quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Ultimo Beijo Capítulo 40

Acordei com meu pai me chamando, demorei a entender o que ele falava, além de estar sonolenta, Gabe não parava de rir.

- O que pai?

- Posso saber por que tem um gato na minha cozinha Jasmim? – Droga, ele havia achado Salem.

- Foi bom enquanto durou. – Disse Gabe em meio a risos.

- Isso não tem graça Gabe. – Já havia me apegado ao meu gato, não ia deixar meu pai, tira-lo de mim. Desci as escadas e fui falar com ele, Salem estava encurralado no canto da cozinha, o peguei no colo. – É meu gato pai.

- Desde quando você tem esse bicho? – A cara dele era de nojo.

- Tenho Salem a pouquíssimos meses. – Para falar a verdade não havia contado quanto tempo ele estava em casa comigo.

- Salem?

- Sim é o nome dele. – Meu pai coçou a cabeça, suspirou, fungou, andou de um lado para o outro. – Precisava ser um gato preto?

- Não escolhi a cor dele, o achei... – Em um motel. – Na rua. Qual é pai, gato preto de olhos verdes é bacana.

- Qual é?! Estou ficando velho.

- Salem não vai embora, eu cuido dele, compro ração, limpo.

- Está bem, mas não o deixe entrar no meu quarto. – De novo pensei, Salem adorava dormir na cama dele. – Você terá que trabalhar para sustentá-lo, já está na hora mesmo e... Bom, não vou gastar dinheiro com ele, isso é responsabilidade sua agora.

- Tudo bem. – Ele pareceu estranhar a resposta, mas não disse mai nada. Subi para o meu quarto com Salem no colo.

- O gato vai ficar? – Perguntou Gabe, apesar de que achava que ele já havia ouvido a conversa toda.

- Vai, mas preciso de um emprego. – Ele sorriu me pareceu deboche, como quem quer dizer “Você trabalhando?!”.

- Bom, tem uma vaga lá na academia, para recepcionista.

- O que aconteceu com a moça que trabalhava lá?

- Parece que arrumou outro emprego, não sei direito, ainda não fui lá. – A idéia me parecia boa, pelo menos não teria que fazer entrevistas. – O trabalho é tranqüilo, mostrar a academia, atender as ligações, fazer cadastro dos novos alunos, controlar a grade de professores, no geral é isso.

- Parece bom, mas nunca trabalhei antes... Não sei fazer nenhuma dessas coisas.

- Tudo bem Jasmim, você aprende, não tem muito segredo e o salário é razoável, e então?

- Por mim está perfeito.

Varias horas depois estávamos na casa da Ana, Danny estava lá também, como herói, sendo mimado pelos pais dela, coisa que não deixou minha amiga muito feliz. Meu estomago dava voltas de tanta fome. A Ana me puxou em um canto enquanto o resto da casa babava no Daniel.

- Acaiah, se perguntarem você desligou o telefone na cara da minha mãe, porque os seqüestradores te ligaram e mandaram você não falar com ninguém, aí quando você percebeu que minha mãe estava desconfiada, você desligou.

- Porque os seqüestradores iriam me ligar? Nunca ouvi falar de casos, onde ligam para a melhor amiga em vez da família.

- Porque eles estavam rondando o colégio e sempre nos viam juntas a idéia deles era pegar você também, mas como Gabe estava com você, eles não conseguiram. – Ela falava dos “seqüestradores” como se eles realmente existissem. – Agora vamos voltar para a sala.

- Ana! – Segurei seu braço.

- Diga.

- Obrigada, por ter segurado Michael... – Não consegui terminar, a abracei.

- Você faria o mesmo por mim, estava me irritando aquele cara te batendo, mas precisei fingir que ainda estava dormindo.

- Ele fez alguma coisa com você?

- Não Acaiah, ele só me dopou, você agüentou o pior, lhe garanto. – Aquilo era um alivio, não queria que ela tivesse passado por tudo aquilo também. – Amiga, choquei, você matou o cara, essa é a minha garota. – Sorri para isso, era tão Ana.

- Meninas o jantar sai em meia hora, se quiserem podem subir com os meninos. – Disse tia Su.

Foi o que fizemos, nós quatro, fomos para o quarto da Ana. Os meninos ficaram de pé, nós duas nos jogamos na cama. Só ali havia pensado direito no que a Ana havia me dito, como ela sabia que eu tinha matado o Michael?!

- Ana, como você sabe sobre o Michael?

- Depois do ocorrido, Danny me contou tudo.

