que passamos, lembrei que era um problema para o tal Luke e que Gabe tinha de acabar com o problema e realmente ele quase conseguiu. Aquele jogo de morde e assopra estava me deixando um lixo, desejei que as coisas fossem diferentes, que Gabe não tivesse aqueles olhos, que não fosse namorado da Samara e por fim desejei que ele nunca tivesse existido.
Chorei minutos, horas, dias e a dor, não diminuía, nada preenchia o vazio que ele causava e o engraçado era que Gabe nem fazia parte da minha vida direito.
Acordei em um dos dias, ouvindo a Ana e o Danny conversando no quarto.

- Daniel, você precisa me explicar que historia é essa de “me alimentei dela” alguma coisa está muito errada.

- Ana... Eles devem ter discutido e isso sei lá... Deve ser alguma gíria ou... - Ele respirava fundo, tenso – Não sei o que ele queria dizer com isso meu anjo.

- Não vem com essa Danny. Não sou nenhuma idiota que você vai fica enrolando, pode até continuar me escondendo a verdade, mas pode ter certeza, não desisto fácil e vou descobrir o que está rolando aqui. Principalmente porque percebi que a vida da minha amiga corre risco.

- Você não deveria se meter nisso

- Quem decide onde me meto ou não sou eu mesma. Acho melhor você ir embora, porque o pai da Acaiah está chegando.

- Porque tenho que ir embora?

- Porque não quero que ele saiba que estou namorando, contaria para os meus pais e além do mais você pediu segredo lembra?!

Já estava ouvindo a voz da Ana longe, acabei caindo no sono de novo, não sei distinguir os dias, mas quando finalmente acordei a Ana e meu pai estavam no quarto.

- Você tem certeza que ela estava sozinha quando apagou? – Meu pai dizia com a voz exasperada.

- Tenho sim tio... Ela fica muito sozinha, acho que nem tava comendo direito. Você podia dar um celular pra ela... Assim pelo menos poderia localizá-la mais fácil e talvez a Acaiah nem tivesse aqui hoje.

- Ela não tem andado com ninguém estranho ou feito coisas esquisitas?

- Não... Nós temos a mesma turminha de sempre, mas porque você está perguntando isso tio? – Essa era uma excelente pergunta. Porque do nada ele resolvia bancar o pai?!

- Por nada... Por nada Ana. – Abri os olhos e mexi a cabeça meu corpo ainda doía um pouco, quanto a isso já me sentia bem melhor, mas emocionalmente estava um caco.

- Jasmim... – Meu pai dizia de um jeito quase emocionado enquanto se aproximava da cama. – Está se sentindo bem?

- Estou. – Sempre quis que ele bancasse o pai, mas agora que ele estava tentando, me dava raiva.

- O que aconteceu Jasmim? – Aquela pergunta de certa forma me deu arrepios, afinal era impossível não se lembrar do que havia acontecido, impossível não se lembrar dele.

- Nada. – Pela cara dele e da Ana a resposta não foi muito boa. - Andei meio nervosa com algumas provas na escola, acabei ficando sem comer e passei mal, só isso.

- É só isso mesmo Jasmim? – Ele perguntava com um tom de interrogatório, era como se de alguma forma ele soubesse tudo o que acontecia na minha vida.

- É sim pai.

- Ana você poderia nos dar licença só por um momento? – Isso não era bom. Ela deu um sorrisinho forçado para mim.

- Claro tio. Daqui a pouco eu volto amiga, você já vai ter alta. – Ela dizia saindo do quarto. Graças a Deus porque não agüentava mais aquele lugar.

- Jasmim, preciso me desculpar com você, trabalho demais e te deixo muito sozinha. Sou um pai totalmente relapso. – Ele parecia muito cansado e eu não sabia lidar com “esse” pai. – Filha, eu devia ser mais presente, mas é difícil ficar em casa. Sei que vai parecer egoísmo, mas você me lembra muito a sua mãe e... Nunca deixei de sentir a falta dela. - Meu pai raramente falava sobre a minha mãe, ele parecia se sentir culpado e isso só fez minha raiva aumentar, não tinha culpa de me parecer com ela.

- Sempre vivi muito bem assim, vacilei dessa vez, não vai se repetir. – Disse com um sorriso meio torto na boca.

- Ok mocinha – Ele parecia mais aliviado. – Vou ao mercado e comprar uma boa quantidade de congelados, verduras e legumes. Acho bom você começar a comer direito, se não vou ser obrigado a contratar uma babá. – Ódio, muito ódio era o que sentia, a opção era contratar uma babá e não ele ficar comigo.

- Tudo bem. – O medico estava entrando no quarto, me receitou algumas vitaminas e me deu alta. Meu pai trocou algumas palavras com a Ana e foi embora. Nos deixou com um dinheiro para o táxi e disse que depois ia mandar entregar as coisas que ele compraria no mercado.

