sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 21

- Jasmim hoje não é um bom dia.

- Era um bom dia para dizer que era louco por mim no colégio.

- Sinceramente Jasmim, está ficando tarde, já vai anoitecer, estou cansado e quero ir para casa.

- Podemos conversar no caminho.

- Não Jasmim, a Samara vai estar lá me esperando. – Ele começou a sair, já estava fora da academia, corri atrás dele.

- Gabe. – Ele parou me olhou, ele não estava nada bem.

- Pelo amor de Deus Jasmim, está anoitecendo, você me prometeu que não iria andar sozinha. Vai embora.

- Não!

- Não vou ficar aqui e discutir com você. - Ele ia embora a pé, o segui, mas estava a alguns passos atrás, andamos vários minutos, começou a escurecer, ele parou de andar e veio na minha direção, as ruas por onde ele andava estavam desertas, não me lembrava de ter andado por aquele lado da cidade antes.

- Não vou embora até você resolver falar comigo. – Disse antes que falasse algo. Ele olhava para algo atrás de mim, me virei e não vi nada.

- Parece que você não é a única que resolveu me seguir hoje. Que droga Jasmim! Agora não posso te deixar sozinha. – Ele me arrastou para dentro de uma casa vazia, meio demolida que estávamos na frente. Me apoiou em uma parede.

- Era o cara que me atacou na chácara?

- Provável. – Fiquei com medo na hora. Só de pensar em sentir aquilo, Gabe me abraçou.

- Ele não vai chegar perto de você. Não vou deixar. – Sabia que isso era verdade. - Está escurecendo muito rápido. Jasmim quando as coisas saírem do controle não olhe para mim, corra o mais rápido que puder. Volte para a academia, o cara não vai te seguir, ele já me pressentiu.

- Como assim quando as coisas saírem do controle Gabe? – Já estava apavorada.

- Não posso explicar agora, só... – Ele parou de falar, caiu no chão de joelhos, apertava seus olhos, suas pálpebras estavam vermelhas.

- Gabe? – Ele apenas gemia de dor, isso estava acabando com ele, derrepente os gemidos pararam, ele se levantou, estava na sua frente. Gabe abriu seus olhos, eles estavam brancos.

Comecei a me sentir triste, muito além do imaginável era como o medo, só que o sentimento era outro. A infelicidade é algo difícil de agüentar, cada célula do meu corpo entrava em depressão. Gabe fechou os olhos.

- Jasmim, corre. – Ele parecia fazer força para parar aquilo, no fundo algo me dizia que ele não fazia aquilo com os olhos de propósito.

- Não vou te deixar aqui assim, não sei o que é isso, nem o que você é, mas não vou te deixar.

- Jasmim não vou agüentar muito tempo, você é irresistível para mim.

- Então não resista. – Ele estava se abrindo para mim, da forma dele, esperei por isso desde aquele dia no bosque, não ia fugir agora. Segurei sua cabeça de frente para a minha. – Olhe para mim Gabe.

- Jasmim, por favor, isso dói...

- Olhe para mim. – Ele olhou seus olhos brancos e eles pareciam arrancar a minha alma.

Aquela tristeza era insuportável, mas não ia deixa-lo, percebi que ele precisava disso, então daria isso a ele.
Não sei dizer quanto tempo se passou, mas não estava suportando mais, cai de joelhos no chão, não conseguia quebrar aquele contato visual.
Queria desistir da vida, queria que aquilo parasse, deitei no chão, ainda olhando para ele, senti meu corpo inerte, anestesiado, comecei a ter convulsões, os olhos dele voltaram ao normal.

- Jasmim? Oh Meu Deus, disse para você correr. – Não conseguia responder, podia ouvir o que ele dizia, mas não podia me mover. - Jasmim, você não pode se entregar, por favor, resista, lute. Vem vamos buscar o carro. – Ele me colocou no seu colo, deve ter me carregado até a academia, porque era onde havia visto seu Eclipse estacionado, só agora me perguntei por que ele tinha ido a pé e não de carro. Ouvi quando ele me colocou no banco de trás e ligou para o Danny no viva voz.

- Alo.

- Danny.

- Fala cara.

- Estou levando a Jasmim ao hospital, me alimentei dela, tentei fazê-la voltar, mas ela é teimosa não me ouviu, Michael estava lá, não consegui me controlar, já te disse o que sinto com relação a ela, não deu Daniel, tentei, doía demais e ela permitiu – Nunca até aquele momento o havia visto tão desesperado. - Não sei se ela vai resistir.

- Meu Deus Gabe. O que você fez? – A voz do Danny assumiu um tom grave.

- Gabe onde ela está? – Era a voz da Ana, provavelmente o Danny também estava com o celular no viva voz.

- Estou levando-a para o hospital. Ela vai precisar de você Ana. – Ele desligou o telefone e dirigiu feito um louco.