- Contou? – Não que eu não quisesse que ela soubesse, mas ele passou tanto tempo escondendo tudo dela, assim como Gabe de mim, que parecia pouco provável.

- Sim. Você sabia que os sugadores podem ter filhos com humanos e que esses filhos nascem normais, quer dizer humanos também? – Não, eu não sabia disso. – Para alguém nascer assim, tem que ter o pai e a mãe sugadores, legal né? Nós duas em um futuro muito distante vamos poder ter filhos. – Danny, ficou vermelho, Gabe não segurou o riso e meu queixo caiu, como ela sabia de tudo isso?!

- Ana, eu nem tinha pensado nisso. – Não tinha mesmo, mal conseguia lidar com o fato de ter matado o Michael, quanto mais ter filhos com Gabe.

- Eu me preocupo com tudo Acaiah. – Não duvidava disso. – O Danny tem uns 160 anos sabia?

- Não. – Porque Gabe não era como o Daniel e me explicava todas essas coisas?!

- Pois é, descobri que a melhor amiga do Gabe é a Beth, mas nem se preocupe ela é lésbica e está meio afim de mim.

- Beth? A de cabelo curto preto e olhos azuis?

- Ela mesma. – Disse a Ana toda sorridente.

- Como assim meio afim de você?

- Ela deu umas indiretas para a Ana. – Disse Danny.

- Se conheço a Beth, não foram indiretas, foram diretas mesmo. – Disse Gabe.

- Ela é sua melhor amiga? – Perguntei a ele.

- É. Beth me ajudou muito quando... Ela me ajudou muito.

- Você não me contou nada disso. – Estava frustrada.

- Não tive tempo Jasmim, só isso. – Danny tinha achado tempo, mas não reclamei mais sobre isso.

- O filho do Luke e da Júlia, Juliano, foi assassinado por caçadores. – Disse a Ana, entrei em choque, Deus como ela sabia disso tudo?! – Não me olhe assim Acaiah, eu socializo, você não, conversei um pouco com cada um deles.

- Não creio que nenhum deles queira socializar comigo, depois que matei o Michael.

- Isso passa Jasmim. – Disse Danny.

- Assim espero. – Respondi.

- Pessoal o jantar está pronto. – Gritou a Luiza, irmã da Ana.

- Estamos indo Lú. – Respondeu a Ana, com pouca vontade. – Droga, queria te contar todo o resto Acaiah.

- Como assim todo o resto?

Não fiquei sabendo a resposta disso, todos nós descemos e nos sentamos à mesa, havia uma maravilhosa lasanha quentinha no meio dela. Gabe sentou ao meu lado, nós ficamos de frente para a Ana e para o Danny, meu pai ficou do meu ouro lado e os pais da Ana um em cada ponta da mesa, a irmã dela não ia jantar, estava esperando o pai de uma amiga vir buscá-la, Luiza ia dormir lá. Assim que sentamos ouvimos uma buzina.

- Mãe, pai, estou indo.

- Comporte-se Luiza. – Disseram os dois. – Tenha muito cuidado filha.

O jantar correu bem, nada sobre o suposto seqüestro era dito, tia Su não comentou sobre eu ter desligado o telefone na cara dela, aparentemente estavam todos tão felizes e aliviados por ter a Ana em casa, que não quiseram tocar nesse assunto. Nem sobre a minha internação falaram, incrivelmente nossas vidas pareceram normais por vinte minutos, mas nada é normal comigo, alguma coisa sempre dá errado.
A mãe da Ana servia a sobremesa que era pudim, parecia estar uma delicia. Tio Roberto e meu pai, não paravam de falar, acho que ninguém estava prestando muito atenção neles, não até aquele momento pelo menos.

- Alberto você faz o que nas horas livres? – Era normal ele perguntar aquilo, meu pai nunca falava com ninguém, provavelmente só falava com os Werner sobre mim. Sabia que ele tinha alguns amigos no boliche, mas nunca os havia visto.

- Gosto de caçar. – Meu coração parou, melhor, quatro corações naquela mesa pararam, nos entreolhamos e estavam todos confusos. Algo me dizia que meu pai não caçava ursos.

- Tem caçado muito? – Perguntou o pai da Ana.

- Não recentemente, mas um caçador é sempre um caçador, achar à presa é questão de tempo.

Segurei a mão de Gabe por debaixo da mesa, as minhas mãos estavam frias, completamente geladas, mas ele precisava saber que eu estava ali.


FIM

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