domingo, 15 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 9

A academia e o mercado não eram longe da minha casa, pegamos um carrinho de compras, ele não havia falado mais uma palavra sequer.

- Jasmim, você prefere panquecas ou um estrogonofe? – Não estava acreditando, era sonho?

- Panquecas. – Ele riu. – O que foi? Era para ter escolhido estrogonofe?

- Não. Claro que não. Também escolheria panquecas.

Compramos os ingredientes, tinha dinheiro suficiente para pagar a conta, mas ele teve um ataque de cavalheirismo e me impediu de pagar, menos mal porque eu não teria mais nada ate terça, quando meu pai chegaria de viagem, caminhamos algumas quadras.
Ao chegarmos a minha casa, graças a deus estava tudo no lugar, ele levou as sacolas para a cozinha, abriu a geladeira e os armários, achei que estava procurando as panelas.

- Jesus Jasmim. O que você come? – Tive que rir disso, a Ana sempre falava a mesma coisa. Que preocupação era essa?

- Comida.

- Comida? Não tem salada nem nada saudável, seu pai não se preocupa com a sua saúde? – Hum, pego no ponto fraco.

- Provavelmente não.

- Bom ele deixa dinheiro, não deixa?

- Sim. – Meu pai me dava 30,00 por semana, no final do mês ele pagava todas as contas, mas hoje em dia 30,00 reais, não dão para muita coisa em um mercado.

- Então use o dinheiro melhor, compre coisas saudáveis. Não entendo porque ele te deixa tão sozinha. – Primeiro foi o Danny, agora Gabe questionando a ausência do meu pai, ele fechou os olhos e fez que não com a cabeça, como se tentasse se acalmar ou afastar idéias ruins. – Bom vamos preparar um jantar descente para você. - Olhei no relógio ainda eram 18:30 estava muito cedo para comer.

- Está muito cedo Gabe, nunca como esse horário.

- É que hoje não posso... Vou embora cedo.

- Aham. – Claro com certeza ia correr atrás da Ruiva monga.

Ele lavou as mãos, pegou o liquidificador, eu não sabia exatamente o que fazer, sabia cozinhar, mas sempre detestei. Prendi meu cabelo, fui para perto dele ajudá-lo ou ao menos tentar.

- Já disse que gosto do seu cabelo solto. – Ele me puxou para perto de si e tirou meu elástico do cabelo, minha sala era dividida por uma bancada da cozinha, ele me encostou nessa bancada, mexeu no meu cabelo, beijou meu rosto e voltou à culinária. – Hoje você só vai olhar.

- Quero ajudar. – Falei quase ofegando, ele tinha uns ataques deliciosos de vez em quando.

- Já disse que não. – Até parece que ia obedecê-lo na minha própria casa, voltei em direção ao balcão onde estavam os condimentos, ele me puxou até a parede, colando minhas costas nela. – Porque você é tão teimosa?

- Porque você é tão estranho e enigmático?

- Essa sua boca é um pecado. Ninguém deveria ter uma boca tão linda assim.

- Gabe você está perdendo o foco da conversa. – Ele riu.

- Te garanto que não. Estou bem focado.

- E onde está esse seu foco? – Disse já me derretendo toda, ele estava passando seus lábios nos meus bem de leve.

- Aqui. - Assim que disse isso ele me beijou novamente, no meio do beijo ele mudou de lugar, agora ele estava de costas na parede e eu estava na sua frente, bem colado em seu peito sarado, ele não é do tipo bombado, mas era bem definidinho. Estava gostando muito desse “foco” dele. Terminamos o beijo e ele voltou a cozinhar, resolvi não insistir, sentei em uma banqueta alta que tínhamos na frente da bancada.

- Bom... – Íamos ter que conversar sobre algo. – Você mora com seus pais?

- Não. – Ele só respondeu isso com uma cara seria.

- Com quem você mora então?

- E sua mãe morreu do que? – Agora ele tinha pegado pesado.

- No parto. Você não me respondeu.

- Não é culpa sua.

- O que?

- Ela ter morrido no parto. Não foi culpa sua. – Por essa eu não esperava, nunca tinha ouvido isso de ninguém, meu pai nunca disse que era culpada, mas também nunca disse que não. A Ana nunca tocou no assunto, muito menos a família dela. Foi um alivio ouvir aquilo, queria acreditar, de verdade, mas porque não conseguia?! Depois de minutos de silencio resolvi mudar de assunto. – Onde aprendeu a cozinhar?