Ainda estava meio grogue devido aos medicamentos, então por sorte tive uma desculpa para chegar em casa e cair direto na cama, a Ana estava sendo extremamente paciente comigo, sabia que ela estava louca por detalhes, mas não me perguntou nada.
Meu pai estava tendo crises de consciência, algo inédito e irritante, como queria minha mãe ali, dava tudo para poder conversar com ela, acho que comentei isso com a Ana.
Gabe, eu o amava de um jeito louco, não poderia mais negar isso, mas ele era algum tipo de ser estranho, que se alimentava de alguma coisa nas pessoas e garanto que isso era algo extremamente doloroso, mas acho que poderia conviver com isso, se ele me contasse toda a verdade.
Tinha dispensado Gabe, não podia contar toda a verdade para a Ana e para piorar tinha algum ser lunático atrás de mim, ela me fez uma sopa, logo depois tomei meus remédios e dormi, como estava de atestado, não iria para o colégio.
Acordei no dia seguinte, já eram 15:00, esses remédios davam muito sono, ouvi uma respiração pesada atrás de mim, próximo a janela. Quando me virei quase morri do coração, sabia que tinha alguém no meu quarto e foi um alivio vê-la.

- Ana Paula, você quase me matou do coração. – Ela estava sonolenta deitada no meu colchão para visitas.

- Bom então estamos kits, porque você quase me matou também. E ai, vou ter que descobrir sozinha ou você vai me contar o que aconteceu? – Tinha demorado para ela tocar no assunto.

- Ana... Por favor, não quero falar sobre isso, não quero mais saber do Gabe e você também deveria se afastar do Danny, porque acho que eles são iguais.

- Acaiah, não vou me afastar do Danny e você sabe que não vai se afastar do Gabe. – Ela estava errada, tinha que estar, eu conseguiria. - Vocês estão formando um triangulo do segredo dos olhos brancos, não vou desistir, vou acabar descobrindo o que seria “me alimentar de você”.

- Ana...

- Não perca seu tempo, não vai me fazer mudar de idéia. – Ela dizia levantando e indo em direção a porta. – Minha mãe fez uma canja para você, essas pessoas mais velhas têm mania de achar que uma bela canja revigora tudo, então não faça desfeita e coma. Está em cima do microondas na cozinha, mais tarde te ligo pra ver como você esta e amanha nos vemos na escola.

- Obrigado amiga e agradeça a sua mãe também. – A Ana foi embora.

Meu corpo já não doía tanto, depois de um tempo levantei e esquentei a canja, estava deliciosa, resolvi tomar um banho, ainda estava com cheiro de hospital, enquanto secava meu cabelo, liguei o computador e entrei no MSN, algumas pessoas vieram me perguntar o que eu tinha, as cinco janelas começaram a piscar quase ao mesmo tempo, fui olhando uma por uma, o Rafa, Teddy, Anderson, Ana, como o Rafael e o Anderson conseguiram meu MSN era uma incógnita para mim, a ultima tela era um nome que me fazia tremer.

#Gabe#: Jasmim?

*.*Jasmim*.*: Gabe? - Não havia o adicionado no msn e não tinha recebido nenhum convite seu.

#Gabe#: Como vc tá?

*.*Jasmim*.*: Como vc tem meu msn?

#Gabe#: Isso realmente importa?

*.*Jasmim*.*: Claro + vc não vai me responder, deve ter algum motivo sobrenatural também neh. – Ele me deixava mesmo muito nervosa.

#Gabe#: Inclui meu msn na sua lista de amigos aquele dia que cozinhei para vc.

*.*Jasmim*.*: Hummm

#Gabe#: Como vc tá?

*.*Jasmim*.*: Bem

#Gabe#: To indo pra sua ksa... – Meu coração disparou.

*.*Jasmim*.*: Gabe. – Digitei e apaguei varias vezes, meu orgulho não me deixava voltar a trás. Queria vê-lo, queria ele. – Vou me afastar d vc.

#Gabe#: Acha mesmo que consegue? – Garotinho petulante.

*.*Jasmim*.*: Sim.

Não esperei resposta e fiquei off-line, bloqueei Gabe no msn para ter certeza que não cairia em tentação de falar com ele de novo, não tive coragem de excluir ele, talvez eu realmente não fosse conseguir.
Fiquei jogada na cama, ouvindo musica, querendo muito me jogar pela janela, ouvi a companhia, achei que fosse a Ana, fiz a cagada de abrir a porta, sem olhar pelo olho mágico.

- Gabe? – Fiquei mole de imediato.

- Disse que estava vindo. – Aquele sorriso de cínico, era tudo de bom, apesar de tudo ele me fazia feliz, só rindo.

- O que... Você...

- Venha, vamos viajar.

- Ficou louco Gabe? – O que ele estava fazendo? – Viajar para onde?

- Venha você vai ver. – Ele estendeu sua mão para mim, meu coração parecia que ia saltar pela boca.

- Aonde você vai me levar? – Oh meu Deus, já estava ponderando a possibilidade de ir.

- Venha. Confie em mim. – Coloquei minha mão, sobre a dele e o segui porta a fora.

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