sábado, 16 de julho de 2011

O Ultimo Olhar Capítulo 6

Pena que aqueles risos não tinham efeito prolongado, porque queria muito me sentir feliz plenamente de novo.

- Não sei qual é a graça Acaiah. – Disse a Ana, já ficando emburrada.

- Você o provocou Ana Paula, essas coisas tem conseqüências sabia? – Disse diminuindo o riso.

- Sim, sabia que teria conseqüências, mas não imaginei que seria daquele jeito.

- Ana vamos voltar não estou mais a fim de brincar. – Já saiamos da sala de música, quando a Samara passou correndo por nós.

- Trinta e um da Jasmim e da Ana.

- Estamos fora. – Exclamou a Ana. Sei lá se a ruiva ouviu, porque saiu correndo.

Caminhamos até a cantina novamente, Danny e Gabe já estavam lá e não gostei da cena que vi, nenhum pouco.
A Samara estava pendurada no pescoço do Gabe e para piorar ele estava deixando.

- Isso vai melar nosso acantonamento, não vai? – Perguntou a Ana, assim que viu a mesma coisa que eu.

- Pode apostar nisso. – Minha raiva era tão grande, meu ciúme tomava conta de mim. Nos aproximamos deles. – Perdi alguma coisa? – Perguntei fuzilando Gabe com os olhos.

- A Samara está com câimbra. – Disse Danny. Olhei rapidamente para ele, como quem diz “cale essa maldita boca”. – Ela está esperando passar.

- Que câimbra longa. – Meu corpo todo tremia, mas quando você acha que está tudo uma merda, acontece algo para piorar.

Por algum motivo a Samara começou a chorar, na verdade a menina soluçava e Gabe afagava seu cabelo ruivo, com tanto carinho que quase vomitei. Estava cansada de brigar, cansada de nunca entender os atos de Gabe, me virei e fui para a sala, onde estavam nossos colchões, ninguém me seguiu, a Ana ficou lá de boca aberta com a cena, entrei na sala peguei minha mochila e fui para um dos banheiros, me troquei e coloquei a porcaria do pijama sexy que havia levado, queria acender uma fogueira com ele, voltei para a sala, joguei a mochila no chão, deitei, me cobri e comecei a chorar em silencio.

- Posso saber o porque do choro? – Gabe estava deitado atrás de mim, mexendo em meu cabelo.

- Use a imaginação Gabriel. – Disse com raiva, mas não queria que ele fosse embora, só estávamos nós dois lá, parece que ninguém queria dormir aquela noite.

- Aquilo não foi nada Jasmim.

- Não me pareceu nada.

- Mas era... A Samy... – Samy?! Ninguém merece. – Ela não é tão ruim quanto parece ou o quanto ela se esforça para ser...

- Não? Ela leu o diário da minha mãe para a sala toda ver, ela namorou você...

- Então esse é o problema? Nós dois termos namorado? – Ele estava rindo, cínico.

- Claro que esse é o problema, você estava todo carinhoso com ela. – Me virei para ficar de frente para ele.

- Ao contrario do que você pensa não gosto de ser a causa das tristezas dos outros.

- Você se alimentou dela alguma vez? – Logo que ele tocou no assunto tristeza, isso me passou pela cabeça. Ele não disse nada. – Responda Gabe.

- Não. – Ele começou a passar a mão no meu cabelo, cada toque dele, fazia meu corpo todo se arrepiar. – Não te dei isso à toa Jasmim. – Ele disse segurando o pingente que havia me dado de aniversario.

- Michael disse que era...

- É o símbolo do meu chakra, geralmente só entregamos a esposas ou noivas e as mulheres entregam a seus maridos os delas. – Ele ainda mexia naquele pingente, que era meio estranho. – Você é meu amor, para sempre, nunca entreguei isso a ninguém, nem... Você é a primeira e a ultima que terá isso.

- Não gosto de ver você com ela.

- Eu sei, vou ficar o mais longe possível da Samara. Melhor assim?

- Melhor. – Respondi, tentando esconder o sorriso enorme que brotava em meu rosto.

- Isso aqui logo vai estar lotado de adolescentes chatas.

- E?

- E... Que esse seu pijama é uma tentação. – Sorri para isso.

- Se ele for o problema...

- Não me provoque Jasmim.

- Não estou. – Estava sim. – Ia dizer que poderia trocar de roupa e por outra coisa.

