domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 15

- Cansada de dançar com o “Rafa”? – Ele pronunciou o nome com nojo. Gabe estava sentado no pé da maior arvore.

- Gabe. – Fechei os olhos estava cansada disso tudo. – Resolvi ficar um pouco sozinha. – Me limitei a dizer. – E você o que está fazendo aqui sozinho?

- Cansei da festa, ficou meio apelativa para mim.

- Apelativa? Porque está me dizendo isso Gabe? – Essa troca de ofensas constantes estava prá lá de cansativa e apesar de ter dito na academia que não queria mais nada com ele, nesse exato momento só pensava em seus braços me envolvendo.

- Por quê? Você ainda pergunta? - Ele ficou de pé. - Você estava se amassando com aquele menino e agora vai fazer de conta que não foi nada?

- Eu? – Agora ele estava apelando – Não estava fazendo nada de errado Gabriel. – Talvez estivesse, sei lá, mas não ia admitir isso a ele. - Você esqueceu que não tenho namorado? Você esqueceu que você tem namorada? Eu não esqueci. – Ficamos em silencio nos olhando por um instante.

- Gabe. Já falei para você só me chamar de Gabe.

- Qual é a diferença? Porque você se importa tanto pelo modo como te chamo? Isso não muda nada, não muda tudo isso. – Ergui as mãos em sinal de protesto, suspirei isso não estava nos levando a nada.

- Realmente não. – Ele disse enquanto vinha em minha direção. – Algumas coisas estão fora do nosso alcance. - Antes que pudesse mover um dedo sequer ele me beijou.

Me beijou como se aquele beijo fosse o ultimo das nossas vidas, suas mãos estavam histéricas descendo e subindo pelas minhas costas, me apertando com força, depois me abraçou e continuou beijando meu pescoço.

- Jasmim... – Ele suspirou. – Sempre foi a minha flor preferida. – O encarei.

- Mas você disse que...

- Menti. Sempre amei Jasmins.

- Faz isso com freqüência?

- O que? – Ele perguntou, enquanto beijava meu pescoço, tinha medo da resposta dele.

- Mentir? – Ele me olhou serio.

- Sim. O tempo todo. – Fechei meus olhos, estava perdida, totalmente perdida e era doida por ele.

- Queria saber o que você sente. – Disse, desejando realmente que isso fosse possível.

- Seria terrível, lhe garanto. Imagine sua vida sabendo sempre o que todos a sua volta sentem! Medo, alegria, tristeza, amor, ódio, paz, raiva, nojo... Não seria uma vida, seria uma prisão. – Estava tremendo, algo me dizia que ele não estava apenas imaginando isso, sua cara era de quem sabia muito bem como era, mas como isso seria possível? Já estava delirando.

- Realmente queria saber o que você sente, porque quando te vejo com a Samara eu... – Fechei os olhos e me lembrei da cena, ela dando um docinho em sua boca e beijando-o. - Eu... Você sempre está me olhando, mesmo quando está com ela. – Ele estava mexendo em meu cabelo. Percebi que havia me entregado, totalmente.

- E você acha que saber o que sinto resolveria alguma coisa? As pessoas são confusas, não sabem o que sentem, misturam sentimentos o tempo todo. – Ele deu um riso debochado. – Não suporto vê-lo com você.

- Ver quem? – Estava ofegante, o que era tudo aquilo que ele estava me dizendo? Procurei lógica em suas palavras e em suas ações, mas não consegui.

- Rafael... Simplesmente não suporto, não suporto ver ninguém tocá-la... Mas não posso Jasmim, eu... Estou com a Samy, fui eu que quis ficar com ela, escolhi isso, agora tenho que aceitar o peso das minhas decisões. – Ele se separou de mim, fiquei lá estática, com os braços pendendo ao lado do corpo.

- Ah é. A Samy. – Estava me esforçando muito para não chorar. – Claro, ela é realmente linda. – Ela era uma idiota, mas linda isso ela era. Minha boca tremia pelo esforço de reprimir o choro, minha voz estava entrecortada.