Chegando ao hospital, ele me carregou no colo, me levaram para uma sala e por um bom tempo apaguei, depois percebi as enfermeiras colocando soro no meu braço. Não me lembro de mais nada e não faço idéia de quanto tempo fiquei apagada.
Sentia muita vontade de me matar, mas não era algo como uma crise de adolescente, sentia dor física, no meu peito parecia haver um buraco enorme, vazio, me sentia pesada demais para mover um músculo sequer. A vida tinha perdido o sentido em segundos, queria acabar com aquela dor. Acordei com vozes no quarto.

- Que diabos significa “Me alimentei dela”? – Perguntava uma Ana, muito brava.

- Ana... Gabe se expressou mal. – Danny dizia, parecendo estar arrasado.

- Se ele a estuprou vou descobrir e ele irá para a cadeia. – A Ana dizia quase sussurrando. - Você está me ouvindo Gabe, para a cadeia.

- Não foi isso Ana, ele realmente só se expressou mal.

- Não vem com essa Danny. A Acaiah me falou de uma historia de que ela tava sendo perseguida por um cara de olhos brancos.

- Como assim? – Ouvi a voz do Gabe, ele parecia bem mais próximo que os outros, mas não conseguia abrir os olhos para ver onde ele estava.

- Ah, não se faça de bobo Gabriel. Ela me contou que tinha uma cara de olhos brancos atrás dela. Ela tem muito medo disso e realmente acho que todos além de mim nesse quarto sabem o que está acontecendo.

- Gabe... - Consegui dizer, meu estomago se revirou, só com o esforço de pronunciar o nome dele. - Ouvi passos em direção a cama.

- Jasmim, estou aqui.

- Eu também amiga e o Danny.

Consegui abrir os olhos, mas esse movimento fez meu mundo girar. Gabe estava ao meu lado e a Ana ao lado dele, Danny estava aos pés da cama.

- Vocês podem me deixar sozinha com o Gabe?

- Acaiah... Você tem certeza? – Ela me olhava como se a ultima coisa do mundo que quisesse fazer fosse aquilo.

- Sim, precisamos conversar.

- Venha meu anjo, vamos deixar os dois – Danny ia empurrando a Ana pelos ombros, pude ouvir ela dizendo, “ok, mas não vou engolir essa de se expressar mal”. A porta se fechou atrás deles.

- Jasmim, insisti tanto para que você não ficasse.

- Gabe... Não podia deixar você sozinho... Estava com medo, por você.

- As coisas saíram do controle, tive medo que você tivesse morrido.

- Me explique o que aconteceu. – Ele fechou os olhos.

- Ainda não posso. – Comecei a chorar compulsivamente.

- Gabe, por favor, estou implorando a você. – Ele agarrou seu cabelos com as duas mãos.

- Você estaria em perigo não posso.

- Que perigo? – Ele suspirava e andava de um lado para o outro. – Michael?

- Michael é o menor dos nossos problemas.

- Não suporto mais isso, não agüento mais suas mentiras e meias verdades. – Meu corpo doía, mas o que sentia em meu peito, passava essa dor física.

- Você acha que gosto disso tudo?

- Parece gostar.

- Você me conhece muito pouco.

- Começo a me perguntar se quero realmente te conhecer. – Maldito cinismo, meu e dele.

- Não faça isso, estou quase resolvendo tudo, logo a Samara...

- Como foi que o nome dela veio parar na conversa?

- Meu Deus Jasmim... Se soubesse o quanto estou tentando...

- Não está sendo o suficiente. – Ele soltou o ar pesadamente.

- Sei disso.

- Então converse comigo, seja lá o que você for não vou contar a ninguém. Confie em mim.

- Confio em você, não confio... No que vão fazer conosco se acharem que você sabe.

- Pare de falar em malditos códigos. – Berrei.

- Vou resolver tudo, só me dê mais algum tempo.

- Não Gabe, quero saber de tudo agora.

- Seja razoável Jasmim, não acha que se pudesse... Se fosse fácil, já não teria lhe contado. Por favor, só mais um tempo.

- Vá embora. – O que estava fazendo? – Saia daqui. – Seja lá o que fosse não conseguia parar.

- Não faça isso. Não quero ir. – Meu choro aumentou.

- Você me deixa infeliz, o tempo todo. Não quero mais sentir isso. – Não sabia ao certo o que estava dizendo, mas pareceu feri-lo gravemente.

- Acredite ou não tudo o que fiz, foi para o seu bem.

- Difícil de acreditar realmente. – Queria engolir meu orgulho, não queria que ele fosse embora, mas não conseguia.

- Você é tudo para mim e isso não vai mudar, não importam as minhas atitudes porque elas não condizem com o que sinto. - Seus olhos miravam o vazio e naquele momento minha vida virou um.

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