- Com uns amigos. – Ele me olhou. – Como sua mãe era?

- Fisicamente? – Ele fez que sim com a cabeça. – Não sei meu pai não tem nenhuma foto dela, ele disse que não precisaria de fotos que tinha a mim. “Você é tão parecida com a sua mãe que chega a doer”. – Tentei imitar a voz do meu pai dizendo isso.

- Nossa. Então, ela era linda! – Fiquei vermelha na hora, senti minhas bochechas quentes, ele estava me elogiando ou era impressão minha?! – Você nunca se perguntou onde estão seus avós, tios, alguém?

- Meu pai disse que não temos parentes, meus avós faleceram também e tanto ele quanto a minha mãe não tinham irmãos.

- Como ela se chamava?

- Isso é importante?

- É. – Acho que não esperava por essa resposta, nunca me perguntavam o nome dela,

- Cecília.

- Você costuma visitá-la?

- Não. Onde eu iria visitá-la, no cemitério? Isso não tem sentido. – Estava começando a ficar muito brava. – E além do mais ela foi enterrada em outra cidade, nós não morávamos aqui antes.

Antes de ele dizer qualquer coisa meu telefone tocou, salva pelo gongo, corri para atendê-lo. O telefone ficava ao lado do sofá.

- Acaiah! Acaiah! Onde você se meteu menina? Estou tentando te ligar a horas? – Ela estava ofegando, achei que teria um sincope. Devia ter ligado pra todos que ela acha que me conheciam e fez isso andando de um lado para o outro, certeza.

- Hey calma. Fui a uma aula de artes marciais, depois ao mercado por isso não estava em casa.

- O que você foi fazer em uma aula de artes marciais? – Conseguia imaginar a cara dela.

- Sei lá Ana, não tinha nada para fazer e achei que de repente fosse legal aprende alguma coisa assim.

- Hum. Tá, muitos homens por lá? – Ah não. Gabe estava parado encostado na parede da cozinha, parecia que ele podia ouvir tudo, pois estava me olhando com uma cara ao melhor estilo de “e aí o que você vai dizer a ela”

- Há, é não sei Ana, você sabe que fico meio desligada nessas coisas. - Devia estar vermelho sangue.

- Não importa não me interessa mesmo. Acaiah preciso te conta uma coisa que ainda não acredito que realmente aconteceu.

- Ana, não sei, você não acha melhor deixar pra quando você chegar? Estou bem cansada...

- O Danny está aqui.

Gabe me olhava com cara de preocupação, a mão dele estava segurando o queixo e ele parecia querer saber tanto quanto eu o que o Daniel estava fazendo na praia com a Ana. Ele teria ouvido te tão longe o que conversávamos?!

- Como é que é amiga?

- Ai Acaiah, eu sei que talvez esteja ficando louca, mais acho que o vi. Estava deitada na rede que tem na frente da minha casa, ouvindo meu ipod, quase dormindo, esperando para ir para a praia quando vi uma pessoa parada atrás de um muro em frente a minha casa, olhei de relance, mas então olhei de novo e ele estava lá me olhando. Cocei os olhos porque achei que tivesse visto coisa e quando olhei não tinha mais ninguém. Pulei da rede e corri até o portão quando vi um menino muito parecido entrando na pousada aqui na minha rua. Acho que é ele amiga.

- Ana, você não tem certeza de nada, não fique pirando o cabeção.

- Acaiah acho que estou gostando do Danny, tenho pensado muito nele sabia?!

- Quando você voltar conversamos melhor, certo?

- Tudo bem... A lua está linda aqui, o céu também, vou dar uma caminhada na praia. Preciso espairecer. – Aquela idéia me deixava bem pouco animada. Se tinha uma mistura que não combinava é Ana sozinha, apaixonada, tendo ilusões em uma praia à noite.

- Amiga, não gosto da idéia de você perambulando em uma praia a noite sozinha – Gabe já me olhava com um sorrisinho reprimido nos lábios, mas ainda tinha um olhar de preocupação.

- Fique tranqüila, logo to voltando e conversamos mais. Beijos.

Desliguei o telefone, odiava quando isso acontecia, mas ela conseguia me deixar com uma ruguinha de preocupação, olhei para a cozinha e meus problemas pareciam sumir. Gabe estava ali parado me esperando para cozinhar para mim. Inacreditável.

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