- Você é linda também. – Ótimo grande consolo.

Me virei para ir embora, ele me abraçou por trás, minha vontade era gritar. Porque estar com ele era tão bom? Ele ficou respirando em minha nuca.

- Você está gelada. – Ele tirou sua jaqueta de couro e colocou em cima dos meus ombros, agora o cheiro dele, estava por toda parte, me virei para olhá-lo.

- Eu estou tão...

- Triste. – Ele complementou, será que isso era tão visível assim?

- Não sei o que sinto por você Gabe!

- Tem certeza disso? Porque acho que você sabe. – Só balbuciei algumas palavras, só porque ficávamos de vez em quando, ele não poderia presumir que eu... Não, claro que não. Ficamos em silencio um pouco.

- Gabe o que aconteceu aquele dia no bosque? O que realmente aconteceu?

- Você é diferente.

- Porque diz isso?

- Porque você se lembra.

- Como assim eu me lembro? - Ouvimos passos se aproximando e Gabe tampou minha boca e sussurrou em meu ouvido “fique quieta”.

Droga, logo agora que ele estava quase me contando, os passos se aproximavam cada vez mais, eram duas pessoas, pararam do lado oposto da arvore, como o tronco era grosso eles não nos viram. Gabe estaria encrencado se o vissem comigo ali, poderiam contar para sua namorada e por um minuto de egoísmo achei que era uma idéia interessante.

- É um lindo lugar... Mas porque você me trouxe aqui? – a voz da Ana me deu um sobressalto e olhei para Gabe que sorria e colocava o dedo nos lábios pedindo silencio.

- Porque combina com você. – Era ela e o Danny.

- Obrigado. – Fiquei imaginando a cara dela de derretida. – Nossa a lua está linda.

- Está mesmo, acho que nunca vi um céu tão estrelado assim... Adoro estrelas.

- Eu também. – Ela respondeu e isso era verdade, o quarto dela era todo decorado com estrelas.

- Você é mais linda que todas elas juntas. - Gabe colocou novamente o dedo nos lábios pedindo que continuasse em silencio. Me deu vontade de rir, Danny me pareceu aqueles galanteadores de 1800.

- Nossa Danny, obrigada, mas você está se enrolando muito para me beijar, serio. – Isso era tão... Ana, que tive que sorrir.

- Ana... Não sou assim, jamais te beijaria se você não fosse minha namorada.

- Nossa. – Ela devia estar muito assustada, ela não era assim... Digamos... Certinha.

- Você quer namorar comigo? – Achei tão fofo da parte dele.

- Você está me pedindo em namoro, sem nem ao menos me beijar antes? – Ela conseguia estragar todo o romantismo dele. Gabe estava sorrindo.

- Já disse que não funciono assim. Beijar não é motivo suficiente para estar com alguém.

- E o que é motivo suficiente para você?

- Ana... Amo o jeito que você sorri, que anda, fala, amo seu cheiro e tudo em você. Sou louco por você, quero ficar com você. Isso é motivo para mim.

- Hã... Eu... Não esperava por isso Danny... – Eu mesma ia matá-la se ela falasse não.

- Sei você mal me conhece, mas ainda sim, não consigo mais resistir. Vou arriscar tudo. – Gabe pareceu ficar tenso. – Ana, quero namorar com você.

- Danny... Eu... Nem sei o que te dizer. – Burra.

- Você não quer?

- É claro que quero, mas sei lá a gente nem ficou nem nada. Não to acostumada com isso, não me entenda mal, é maravilhoso, mas a maioria dos meninos não é assim. Acho que isso me assustava um pouco.

- Não sou como a maioria. Só que por enquanto ninguém pode saber, preciso que seja segredo. Como te disse na praia isso tudo envolve muita coisa que você ainda não pode saber. – Danny tinha o mesmo papo que o Gabe, agora tinha mais uma certeza, seja lá o que Gabe era ou fazia, Danny era como ele.

- Então você quer namorar comigo? – Danny perguntava de novo.

- Quero... – Finalmente, pensei.