- Assim está muito bom, não precisa trocar. – Ele começou a me beijar e logo já estava no meu pescoço, mordendo a minha orelha. Estava ofegante, segurei seu cabelo e o puxei para a minha boca. Ele ficou em cima de mim, coloquei minhas mãos por dentro da sua camiseta e explorei suas costas, seus ombros largos, seu peitoral.

- Não acredito nisso Gabe. – Primeiro pensei que fosse nossa coordenadora, mas logo reconheci a voz esganiçada da Samara. Gabe levantou e ficou de pé, se ele fosse atrás dela, juro que o matava. – Como você pode fazer isso comigo?

- Desculpe Samara, mas estou com a Jasmim agora. – Não acreditava naquilo, ele havia assumido que estava comigo. – Estamos namorando e...

- Não acredito que me trocou por ela. – A Samara saiu correndo, dali a três segundos, nossa turma toda saberia que estávamos namorando.

- Gabe ela vai contar para todo mundo.

- Espero que sim.

- Como assim? O Luke disse...

- O Danny e a Ana já assumiram. A merda já está feita. – Não gostei muito desse comentário dele. – Alem disso nunca fui muito bom em seguir ordens mesmo.

- Acho melhor não ficarmos aqui, ela vai contar para a coordenadora e logo ela estará aqui.

- Sim, vamos para a cantina. Droga.

- O que foi?

- O idiota do Teddy vai ficar louco, com você vestida assim. – Até que gostei de vê-lo com ciúmes, meu pijama era sexy, mas comportado ao mesmo tempo e varias meninas já estavam de pijama, então fui para lá assim mesmo e Gabe tinha razão, Teddy já estava ao meu lado.

- Menina você arrasa. – Disse ele me abraçando. – Parabéns Gabe, você tem bom gosto.

- Valeu cara. – Respondeu Gabe e aquela cara me parecia de orgulho.

- Galera olha que casal bacana. – Gritou Teddy, meu rosto ficou vermelho, mas estava muito feliz de verdade, Gabe ficou do meu lado e entrelaçou sua mão na minha.

- Posso matá-lo agora. – Sussurrou Gabe para mim.

- Melhor não. – Respondi a brincadeira. A Ana nos olhava com um sorrisão nos lábios, Danny também me parecia feliz, mas encostada em um canto, com o rosto vermelho de tanto chorar estava a Samara, rodeada pelas duas outras Glitter, senti pena dela, minha alegria custava à infelicidade dela e não gostei dessa sensação.

Quase ninguém dormiu, poucos pessoas foram deitar, ficamos todos espalhados pela cantina, conversando, eu fiquei com a cabeça no colo de Gabe, ele mexia em meu cabelo, mas aquilo não me deu sono, me deu paz, com ele perto sempre me sentia em paz. Queria que ele fosse um menino normal, queria que meu corpo não me traísse tanto assim, embora Gabe estivesse ignorando esses sinais, ele sabia tão bem quanto eu que a coisa não acabaria bem. Então porque não abríamos mão um do outro, seria mais fácil, difícil era ter coragem para isso, preferia cinco minutos do lado dele, do que nunca te-lo. Viramos a noite assim, a Ana e o Danny ficaram abraçados o tempo todo. Pela manha todos foram para frente do portão da escola, a maioria esperando seus pais ou alguém que fosse buscá-los, estávamos esperando o tio Beto.
Ele não demorou a chegar todos entramos no carro e ficamos em silencio, éramos dois casais estranhos, nosso namoro envolvia sugadores, caçadores, meninas que matam sugadores sem explicação, mas ainda éramos adolescentes, embora alguns ali naquele carro, fossem adolescentes a muito tempo, ainda éramos jovens.

- Jesus Jasmim, esperasse chegar até em casa. – A Ana disse, se referindo ao cheiro de esgoto dentro do carro, tio Beto estava passando ao lado de um centro de tratamento de esgoto.

- Desculpe amiga não deu para segurar. – Todos caíram na risada.

- Ana Paula. – Disse tio Roberto tentando repreende-la, mas sem sucesso já que estava rindo também. No fundo éramos apenas adolescentes.

2 comentários:

  1. A ACADEMIA MACHADENSE DE LETRAS (Machado-MG) comunica que estão abertas as inscrições para o VIII Concurso Plínio Motta de Poesias, do ano 2011.

    Entrem em contato para adquirir o Regulamento:
    a/c Carlos Roberto machadocultural@gmail.com

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