- Ótimo, porque não sabia por mais quanto tempo resistiria a você. – Estava morrendo de vergonha de estar ali atrás da arvore presenciando aquele momento tão intimo dela.

Provavelmente eles estavam se beijando, porque ficou tudo em silencio, durante um tempo. Gabe me olhava e selou nossos lábios de leve, nos beijamos também a diferença é que ele não tinha me pedido em namoro, ele já tinha namorada, mas podia fantasiar que era isso que tinha acontecido.

- Ana acho que temos platéia.

- Como assim Danny?

- Desculpe, não queria me intrometer, mas nós já estávamos aqui. – Porcaria, porque sempre era pega nessas coisas?!

- Nós? – Perguntou a Ana, ela deu a volta na arvore e entrou em choque. - Oh Meu Deus Acaiah? O que você está... – Fiquei com uma cara de criança quando faz alguma travessura. – Oh meu deus! Acaiah! Você e o Gabe... – Não a deixei terminar.

- Não, foi coincidência encontrá-lo aqui.

- Você sabe que odeio que mintam para mim, você está com a jaqueta dele. Nem vêm, vocês dois estavam ficando.

- Realmente Ana, nós estávamos ficando. – Gabe respondeu, quase desmaiei, ele estava admitindo isso?

- Amiga que fofo você deu seu primeiro beijo. – Jesus, queria matá-la... Bem lentamente. Gabe caiu no riso. Perfeito.

- Obrigada Ana.

- Que foi? – Ela era tão sem noção às vezes. – Achei fofo, estava na hora de você aprender a beijar.

- Ana mais uma palavra e juro que mato você. – Ela ergueu os ombros como quer dizer “Tanto faz”.

- Estou namorando. – Ela abriu um sorriso enorme minha raiva foi embora ela parecia uma criança feliz, mas a vergonha ainda estava ali com toda certeza, mal consegui olhar para Gabe, que para piorar, ainda estava rindo. – Oh Desculpa Danny, não era para ninguém saber, mas eles já estavam aqui.

- Não tem problema meu anjo. Tenho certeza que você não esconderia nada da Jasmim e também não esconderia do Gabe. Eles podem saber.

- Ana que horas são?

- São exatamente 24:00 ainda amiga, temos tempo, as vans saem bem mais tarde.

- Acho que vi algumas pessoas indo embora – Realmente estava vendo pelas arvores, que já não havia uma multidão na festa.

- Algumas pessoas devem ter ido embora de outro jeito. Gabe e a Samara? Você terminou com ela aqui, em plena festa? – Ele fechou a cara.

- Não terminei com ela. – Aquilo doía.

- O que? – Acenei para a felicidade, ela estava indo embora. - Mais vai termina né?

- Ana vem meu anjo... Vamos subindo, precisamos disfarçar vou te deixar próximo ao banheiro. – Danny, já saiu puxando-a

- Ok, mas...

- Vamos Ana. – Eles nos deixaram ali. Gabe estava com uma cara de raiva.

- Então, que fim deu sua namorada? – Resolvi perguntar, já tinha ido tudo por água a baixo mesmo.

- Isso não é da sua conta.

- É para falar a verdade não é mesmo. – Era incrível como ele conseguia acabar com tudo com um simples abrir de boca. – Ela é nojenta.

- Ela não é assim tão ruim. – Meu sangue estava fervendo. – Se fosse, ela não teria metade da escola dando em cima dela. - Aquilo foi demais para mim. Virei às costas e disse.

- Ótimo, vai pra casa atrás daquela vaca que ela deve estar entalada em um vaso. - Realmente desejava que ela estivesse com um problema gastrointestinal bem forte. Tirei a jaqueta dele e joguei no chão, fui voltando para a festa e encontrei a Ana e o Danny no caminho.

- Hey o que houve Jasmim? – Perguntou o Daniel.

- Seu amigo realmente é um idiota, ele sempre consegue estragar tudo, vamos Ana. – A puxei, ela fez cara de “Porque”. – Vocês precisam disfarçar lembra e preciso de você nesse exato momento.

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